Vereador por apenas 13 meses e de posições extremas em tão curto período, passando de petista para seguidor de Jair Bolsonaro (PSC), o ex-vereador Roberto Santos Durães, 59 anos, cobrou “benefícios” e ganhou uma caminhonete da suposta organização criminosa denunciada na Operação Antivírus. O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) o denunciou por corrupção passiva, junto com outras 17 pessoas acusadas de desviar recursos públicos por meio de esquemas das empresas Digix e Pirâmide Informática.
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Durães acabou protagonizando a história trágica e cômica do típico político azarado. Após tentar por vários anos, ele conseguiu ficar como suplente de vereador na eleição de 2012. No entanto, só conseguiu assumir graças a cassação do mandato da vereadora Thaís Helena (PT) pela Justiça Eleitoral em novembro de 2015.
Até assumir o mandato, Durães era um petista de carteirinha e admirava o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Empossado como vereador, passou a se guiar pelas ideias de direita, abandonou o PT e se filiou ao PSC, de Bolsonaro. Ou seja, em poucos meses, passou de um extremo ao outro do debate político.
O político só não esperava que Gaeco estava investigando a Digix, acusada de integrar uma organização criminosa para desviar recursos do Detran (Departamento Estadual de Trânsito). Conforme interceptações de mensagens e de conversas telefônicas, o então suplente de vereador pediu uma caminhonete para a empresa em 2014 para fazer campanha para deputado estadual.
Em conversa com o dono da Pirâmide, José do Patrocínio Filho, a funcionária da Digix, Danielle Correia Maciel Rigotti, 35, conta que após ser empossado como vereador, em novembro de 2015, Durães passou a ser mais incisivo na cobrança de “benefícios”.
Candidato à reeleição no ano passado, ele passou a cobrar muitos favores da empresa. Então, a Digix decidiu lhe dar a caminhonete Toyota SW-4. No entanto, como era período eleitoral, a empresa simulou a venda para regularizar a situação e o ex-petista passou a ser dono oficialmente do veículo.
O Gaeco anexou ao processo fotos do ex-vereador trafegando com a caminhonete, inclusive, no período em que o veículo estava em nome da Digix, como Danielle relata nos diálogos interceptados com autorização judicial. Depois, o veículo foi repassado oficialmente ao ex-parlamentar.
Em depoimento ao Gaeco, Durães contou outra versão para a caminhonete. Ele disse que comprou o veículo por R$ 150 mil da executiva da Digix, Suely Aparecida Carrilhos de Almoas.
Conforme o político, ela “gostou” do seu jeito e de suas ideias. Por isso, a empresária teria lhe emprestado a caminhonete em 2014. Depois, ele decidiu comprá-la por R$ 150 mil. No entanto, de acordo com o Gaeco, não apresentou nenhuma prova do pagamento, como depósito bancário, cheque ou de onde sacou o dinheiro para quitar a dívida.
Roberto Durães foi denunciado por corrupção passiva com o agravamento de ter sido funcionário público.
Além do ex-vereador, o Gaeco denunciou pelos crimes de peculato, organização criminosa, falsidade ideológica, corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e dispensa de licitação o x-presidente da Assembleia Legislativa, Ary Rigo (PSDB), o ex-presidente do Detran, Gerson Claro Dino, o diretor de administração do Tribunal de Contas do Estado, Parajara Moraes Alves Júnior, o dono da Digix, Jonas Schimidt das Neves, o sócio do Pirâmide, José do Patrocínio Filho, entre outros.
Candidato perdeu metade dos votos após assumir mandato de vereador
O cargo de vereador só desgastou a imagem de Roberto Durães, que conseguiu perder quase metade dos votos.
Ele só conseguiu assumir a vaga na Câmara após perder 12 eleições consecutivas. No entanto, ao ser efetivado no lugar de Thaís Helena só colecionou polêmicas.
A mais rumorosa envolveu Alcides Bernal (PP). Durante os debates no legislativo, ele insinuou que dormiu com a mãe do prefeito. Processado, acabou chorando e pedindo desculpa durante a audiência neste ano.
Durães foi candidato no ano passado e conseguiu apenas 1.061 votos pelo PSC. Foi metade do que tinha obtido em 2014, quando disputou o cargo de deputado estadual pelo PT (2.101 votos).
Também ficou menor do que 2012, quando ficou de suplente e conseguiu 1.890 votos.
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