Depois de quatro anos de crise, em decorrência do entra e sai de prefeito e da caçada implacável promovida por Alcides Bernal (PP), a Solurb não só foi salva por Marquinhos Trad (PSD), como iniciou uma fase de ouro. Só neste ano, a prefeitura deverá repassar R$ 101,4 milhões à concessionária.
A partir do segundo semestre de 2018, os moradores da Capital vão passar a pagar a taxa do lixo, instituída neste ano, na conta de água. Somente três vereadores – André Salineiro (PSDB), Vinicius Siqueira (DEM) eLoester Nunes, o Dr. Loester (PMDB) – votaram contra a criação da nova contribuição.
Veja mais:
Vereadores ignoram povo e aprovam taxa do lixo, de Marquinhos, na conta de água
A eleição de Marquinhos foi um alívio para a Solurb, consórcio formado pelas empresas Financial Construtora Industrial e LD Construções, que venceu a licitação em 2012, último ano da gestão de Nelsinho Trad (PTB).
Bernal desconfiou da concorrência, feita no apagar das luzes, e decidiu usar lupa para olhar para a empresa. Além de suspender o repasse, ele promoveu auditoria nos serviços prestados. Relatório divulgado pelo progressista revelou que a concessionária praticava irregularidades absurdas, como cobrar pelo corte de grama na Rua Ceará, totalmente pavimentada, calçada e sem canteiro central.
A suspensão irritou João Amorim, dono da Proteco, poderoso empresário e influente nas gestões do PMDB, sob o comando de André Puccinelli e Nelsinho Trad. A deputada estadual Antonieta Amorim é irmã do empresário e ex-mulher de Nelsinho.
Interceptações feitas pela Polícia Federal flagraram João Amorim intercedendo pela Solurb, não deixando dúvidas de que tem mais interesses na concessionária do que o genro, Luciano Dolzan, o sócio oficial.
O ápice ocorreu no apagar das luzes da gestão de Bernal, que decidiu anular o contrato com a Solurb. A empresa recorreu à Justiça para manter a concessão e encontrou em Marquinhos um aliado, já que ignorou as irregularidades constatadas pela auditoria e encerrou a briga para manter o rompimento.
Só neste ano, conforme o Portal da Transparência do Município, de janeiro até hoje, a prefeitura empenhou R$ 101,465 milhões para a Solurb. Deste montante, já foram pagos R$ 62,9 milhões.
Em 2015, na gestão de Gilmar Olarte (sem partido), o repasse somou R$ 37,5 milhões. Amorim e o ex-prefeito acabaram denunciados na Operação Coffee Break, junto com outros 22 políticos e empresários, acusados de dar o golpe para manter supostos esquemas no município.
O portal não disponibilizou as informações dos anos anteriores. Contudo, não há dúvidas que somente 2012 foi melhor que 2016 para a responsável pela varrição de áreas públicas e coleta de resíduos sólidos.
A partir de 2018, o contribuinte vai pagar a taxa do lixo, que será específica para manter o contrato bilionário com a empresa.
No entanto, algumas empresas e instituições, como a Fiems, ingressaram com mandado na Justiça para não serem obrigados a pagar pelo serviço de coleta. Os pedidos ainda não foram julgados pela Justiça.
Já o cidadão comum, que esperava contar com o apoio dos vereadores…