Acusado de chefiar uma organização criminosa especializada em desviar recursos públicos e após ter a prisão preventiva decretada pela Justiça Federal, o ex-governador André Puccinelli (PMDB) anunciou, na manhã desta sexta-feira, que aceita ser candidato a governador em 2018.
Com a decisão, o peemedebista procura reconstruir a imagem de “mito” da política regional, desconstruída pelas cinco fases da Operação Lama Asfáltica, onde é acusado de desviar R$ 235 milhões dos cofres estaduais, e pelo uso de tornozeleira eletrônica por uma semana e prisão preventiva.
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O ex-governador luta com todas as armas para não ser a versão sul-mato-grossense do ex-governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, preso há um ano e alvo de 19 ações penais. Puccinelli ainda não é alvo de nenhuma ação penal em decorrência da Lama Asfáltica, iniciada oficialmente em julho de 2015.
O lançamento oficial da pré-candidatura, com a presença do ministro Carlos Marun, secretário de Governo de Michel Temer (PMDB), o primeiro denunciado por corrupção e de chefiar organização criminosa, eleva a pressão contra a Polícia Federal e o MPF (Ministério Público Federal).
Os órgãos serão acusados de atuar para beneficiar os adversários do peemedebista, porque vão começar a concluir as investigações e propor as primeiras ações criminais em 2018, ano eleitoral.
Teoricamente, os beneficiados pela conclusão das investigações serão o juiz federal Odilon de Oliveira (PDT), que lidera as pesquisas para o Governo, e o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que disputa com Puccinelli vaga no segundo turno.
O tucano ainda não oficializou a disputa da reeleição, apesar de agir como candidato. Reinaldo vem lançando e inaugurando obras em todos os municípios do Estado e intensificou a milionária campanha de comunicação do Governo.
O ex-chefe da Casa Civil, Sérgio de Paula, exonerado após os boatos do vídeo envolvendo cobrança de propina no Governo, vem articulando o apoio ao governador. Ele se reúne com vereadores e lideranças políticas para saber o que é necessário para recuperar a popularidade de Reinaldo, em terceiro na disputa.
Puccinelli destacou, na manhã de hoje, que está pronto para a campanha e acabar com as dúvidas. Ele prometeu uma campanha “ética” e “limpa”.
Com os bens bloqueados por três ações e “sobrevivendo” apenas da aposentadoria de R$ 11,4 mil da Assembleia Legislativa, o ex-governador contará com o PMDB, do qual é presidente regional, para percorrer o Estado e impulsionar a pré-campanha.
André vai apostar no antigo lema, que manteve Paulo Maluf (PP), preso por determinação da Justiça após 20 anos, com o poder nas mãos em São Paulo por muitos anos: “rouba, mas faz”.
A principal arma do peemedebista será a lentidão da Justiça Federal de Mato Grosso do Sul, onde ações se arrastam por até mais de uma década.
“Inocente”, André poderá recorrer à fama de bom gestor, como prefeito de Campo Grande, para enfrentar Reinaldo, e a experiência para bater de frente com Odilon.
Como gestor estadual, o ex-governador tem as obras bilionárias, como recapeamento e pavimentação de rodovias que viraram pó um ano após a inauguração.
O Aquário do Pantanal, obra emblemática e que já custou R$ 234 milhões aos cofres públicos, promete um debate a parte. Envolvida em denúncias de corrupção, o empreendimento se tornou exemplo de como, digamos, gastar o dinheiro público.
Os pré-candidatos a governador de MS
André Puccinelli (PMDB): ex-secretário estadual de Saúde, ex-deputado estadual, ex-deputado federal, ex-prefeito da Capital por dois mandatos e ex-governador por duas ocasiões
Cláudio Sertão (Podemos): empresário
Odilon de Oliveira (PDT): promotor de Justiça, juiz estadual e juiz federal por três décadas
Humberto Amaducci (PT): ex-prefeito de Mundo Novo
Reinaldo Azambuja (PSDB): ex-prefeito de Maracaju por dois mandatos, ex-deputado estadual, ex-deputado federal e governador do Estado