Sem mandato desde 2014, preso três vezes, réu em quatro ações penais na Justiça Federal e investigado pela Polícia Federal e pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) por integrar organização criminosa para desviar recursos, o ex-secretário estadual de Obras e ex-deputado Federal Edson Giroto, 58 anos, mantém o prestígio em alta e comanda, indiretamente, o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).
Este é o órgão federal com mais recursos e cacife político, o mais disputado entre os oito deputados federais e três senadores para indicar o chefe. No entanto, Giroto, mesmo sem mandato e acuado pelas denúncias, conseguiu emplacar o superintendente do DNIT, Thiago Carim Bucker.
Bucker foi indicado pela primeira vez pelo ex-deputado em 2015, quando ele era assessor do Ministério dos Transportes e era cotado para assumir o cargo de superintendente executivo, o número dois da pasta. No entanto, Giroto acabou demitido pela então presidente, Dilma Rousseff (PT), ao ser alvo da Operação Lama Asfáltica.
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O ex-deputado teve a prisão preventiva decretada na Operação Fazendas de Lama, segunda fase da Lama Asfáltica, e dormiu no presídio por 40 dias, até ser solto pelo ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal.
Ele foi preso outras duas vezes, uma vez por determinação da Justiça Estadual, a pedido do Gaeco, e pela Federal, na Operação Aviões de Lama.
Giroto é um dos primeiros formalmente acusados pelos desvios praticados na administração estadual entre 2010 e 2014. O MPF o denunciou e o Justiça Federal aceitou a denúncia, tornando-o réu em quatro ações por lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos.
No entanto, mesmo com todos os bens bloqueados pela Justiça Federal, o ex-deputado continua forte nos bastidores e até sonha em disputar as eleições de 2018.
O Jacaré conversou com dois integrantes da bancada federal, que confirmaram ser Giroto o responsável pela indicação de Bucker no DNIT. Ele chegou a ser exonerado em abril do ano passado, mas voltou poucos meses depois após a posse de Michel Temer (PMDB), o primeiro presidente formalmente acusado de corrupção passiva, obstrução da Justiça e de chefiar organização criminosa.
Ontem, em postagem no Facebook, o deputado federal Carlos Marun (PMDB), confirmou a influência do ex-deputado no órgão. Giroto acompanhou Bucker, o diretor do DNIT, Luciano Castro, e o deputado na visita ao perímetro urbano da BR-262, que será duplicado em Ribas do Rio Pardo.
O DNIT conta com um orçamento de aproximadamente R$ 700 milhões e é responsável pela manutenção de 3 mil quilômetros de rodovias federais em Mao Grosso do Sul.
Além disso, comandará obras milionárias, como a implantação e pavimentação da BR-419, entre Rio Verde do Mato Grosso e Jardim, que terá investimento de R$ 409 milhões. A primeira parte da licitação, com investimento de R$ 119 milhões, já causou polêmica, porque uma “oscilação no sistema” beneficiou a Paviservice, empreiteira baiana.
O ex-deputado federal tem experiência na área de infraestrutura. Engenheiro civil, ele foi secretário de obras nas gestões de André Puccinelli (PMDB) como prefeito de Campo Grande e como governador do Estado.
Conforme a investigação feita pela PF na Operação Lama Asfáltica, eles são acusados de integrar organização criminosa que desviaram R$ 235 milhões dos cofres públicos. A Justiça decretou três bloqueios, que totalizam R$ 303 milhões.
As ações penais contra Giroto
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