Os deputados federais de Mato Grosso do Sul repetem a estratégia, que livrou o presidente Michel Temer (PMDB) de ser julgado por obstrução da Justiça e chefiar organização criminosa, na votação da reforma da Previdência. Polêmica ao extremo, por ser dura demais com os trabalhadores e proposta por um Governo aprovado por apenas 3% dos brasileiros, a Proposta de Emenda Constitucional só em um voto favorável, o do deputado federal Carlos Marun (PMDB),cotado para assumir a Secretaria de Governo.
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Dos oito deputados, só três votos estão garantidos contra a mudança: dos deputados federais Dagoberto Nogueira (PDT), Vander Loubet (PT) e Zeca do PT. É a trinca da oposição sul-mato-grossense contra o peemedebista no Congresso Nacional. As informações são do jornal O Estado de São Paulo.
Quatro deputados vão adotar a mesma estratégia dos temas polêmicos, como a reforma trabalhista e a salvação de Temer por duas vezes: não declaram posição até a hora de votar. Este é o caso de Elizeu Dionízio e Geraldo Resende, do PSDB, Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias (sem partido).
Elizeu e Geraldo seguem a orientação do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que aprovou, em clima de guerra, reforma mais rigorosa do que a de Temer no mês passado. Eles votaram a favor da reforma trabalhista e contra o julgamento do presidente por corrupção passiva, obstrução da Justiça e chefiar organização criminosa.
Tereza Cristina chegou a contrariar a própria orientação, como líder da bancada, para livrar Temer e aprovar as novas regras trabalhistas. Sem partido, ela já anunciou que aceitará o convite do presidente e se filiará ao PMDB.
Mandetta manteve o mistério até o fim, mas surpreendeu ao votar contra Temer e a reforma trabalhista. De olho na disputa da sucessão de Reinaldo com o apoio dos primos, o ex-prefeito Nelsinho Trad (PTB) e o prefeito Marquinhos Trad (PSD),ele tem evitado o desgaste diante da opinião pública.
Marun segue a fidelidade e deve virar ministro como recompensa da defesa canina do presidente. Ele não só acredita piamente que Temer é inocente, como a de que a reforma é necessária e urgente para evitar o descontrole nas contas públicas.
O ponto principal da proposta é elevar a idade mínima para aposentadoria de 55 para 63 anos para as mulheres e de 60 para 65 anos dos homens.
Aposentado com salário de R$ 30 mil aos 55 anos, o presidente não poupou dinheiro para aprovar a mudança. Segundo jornais nacionais, Temer liberou R$ 30 bilhões para convencer deputados e aliados a aprovar a mudança na Previdência Social.
Apesar dos esforços, de acordo com levantamento do jornal O Estado de São Paulo, a reforma não tem os 308 votos necessários para ser aprovada em dois turnos na Câmara dos Deputados. Dos 513 deputados, só 62 assumem que vão votar a favor da reforma, 215 são contra. Outros 236 se declaram indecisos ou não quiseram falar.
Inicialmente, o Governo pretendia votar a proposta na quarta-feira passada, dia 6, mas adiou para o dia 13. Com a falta de garantia de aprovação, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), já admite adiar a votação para evitar derrota.
Temer não tem poupado esforços para por os deputados contra a população e aprovar as maldades, como a liberação de emendas, cargos, ameaças de retaliação na campanha eleitoral e até de tirar o dinheiro do fundo partidário.
O pior da reforma é que o presidente, acusado de cobrar propina mensal de R$ 500 mil da JBS por 25 anos, trabalha para sinalizar ao mercado a adoção de medidas duras. No entanto, o Brasil ainda é uma democracia e o voto é que vai garantir a reeleição dos atuais deputados e senadores.
O grande temor dos parlamentares é que a proposta será discutida no início de um ano eleitoral. Ou seja, o maior risco é a população não esquecer quem votou a favor da reforma de Temer em outubro, afinal, mesmo quem tem memória curta.
Sindicatos e trabalhadores usam redes sociais contra quem votar a favor
Os sindicatos e os trabalhadores ganharam novos aliados para fazer campanha contra os deputados e senadores que aprovarem a reforma da Previdência: as redes sociais e os grupos de Whatsapp.
Tradicionalmente, as medidas impopulares só eram combatidas por meio de panfletos e outdoors. No entanto, esta campanha exigia dinheiro e as entidades não tinham como mantê-la por muito tempo.
Agora, a internet se transformou na principal arma para estender os desgastes dos políticos até a campanha eleitoral.
Esta é a primeira eleição que os parlamentares vão em busca do voto após aprovar medidas polêmicas no Congresso. Desde 2006, a campanha vinha sendo baseada em valores e quase se transformou na escolha do novo integrante do seminário. Não é a toa que houve crescimento das bancadas mais conservadoras, como da bíblia, boi e bala.