A Polícia Federal concluiu um dos inquéritos e indiciou 25 pessoas na Operação Papiros de Lama, 5ª fase da Lama Asfáltica. Pela primeira vez, além do ex-governador André Puccinelli (PMDB), acusado de chefiar a suposta organização criminosa, houve o indiciamento da ex-secretária estadual de Educação, Maria Nilene Badeca da Costa.[adrotate group=”3″]
Desencadeada em 14 de novembro do ano passado, a operação chegou cumprir mandado de prisão preventiva contra o ex-governador, o seu filho, o professor universitário André Puccinelli Júnior, e dos sócios do Instituto Ícone, João Paulo Calves e Jodascil Gonçalves Lopes. Eles foram soltos pelo desembargador Paulo Fontes, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
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O inquérito teve sete volumes e foi encaminhado para a 3ª Vara Federal de Campo Grande, que apesar de ser a responsável pelo julgamento da maior operação de combate à corrupção em Mato Grosso do Sul, segue sem juiz titular e substituto. O último nomeado para a unidade, juiz Fábio Magajewski Luparelli, emendou férias em licença para estudos e não vai retornar mais.
Confira os 25 indiciados pela PF
- André Puccinelli
- Maria Nilene Badeca da Costa
- Jodascil da Silva Lopes
- Micherd Jafar Júnior
- Rossana Paoschi Jafar
- André Luiz Cance
- Ivanildo da Cunha Miranda
- João Alberto Krampe Amorim dos Santos
- Elza Cristina Araújo dos Santos
- André Puccinelli Júnior
- João Roberto Baird
- Antônio Celso Cortez
- João Maurício Cance
- Jodascil Gonçalves Lopes
- João Paulo Calves
- Edson Giroto
- Edmir Fonseca Rodrigues
- Luiz Mário Mendes Penteado
- Domingos Sávio de Souza Mariuba
- Maria Wilma Casanova Rosa
- Wilson Cabral Tavares
- Luiz Cândido Escobar
- José Márcio Mesquita
- Flávio Miyahira
- Hélio Yudi Komiyama
Até o empresário Ivanildo da Cunha Miranda, o primeiro a aderir à delação premiada no Estado, também foi indiciado. Ele corroborou as revelações na colaboração premiada da JBS, que acusou o peemedebista de receber R$ 112 milhões em propinas. O empresário foi o responsável em pegar a propina em São Paulo e entregar ao ex-governador.Na quinta fase, a PF apontou indícios de desvio de R$ 85 milhões dos cofres públicos por meio de fraudes em licitações, pagamentos de propinas e superfaturamento de obras.
Outros indiciados em outras fases da Lama Asfáltica surgem novamente nesta etapa, como Micherd Jafar Júnior, dono da Gráfica Alvorada, João Amorim, da Proteco, João Roberto Baird, da Itel Informática, e o ex-deputado federal e ex-secretário de Obras, Edson Giroto.
Com a conclusão da investigação pela PF,o inquérito segue para manifestação do procurador regional da República, Davi Macucci Pracucho, que decidirá se pede novas diligências ou denuncia o grupo à Justiça.
Enquanto não há juiz designado para comandar a 3ª Vara Federal, os casos vão ser encaminhados para o titular da 6ª Vara Federal, Diogo Ricardo Goes Oliveira.
Os materiais apreendidos podem levar a abertura de novos inquéritos, como ocorreu nas fases anteriores, como Fazendas de Lama e Máquinas de Lama. Só a Operação Aviões de Lama não teve desdobramento porque era focada na venda de aviões apreendidos pela Justiça por Amorim e Giroto.
O MPF já protocolou seis ações penais na Operação Lama Asfáltica, sendo cinco contra Giroto. Puccinelli só tem uma até o momento. Amorim é réu em três ações.
Conforme informações divulgadas até o momento, a Justiça Federal determinou três bloqueios dos acusados de integrar a organização criminosa, que somam R$ 303 milhões.
Puccinelli rechaça as denúncias e garante que vai provar a inocência. Ele pretende usar a campanha eleitoral a governador para se defender das denúncias.
No entanto, a cada nova operação, a situação do peemedebista se deteriora perante o Poder Judiciário. Em julho de 2015, o juiz Dalton Kita Conrado negou o pedido do MPF e da PF para decretar a prisão do ex-governador.
Em maio de 2016, a juíza substituto Monique Marchioli Leite, determinou a condução coercitiva para o peemedebista ser ouvido pelo delegado. Na ocasião, ele informou os repórteres que teria ido fazer uma “visita de cortesia” para saber porque os policiais federais fizeram busca em seu apartamento.
Em maio do ano passado, a mesma juíza determinou a colocação de tornozeleira no peemedebista na condição de pagar fiança de R$ 1 milhão. Ele chegou a ser monitorado por uma semana enquanto a Justiça divergia se o dinheiro poderia ser retirado ou não do patrimônio bloqueado no ano anterior. O TRF3 mandou tirar o dinheiro das contas bloqueadas e o fim do monitoramento eletrônico.
Em novembro deste ano, o juiz federal Ney Gustavo Paes de Andrade, designado para substituir Luparelli, decretou a prisão preventiva de Puccinelli. Paulo Fontes interrompeu o descanso para liberá-lo ainda no feriado da Proclamação da República.
Novo juiz da 3ª Vara Federal na Capital vai definir futuro da Lama Asfáltica
O TRF3 já começou o processo para definir o novo juiz titular da 3ª Vara Federal Especializada no Combate à Lavagem de Dinheiro de Campo Grande. O cargo será estratégico para definir o futuro da Operação Lama Asfáltica, maior operação de combate à corrupção no Estado.
O cargo está vago desde 5 de outubro do ano passado, quando o juiz federal Odilon de Oliveira se aposentou para entrar na política e se lançar pré-candidato a governador.
No início, os processos ficariam com o juiz substituto Fábio Luparelli. No entanto, ele se afastou ao entrar de férias e emendar com a licença para estudos. O magistrado não deve mais voltar para a 3ª Vara.
Ney Gustavo estava designado para ficar até o início deste ano. No entanto, também entrou de férias e acabou substituído por Rodrigo Boaventura Martins, que permaneceu até o fim do ano.
O titular da 3ª Vara definirá a sorte dos acusados de integrar a suposta organização criminosa. A investigação envolve os empresários e políticos mais poderosos nas últimas duas décadas da política sul-mato-grossense.
Ele poderá ser a versão sul-mato-grossense do juiz paranaense Sérgio Moro ou do carioca Marcelo Bretas, responsáveis pela Operação Lava Jato.
Também pode ser, para alívio dos envolvidos, a versão pantaneira do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, que não prende os acusados alegando prezar mais pelo direito constitucional dos cidadãos do que pelo justiçamento.
1 comentário
TEM QUE PRENDER ESSES BANDIDOS