Milionário e dono de 30 imóveis, inclusive de apartamento de R$ 350 mil em Brasília (DF), o senador Pedro Chaves (PSC) ganha auxílio-moradia de R$ 5,5 mil. Só para ganhar o equivalente ao penduricalho pago ao parlamentar sul-mato-grossense, um trabalhador comum deve trabalhar 1.008 horas, ou seja, cinco meses e 16 dias consecutivos.
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Famoso por fazer o Estado de Mato Grosso do Sul passar vergonha em nível nacional, o senador é destaque do jornal Folha de S.Paulo desta segunda-feira. Ele e mais 12 parlamentares recebem o auxílio mesmo tendo imóvel próprio em Brasília.
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A polêmica do auxílio-moradia começou com os juízes, que recebem a benesse mesmo residindo em casa própria. Ganhou ares de escândalo com o juiz Marcelo Bretas, condutor da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, que recorreu à Justiça para ter direito ao auxílio-moradia, apesar da esposa, também juíza, já receber o benefício.
O juiz Sérgio Moro, paladino da moralidade e responsável pela Lava Jato no Paraná, defendeu o auxílio-moradia como forma de compensar a falta de reajuste nos salários da magistratura. O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) informou que a maior parte dos juízes recebe acima do teto constitucional e a média salarial supera R$ 40 mil.
Hoje, a polêmica chegou ao Congresso Nacional. Treze deputados e senadores possuem casa em Brasília, mas recebem a ajuda de custo.
Pedro Chaves é o único de Mato Grosso do Sul a integrar a lista. Ele é um dos congressistas mais ricos do País. Conforme declaração feita à Justiça Eleitoral em 2010, quando era suplente de Delcídio do Amaral , ele declarou patrimônio oficial de R$ 69,3 milhões.
Além disso, o jornal paulista descobriu que Chaves pagou R$ 350 mil em um apartamento no Distrito Federal em abril do ano passado.
Mesmo tendo apart-hotel próprio – afinal, ele aposta que será reeleito em outubro deste ano e vai continuar morando em Brasília – Pedro Chaves ainda suga os cofres públicos ao exigir o pagamento de R$ 5,5 mil de ajuda de custo para bancar a moradia na cidade.
O problema é que o Brasil enfrenta a maior crise da sua história e os políticos buscam meios de reduzir o custo da máquina.
Só que o maior problema é que buscam tirar o pouco de quem já possui muito pouco. O presidente Michel Temer (MDB), aliado de Pedro Chaves, cortou o auxílio-doença e vem restringindo ao máximo a concessão do seguro desemprego.
A próxima grande batalha do governo é a reforma da previdência, que pretende penalizar ainda mais quem ganha pouco.
No entanto, não reduz os gastos nababescos de deputados, senadores e ministros. Apenas para ganhar o auxílio moradia pago no mês a Pedro Chaves, o trabalhador comum precisa trabalhar por quase seis meses, ou seja, 1.008 horas para ter direito a R$ 5,5 mil. Contabilizando sábados e domingos, o tempo seria de 172 dias, quase seis meses.
Caso o milionário senador destinasse o valor do auxílio-moradia para ajudar os miseráveis castigados pela seca no Nordeste brasileiro, poderia ajudar 32 famílias com R$ 170 mensais através do programa Bolsa Família.
Além do auxílio-moradia, o senador recebe salário R$ 33.736 e mais ajuda de custo de R$ 30,8 mil a R$ 45,6 mil para as despesas com aluguel de escritório, combustível, alimentação, etc. para completar a farra, mais R$ 102 mil para pagar salário dos assessores.
E ainda discute medida para resolver o problema tendo o pobre trabalhador como culpado da crise nacional.
Enquanto isso, a corrupção segue impune e, pasmem, Michel Temer planeja usar o dinheiro público em publicidade para não sair da presidência com a imagem de bandido, considerando-se que foi acusado pelo MPF de corrupção passiva, obstrução da Justiça e de chefiar organização criminosa.
Não tem como rir da tragédia brasileira, porque não é nada cômica.
Senador diz que usa benefício para mandato, apesar de estar entre os cinco mais ricos
O senador Pedro Chaves minimiza a polêmica e se apresenta como um “não político” para defender o benefício. Mesmo admitindo estar entre os cinco mais ricos do Congresso, ele destaca que o auxílio-moradia “é do mandato”.
Confira a nota na íntegra:
“Há vinte meses como senador da República, Pedro Chaves está novamente em polêmica, graças a postura de estar na política, “sem ser naturalmente um político”.
Mesmo sob pressão pelo questionamento de órgãos de imprensa e de parte da população quanto ao acesso que optou pelo auxílio-moradia, o parlamentar destaca que está ciente da estrutura de dispõe para servir a nação. Entre os cinco mais ricos do Senado, ele lembra ainda que o dinheiro desse fim não é para ele, ou atividade pessoal e sim para o mandato.
“O utilização do auxílio trata-se de um direito conferido ao mandato, que inclusive está divulgado no Portal da Transparência. Vale lembrar que o recebimento provem da não utilização de imóvel funcional, como é o meu caso.
Por isso, tive a tranquilidade para responder essa questão, pois não há qualquer irregularidade, improbidade ou fato que seja fora do comum como tentaram veicular a respeito. Tudo da minha atividade parlamentar é informado em prestação de contas e toda estrutura que disponho serve para o melhor serviço possível ao povo brasileiro e a Mato Grosso do Sul”, destaca o senador.
A própria Mesa Diretora da Casa de Leis se prontificou a defender Chaves da onda de ataques referente o benefício. Em nota citou que “não há ilegalidade em seu caso, uma vez que o Ato não veda o pagamento do auxílio-moradia aos Senadores que possuem imóvel em Brasília e assim disciplina a matéria”.