Até o momento, nenhum acusado de desviar R$ 27 milhões só do Hospital do Câncer foi condenado pela Justiça. A impunidade pode ser uma das principais causas que levou outra “máfia” a atuar, de novo, nos hospitais Universitário e Regional de Mato Grosso do Sul. Nova operação da Polícia Federal apura o desvio de R$ 3,2 milhões dos dois hospitais públicos de Campo Grande.
A Operação Again, que significa novamente, mobiliza 100 policiais federais e funcionários da CGU (Controladoria Geral da União) no cumprimento de 20 mandados de busca e apreensão em 20 locais de Campo Grande, Dourados e Belém (PA). Dois investigados, que não tiveram os nomes revelados, vão ser monitorados por meio de tornozeleira eletrônica.
A organização criminosa, de acordo com a PF, faturava por meio de sobrepreço, desvio de produtos hospitalares para clínicas particulares e aquisição de materiais de baixa qualidade. O dinheiro desviado era do SUS (Sistema Único de Saúde).
De acordo com o site Top Mídia News, os R$ 3,2 milhões desviados referem-se a R$ 6 milhões analisados, ou seja, mais da metade do total analisado pela CGU.
Enquanto criminosos faturam com o dinheiro público, parte da população sofre via crucis para ser atendida em hospitais públicos da Capital, que alegam não ter dinheiro para dar um atendimento médico ideal e decente. Sem falar nos pacientes que morrem em leitos improvisados em postos de saúde por falta de vaga nos hospitais.
A impunidade no combate à corrupção, um mantra no Brasil que começa com o presidente da República, Michel Temer (MDB), pode ter incentivado o grupo a manter o modus operandi em atuar nos hospitais.
Há cinco anos, em março de 2013, a PF deflagrou a Operação Sangue Frio, que constatou desvios milionários de recursos públicos nos hospitais do Câncer e HU.
O MPF denunciou os envolvidos e apontou desvio de R$ 27 milhões pelo então diretor-presidente do Hospital do Câncer, Adalberto Siufi, sua filha, Betina Moraes Siufi Hilgert, Issamir Farias Saffar e Blener Zan. A Justiça Federal decretou a indisponibilidade de R$ 116,1 milhões, sendo R$ 29,025 milhões para cada.
Só que o bloqueio não conseguiu atingir esta quantia. Em dos despachos, a Justiça calculou que tinha bloqueado R$ 2,3 milhões de Adalberto e R$ 14,7 milhões de Betina. No entanto, com a liberação de bens de família, dois imóveis avaliados em R$ 5 milhões, o montante bloqueado dela foi reduzido.
Com exceção do bloqueio, até o momento, cinco anos depois, nenhum dos envolvidos na suposta “máfia do câncer” foram condenados.
E agora, a PF descobre um novo grupo, que usa o mesmo esquema para desviar dinheiro público de dois hospitais e levar, conforme o endereço alvo da operação, vida de alto padrão.
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