A equipe da Prefeitura de Campo Grande se atrapalhou e não conseguiu concluir, ainda, a licitação para escolher as empresas que vão realizar a operação tapa-buracos. Com a demora, o investimento milionário, feito por empresas “amigas” no início do ano, virou pó e o campo-grandense voltou a viver o pesadelo da “era Bernal” ao trafegar pelas ruas e avenidas tomadas por buracos. O descaso é tão grande, que a buraqueira já causou até morte.
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Marquinhos Trad (PSD) prometeu, durante a campanha eleitoral, acabar com o pesadelo dos motoristas. Inicialmente, teve êxito na promessa. Com a ajuda do Governo estadual, que repassou R$ 20 milhões, conseguiu minimizar o problema.
Para garantir o trabalho, o prefeito contratou, sem licitação, sete empresas para tapar os buracos. Foram investidos R$ 24,3 milhões na operação, que tapou 250 mil buracos, conforme o número contabilizado pela Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos.
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Na ânsia de mostrar resultado, o prefeito e sua equipe se gabaram do trabalho. O secretário adjunto de Infraestrutura, Ariel Serra, anunciou que o serviço teria garantia de cinco anos. O prefeito garantiu que a qualidade era superior.
O leitor tire a conclusão da qualidade do trabalho, que custou R$ 24,3 milhões aos cofres públicos. Para azar do secretário adjunto, ainda faltam quatro anos para se completar o “prazo de qualidade”. Para quem anda pelas ruas, a sensação é de que praticamente todos os 250 mil buracos foram reabertos.
Como o município só conta com quatro equipes, a operação não dá conta da demanda. As ruas passaram a exigir atenção redobrada e agilidade de super-herói dos motoristas que se aventuram pelas ruas da cidade.
Infelizmente, o motociclista Cícero Alves Dantas, 53 anos, morreu ao se envolver em acidente de trânsito após desviar um de um buraco na Avenida Gury Marques, na saída para São Paulo, na noite de terça-feira. Ele bateu no carro de Ewerton Valadão Ferreira, que tinha batido no mesmo buraco e ficado sem duas rodas.
Ao ser procurada para falar da tragédia, a prefeitura informou, por meio de nota, que o buraco, pivô da tragédia, foi tapado em três ocasiões e ressurgiu em decorrência das chuvas. Sobre o homem morto, nenhuma palavra de solidariedade.
Marquinhos repetiu a estratégia do antecessor, Alcides Bernal (PP), para se eximir da buraqueira infernal. No cargo há quase um ano, ele culpa o Tribunal de Contas do Estado, que interveio no processo e reduziu o gasto com a operação de R$ 47,4 milhões para R$ 43,8 milhões, pelo atraso na licitação. A corte fiscal manteve o certame suspenso entre 30 de maio e 13 de julho deste ano.
Agora, o gestor responsabiliza os participantes pela demora na conclusão do processo, porque apresentaram recurso e estão postergando a assinatura dos contratos.
O problema pode estar na Comissão Permanente de Licitação, presidida por Leonardo Barbirato Júnior, que foi presidente da Águas Guariroba e se tornou assessor do município desde a gestão de Nelsinho Trad, irmão do atual prefeito.
Se a comissão seguisse a lei corretamente, não teria problemas com o TCE. Recurso em concorrência pública é normal. Agora, se a equipe não for consistente nos argumentos para inabilitar um concorrente, abre brecha para recursos que podem atrasar ainda mais a conclusão e causar transtorno para toda a sociedade.
A concorrência está sendo concluída. Na terça-feira, a MR & Locação de Máquinas e Equipamentos ganhou dois dias de prazo, que acabam hoje, para apresentar proposta menor e levar um dos contratos, por ser microempresa, em quatro áreas.
O curioso é que as empresas que vão vencendo o certame já foram denunciadas à Justiça pela Força-Tarefa do Ministério Público Estadual por fraude e integrar suposto esquema para desviar recursos públicos na gestão de Nelsinho. E o mais, perícia realizada a pedido da promotoria, constatou que o serviço era deficiente.
Ou seja, as empresas são responsáveis por parte do problema vivenciado hoje pelo campo-grandense, porque receberam uma fortuna no passado para realizar a operação tapa-buracos, mas não executaram o serviço direito.
Diferencial, Gradual e Pavitec são alvos da investigação conduzida por cinco promotores, sendo que a última já foi denunciada à Justiça.
Prefeitura culpa chuvas acima da média por transtornos nas ruas de Campo Grande
A Prefeitura de Campo Grande atribui à chuva acima da média a volta dos buracos nas ruas e avenidas da cidade. Atualmente, quatro equipes fazem a manutenção do pavimento.
Segundo a assessoria, 70% das 3 mil quilômetros de vias públicas são pavimentados na cidade. Para dar conta da demanda, no início do ano, as sete empresas contratadas por R$ 24,3 milhões colocaram 30 equipes.
Para o prefeito, a causa do pesadelo é a temporada de chuvas, que não dá sinal de trégua. Em novembro, choveu 315 milímetros, o que representa 52% acima dos 206,5 milímetros previstos para todo o mês.
E dezembro já começou sinalizando que a água vai continuar caindo. Foram 78,6 milímetros em quatro dias, o que representa 36% do previsto para todo o mês (217,5).
Confira a nota na íntegra:
“A atual gestão assumiu a Prefeitura de Campo Grande com mais de 250 mil buracos e firmou contrato emergencial com empresas de tapa-buraco, bem como parceria com o Governo do Estado, para diminuir o transtorno da população.
Em seguida, abriu processo licitatório, visto que não é permitido fazer novo contrato emergencial. Entretanto, por determinação do Tribunal de Contas do Estado, a licitação foi suspensa por dois meses, resultando em atraso. Além disso, empresas derrotadas entraram com recurso, o que tem atrasado o serviço, visto que a prefeitura só tem quatro equipes próprias para o tapa-buraco, insuficiente para cobrir uma malha viária de quase 3 mil quilômetros, sendo 70% dela com pavimento já comprometido pela ação do tempo, com asfalto de até 30 anos em alguns trechos.
Além disso, a temporada de chuva tem castigado ainda mais o asfalto e impossibilitando o trabalho das equipes. Só nos quatro primeiros dias de dezembro já choveu 36% do esperado para o mês todo, 78,6 milímetros, dos 217,5 projetados.
Em novembro, segundo o Centro de Monitoramento de Tempo, do Clima e dos Recursos Hídricos de Mato Grosso do Sul, choveu 52% a mais do que o esperado para o mês, 315,8 milímetros, quando o esperado era 206,5.
No caso específico desta pista adicional da Avenida Gury Marques, só neste ano, pelo menos três vezes o tapa-buraco foi feito. Hoje a equipe passou pelo local novamente. “