As últimas pesquisas de opinião para sondar o humor do eleitorado sobre as eleições de 2018 revelam que o eleitor ignora as denúncias de corrupção e os protagonistas dos escândalos de corrupção obtêm boa colocação nas disputas para as vagas de senador e governador de Mato Grosso do Sul. Para esperança de uns e desencanto de outros, os dados devem ser depurados com a campanha eleitoral, que promete ser a mais agressiva dos últimos tempos para expor o pior dos candidatos.
O Ipems/Correio do Estado ampliou o universo da pesquisa na esperança de diluir o avanço da candidatura do juiz federal Odilon de Oliveira (PDT). Em outras campanhas, o instituto auferia a intenção de voto apenas na Capital e nas principais cidades. Neste ano, inovou ao ampliar para os 50 municípios. Nesta terça-feira, entrevistou eleitores nos 79 municípios.
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Além de assumir a liderança nas simulações de primeiro turno, Odilon já desponta como vencedor no segundo turno. No entanto, o ex-governador André Puccinelli (PMDB), acusado de chefiar uma organização criminosa que desviou R$ 235 milhões dos cofres públicos e até preso preventivamente, segue como principal nome do PMDB e com condições de ir para o segundo turno.
O governador Reinaldo Azambuja (PSDB), investigado em dois inquéritos por corrupção no Superior Tribunal de Justiça e acusado de receber R$ 38,4 milhões em propinas da JBS, apesar de ser milionário, não é carta fora do baralho.
De acordo com o Ipems, no principal cenário, Odilon tem 32,5%, André surge com 24,58%, Reinaldo fica com 23,17%. O pelotão coadjuvante conta com Ricardo Ayache (PSB), com 3,60%, Humberto Amaducci (PT), com 0,42%, e Cláudio Sertão (Podemos), com 0,22%.
Nas simulações de segundo turno, Odilon venceria Puccinelli por 39,58% a 32,4%, enquanto venceria o tucano, por 39,37% a 35,26%.
Vale deixar claro ao eleitor que a pesquisa foi encomendada pelo Correio do Estado, do empresário Antônio João Hugo Rodrigues, que defende a candidatura de André.
A disputa das duas vagas de senador fica ainda mais interessante. Alvo de ações por fraude na operação tapa-buracos e outras irregularidades, Nelsinho Trad (PTB) passeia nas simulações feitas pelo Ipems e pelo Ranking. Se a eleição fosse hoje, apesar de tudo, o ex-prefeito estaria eleito para o Senado.
Pelo Ipems, Nelsinho teria 39,57%. A segunda vaga ficaria com o deputado federal Zeca do PT, que obteve 31,20%, apesar de estar inelegível por ter sido condenado em segunda instância na farra da publicidade e ser alvo de inquéritos no Supremo em decorrência das delações da Odebrecht e da JBS.
O terceiro colocado é o senador Waldemir Moka (PMDB), defensor de Michel Temer (PMDB), e do senador Aécio Neves (PSDB), acusados de vários crimes de corrupção e obstrução da Justiça. O peemedebista causou a indignação de parte do eleitorado ao votar contra o afastamento do tucano, mas ficou com 25,53% nas intenções de voto para 2018.
Pedro Chaves (PSC), o senador sem voto e trapalhão, que virou piada nacional ao orientar a bancada a votar contra e votar a favor de Aécio, ficou com míseros 3,10%.
Além de ficar famoso por salvar o mandato de Aécio, o substituto de Delcídio do Amaral é amigo de primeira hora de Michel Temer, um dos poucos a não ter vergonha de posar para fotos ao lado do peemedebista.
Aqui vale citar a pesquisa Ranking. No levantamento feito em 17 cidades, a intenção de voto em Chaves triplicou entre outubro e dezembro, de 4,76% para 12,83%. Ele fica na frente de Moka, que passou de 6,13% para 10,73%.
Com a saída de Odilon do cenário, Nelsinho também viu dobrar a intenção de voto, de 15,20% para 30,7%. Zeca subiu de 15,20% para 21,7%.
Chaves e Nelsinho buscam candidatos a governador competitivo para compor a chapa majoritária. O ex-prefeito aposta no prestígio do irmão, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) para conquistar Odilon, que se veria obrigado a engolir o próprio discurso de que não se coligará com suspeitos de corrupção.
O mesmo ocorre com Pedro Chaves, que tem o mandato de senador e a “pesquisa” para encantar o magistrado a lhe incluir na chapa.
As articulações só estão no início e tem muita gente que vai passar na delegacia antes de registrar a chapa no Tribunal Regional Eleitoral. E sem falar da existência de nome certo que ainda nem virou pré-candidato.
Se pesquisa decidisse eleição, o Brasil não gastava uma fortuna a cada dois anos para promover a maior festa da democracia. Então, esperemos outubro e, até lá, inclusive este artigo, não passa de mera especulação de resultado.