A denúncia da JBS, de que pagou R$ 38,4 milhões em propinas a Reinaldo Azambuja (PSDB), eleito com a fama de que nunca se envolveria em corrupção por ser milionário e segundo governador mais rico do País, foi apenas um dos casos inesperados e absurdos que causaram indignação da população sul-mato-grossense em 2017.
A outra bomba veio da Operação Lama Asfáltica, iniciada em 2015, que chegou a colocar tornozeleira por uma semana no André Puccinelli (PMDB), deputado estadual, prefeito da Capital e governador estadual por dois mandatos. Em novembro, o peemedebista teve a prisão preventiva decretada pela Justiça, passou uma noite no presídio e ainda foi acusado de chefiar organização criminosa que desvio R$ 235 milhões dos cofres estaduais.
A delação premiada da JBS jogou praticamente toda a classe política sul-mato-grossense na lama e envolveu Michel Temer (PMDB), o primeiro presidente denunciado por corrupção passiva, obstrução da Justiça e de chefiar organização criminosa. Ele foi gravado comprando o silêncio de Eduardo Cunha (PMDB), notório corrupto e já condenado a 14 anos de prisão por corrupção pelo juiz Sérgio Moro.
Quatro deputados federais – Elizeu Dionizio e Geraldo Resende, do PSDB, Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias (DEM) e Carlos Marun (PMDB) – ignoram a revolta da opinião pública e rejeitaram dois pedidos da Procuradoria Geral da República para julgar Temer pelos seus crimes. O quarteto da maldade seguiu unido na aprovação da Reforma Trabalhista, que eliminou direitos e deverá dificultar acesso dos trabalhadores à Justiça.
Na esfera estadual, a Força-Tarefa do MPE protocolou 11 denúncias por fraude, superfaturamento e desvio de recursos na operação tapa-buracos. O principal alvo é o ex-prefeito Nelsinho Trad (PTB), que nega as denúncias, mas enfrenta o pedido de bloqueio de R$ 2,9 bilhões.
A Operação Coffee Break, que apura a suposta compra de votos para cassar o mandato de Alcides Bernal (PP) em março de 2014, patina na Justiça. O juiz Márcio Alexandre Wust, da 6ª Vara Criminal, ainda não decidiu se aceita ou rejeita a denúncia, que envolve poderosos, como Puccinelli, Nelsinho, o ex-prefeito Gilmar Olarte, e o dono da Proteco, João Amorim.
A Justiça não é apenas morosa. O ano foi marcado pela ação da presidente do Tribunal Regional Eleitoral, desembargadora Tânia Garcia de Freitas Borges, para livrar da cadeia o filho, o empresário Breno Fernando Solon Borges, 38 anos, preso com 129 quilos de maconha, arma de fogo e munições de fuzil calibre 762. Ele também é acusado de vender armas de grosso calibre e ajudar na fuga do chefe de facção criminosa.
Diante de tanto escândalo e denúncias de corrupção, a população continua sofrendo com a falta de médicos e remédios nos postos de saúde. Crianças começaram as aulas na rede municipal sem uniformes e kits escolares.
Apesar de tudo, os políticos não só mantiveram os velhos hábitos, com usaram o prestígio obtido nas urnas para dar respaldo inovador aos costumes condenáveis.
Marquinhos contratou, sem licitação e por R$ 24 milhões, sete empresas para tapar os buracos na Capital. O irmão vem sofrendo desgastes por causa dos contratos milionários firmados no segundo mandato. E ainda culpou o Tribunal de Contas por intervir no certame.
O prefeito não fez licitação para escolher as fornecedoras dos uniformes, que custaram 81% mais e ainda foram entregues com atraso de cinco meses.
Enquanto o povo sofre as consequências da corrupção, os políticos não procuram garantir transparência, fim dos esquemas e assegurar à sociedade a certeza de que acabaram com os negócios escusos.
Quando se esperava que a situação não ficaria pior, centenas celebraram a indicação de Carlos Marun como ministro da Secretaria de Governo. Puccinelli confirmou que será candidato a governador pela terceira vez em 2018.
Azambuja posa de indeciso, mas o ex-chefe da Casa Civil, Sérgio de Paula, investigado em outro esquema de corrupção, percorre o Estado articulando a reeleição do amigo.
Como as coisas demoram no Brasil, quando o suspeito é milionário e poderoso político, as eleições de 2018 vão acabar se convertendo em uma espécie de julgamento final.
Somente aí poderemos dizer se o Brasil começou a mudar ou tudo continua na mesma, ou seja, aqui é a terra do herói sem nenhum caráter, eternizado no romance Macunaíma, que se reinventa a cada tempo.
Aliás, os partidos já deram o primeiro passo para mudar e continuar na mesma. O PMDB não afastou nenhum corrupto, mas mudou de nome para MDB.
1 comentário
Pmdb e Psdb são os partidos da comunhão de bens do povo brasileiro e não é uma santa ceia, pode ter certeza!!!!!