O deputado federal Carlos Marun (PMDB) ganhou a fama nacional ao assumir a defesa de corruptos notórios e ao não ter nenhum pudor em tentar impor as vontades do seu grupo político. Ele não virou motivo de orgulho para Mato Grosso do Sul somente porque virou ministro, como seus correligionários tentam nos fazer crer. Pelo contrário, continua sendo motivo da sociedade decente passar vergonha.
Nesta semana, o notório gaúcho, que fez carreira política nas administrações do ex-governador André Puccinelli (PMDB), voltou a causar polêmica ao fazer chantagem com os governadores. Como secretário de Governo de Michel Temer (PMDB), o primeiro presidente denunciado por corrupção passiva, obstrução da Justiça e de chefiar organização criminosa, ele recorreu a todas as armas para obter o quórum mínimo para aprovar a reforma da Previdência, que nem a própria base aceita voltar devido a imensidão do pacote de maldades.
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Marun exige que os governadores apoiem a proposta de Temer para obter financiamento dos bancos públicos, como a Caixa Econômica Federal. Ele não só confirmou a chantagem, como deu novo nome a prática, “ação de governo”.
Os nove governadores da região Nordeste reagiram à chantagem do ministro e anunciaram, em carta a Temer, que podem processá-lo pela prática “criminosa” e antirrepublicana.
Boquirroto e fanfarrão, Marun não se incomoda com as críticas. Pelo contrário, o ministro chega a debochar da população que o critica. Logo após Temer se livrar das denúncias de corrupção, o peemedebista fez a dança da impunidade na maior felicidade, rindo do povo brasileiro.
Em Campo Grande, antes de se tornar ministro, ele perdeu a compostura com um casal. O deputado chegou a ser gravado reagindo com fúria aos críticos.
Na última missão, como deputado, ele comandou a CPI da JBS e cumpriu o seu papel a risca: transformar os responsáveis pela investigação em criminosos e criar fatos para reforçar a defesa do presidente Temer.
Marun contou com a ajuda dos jornais e emissoras de televisão para ganhar os holofotes. Em um dia, para ganhar as manchetes, indiciou e pediu a prisão do ex-procurador geral da República, Rodrigo Janot. No outro, contente com a trapalhada, mandou avisar que desistiu de pedir a prisão do algoz do “corrupto” presidente.
Antes de se tornar Pit Bull do presidente, ele assumiu a defesa do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), acusado de corrupção nos últimos 30 anos e condenado a 14 anos pelo juiz Sérgio Moro.
Com o amigo preso, não só foi visitá-lo na cadeia, como usou o dinheiro do contribuinte para pagar as passagens e o hotel em Curitiba, onde Cunha está preso. Descoberto pela mídia, prometeu devolver o dinheiro.
No entanto, desde que passou a ser cotado para ministro, os correligionários sul-mato-grossenses passaram a idolatrá-lo como um dos grandes políticos sul-mato-grossenses dos últimos tempos.
Apesar de só ter uma ação na Justiça, por improbidade administrativa como presidente da Agehab, a comparação deve ter feito o senador Ramez Tebet (PMDB) se revirar no túmulo.
Afinal de contas, deve ter ficado com muita vergonha, porque ser comparado a Marun depois de ganhar fama nacional por enfrentar Antônio Carlos Magalhães, a versão baiana do gaúcho, só deve ser motivo de vergonha para quem tem o mínimo de decência.
Dois pontos positivos
Com a posse como ministro, Carlos Marun não deve disputar a reeleição e livra o sul-mato-grossense do vexame dele ser reeleito, apesar de tudo o que defendeu até o momento.
O suplente na Câmara dos Deputados, Fábio Trad (PSD), ex-presidente da OAB/MS, parece ser mais qualificado para o mandato.