A Operação Lama Asfáltica não é a única causa de dor de cabeça para André Puccinelli (MDB), que começou a percorrer o Estado como pré-candidato ao Governo e o lema “MS Maior e Melhor”. Neste mês, a Justiça Federal negou pedido do ex-governador para desbloquear R$ 2,5 milhões porque seriam de natureza salarial.[adrotate group=”3″]
Na ação por improbidade administrativa, que tramita na 1ª Vara Federal de Campo Grande, Puccinelli responde a processo por causa de reunião gravada em 2012. Na ocasião, ele fazia chamada dos funcionários comissionados para indicar o candidato a vereador que deveriam votar.
Conforme vídeo divulgado na época, o emedebista, que fazia campanha pela eleição do ex-deputado federal Edson Giroto para prefeito de Campo Grande, dividiu os comissionados entre os seus candidatos favoritos na disputa de uma das 29 vagas na Câmara Municipal.
O Ministério Público Federal pediu a condenação de Puccinelli porque as reuniões tinham caráter obrigatório e intimidatório, com ameaças claras de exoneração caso algum funcionário não respondesse à chamada feita pessoalmente pelo ex-governador.
O vídeo foi divulgado pelo jornal Midiamax e teve repercussão na campanha de Giroto, que perdeu o segundo turno para Alcides Bernal (PP), mesmo tendo apoio do governador e do então prefeito da Capital, Nelsinho Trad (PTB).
Em despacho publicado no dia 1º deste mês, o juiz Renato Toniasso, da 1ª Vara Federal, nega pedido do ex-governador para suspender o bloqueio por se tratar de verba de natureza salarial. Ele também rejeitou pedido do MPF para reter 35% do salário do emedebista, que recebe aposentadoria de deputado estadual no valor de R$ 11,4 mil.
No despacho, o magistrado cita um outro bloqueio, de ação que tramita em sigilo, e determina que a decisão do fim do bloqueio suba para o Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
Puccinelli está com os bens bloqueados em três operações da Lama Asfáltica, como Fazendas de Lama (R$ 43,6 milhões), Máquinas de Lama (R$ 100 milhões) e Papiros de Lama (R$ 160 milhões).
Ele ainda é réu na primeira ação penal da Lama Asfáltica, onde é acusado de chefiar uma organização criminosa que causou prejuízos de R$ 142 milhões aos cofres públicos.
Uma outra ação de improbidade administrativa cobra o ex-governador pela não aplicação de R$ 274 milhões em saúde, como determina lei federal.
No entanto, as denúncias não atrapalharam os planos de André Puccinelli, que é unanimidade no seu partido para ser o candidato a governador.
A recepção do eleitorado não lhe desanimou no último fim de semana. Ele foi recebido com aplausos e gritos de “volta André” nas reuniões realizadas em Costa Rica e Coxim.
No entanto, o staff do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), dá como certa a desistência do ex-governador. O grupo trabalha para ter o MDB com aliado nas eleições deste ano, quando o tucano disputará a reeleição.
Aliados de André e Reinaldo insistem em descartar a candidatura a governador do juiz federal Odilon de Oliveira (PDT), que vem liderando as pesquisas. Eles apostam que o magistrado desiste por não contar com estrutura para disputar o executivo.
Odilon tem se encantando com a recepção do eleitorado e insistido que não desiste. “Sou pré-candidato a governador”, repete o juiz, dia sim, e o outro dia também.
O cenário é composto pelos pré-candidatos a governador pelo PT, Humberto Amaducci, ex-prefeito de Mundo Novo, e pelo Podemos, Cláudio Sertão.
“Foi uma simples reunião política”, enfatiza defesa de ex-governador
Na defesa apresentada à Justiça Federal, o ex-governador André Puccinelli nega que tenha coagido os eleitores a votar em Giroto e nos candidatos a vereador.
No mérito, ele defende, em síntese, que “foi uma simples reunião política com a presença de militantes partidários, fora do horário de expediente e na sede de um partido político, sem qualquer coação a quem quer que seja.”
No entanto, a defesa do emedebista tem como principal linha a “incompetência absoluta”da Justiça federal para julgar o caso.