O empresário Marcos Tadeu Enciso Puga, dono da MP Engenharia, foi denunciado por receber propina de R$ 20 mil do empresário João Amorim para falsificar dados sobre as medições na MS-430. Ele cobrava a vantagem indevida apesar de receber R$ 1,537 milhão do Governo estadual para supervisionar a obra de pavimentação da rodovia.
Puga se tornou réu junto com o ex-governador André Puccinelli (PMDB), conforme a ação penal aceita pelo juiz substituto Rodrigo Boaventura Martins, da 3ª Vara Federal de Campo Grande. Eles são réus em ação por corrupção, fraude em licitações, peculato e organização criminosa, crimes investigados na Operação Lama Asfáltica.
A empresa de João Amorim ficou com quatro lotes, que totalizavam R$ 54,9 milhões para a pavimentação da MS-430, entre São Gabriel do Oeste e Rio Negro. Oito empresas tentaram participar da licitação, mas só uma Proteco foi habilitada.
A MP Engenharia venceu o certame para supervisionar e fiscalizar as obras em três rodovias estaduais (430, 162 e 010). No entanto, além de receber R$ 1,574 milhão da Agesul, o empresário recebia vantagens indevidas do grupo de Amorim para atestar os boletins das obras de açodo com os interesses da organização criminosa.
O procurador Davi Macucci Pracucho cita conversas interceptadas pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, para comprovar o pagamento da propina. As conversas foram gravadas entre Rômulo Tadeu Menossi,Elza Cristina Araújo dos Santos, Márcia Cerqueira, entre outros envolvidos no esquema.
Ele cita o famoso “cafezinho”, termo usado por Elza para pagar propina para agentes públicos, empresários e políticos.
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Na primeira ação penal, André é acusado de causar prejuízos de R$ 142 milhões
No dia 7 de janeiro de 2015, às 11h21, na gravação feita pela PF, a ex-secretária convida Puga para tomar “um cafezinho” no escritório de João Amorim. Logo após o empresário deixar o escritório, a Polícia Federal simula uma barreira, revista a caminhonete do empresário e encontra R$ 20 mil em dinheiro.
Marcos Tadeu Enciso Puga desconversa sobre a origem do dinheiro. Conforme os policiais, ele relatou que tinha sacado o dinheiro para trocar por euros, porque pretendia fazer uma viagem a França. Ele ainda relatou que o saque teria sido feito em dezembro em na Caixa Econômica Federal, mas “tinha esquecido” os R$ 20 mil escondidos dentro da caminhonete.
No mesmo dia, em nova conversa com Elza, às 17h36, ele se mostra enfurecido com o flagrante feito pela PF. “A Polícia Federal deveria ir para o Paraguai montar barreira, mas eles ficam na porta da fazenda”, lamentou-se. Elza acha graça e o empresário profere palavrões contra os policias.
“Em vez de caçar maconha e cocaína na casa do caraio, fica aí”, xingou. Para a PF e o MPF, não há dúvidas de que Puga recebeu propina.
A história consta da primeira ação penal contra o ex-governador André Puccinelli, que também foi acusado de receber vantagens indevidas. Ele teria viajado três vezes nos aviões de João Amorim e João Roberto Baird, o Bill Gates Pantaneiro. Há fotos do governador no hangar do aeroporto.
Já o ex-deputado Edson Giroto teria viajado seis vezes. Em uma das viagens, os policiais abordaram o deputado dentro do aeronave ao checarem denúncia anônima de que ocorreria um grande embarque de dinheiro. Eles vistoriaram o avião, confirmaram que era o deputado, mas não encontraram o dinheiro.
A Operação Lama Asfáltica já levou a Justiça Federal a bloquear R$ 303 milhões dos envolvidos no suposto esquema de corrupção.
Todos negam ter praticado qualquer irregularidade. O ex-governador André Puccinelli até confirmou, no mês passado, que será candidato a governador neste ano.