O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) contou com os votos de cinco deputados aliados do principal adversário, o ex-governador André Puccinelli (PMDB), para aprovar a reforma da previdência nesta terça-feira. Escoltados pela Tropa de Choque no plenário, os deputados aprovaram por 13 votos a favor, com sete contra e três ausências, o “pacote de maldades” e garante ao tucano o saque de R$ 397 milhões do fundo previdenciário para o pagamento do 13º dos 75 mil funcionários públicos estaduais.
O Governo enfrentou desfalque na base aliada. Dos sete deputados contrários às mudanças, quatro eram do PT (Pedro Kemp, Amarildo Cruz, João Grandão e Cabo Almi). No entanto, três eram da base: Carlos Alberto David dos Santos, o Coronel David (PSC), Lídio Lopes (PEN) e Paulo Siufi (PMDB).
Coronel David era cotado para assumir a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública, mas a reforma acabou adiada deste mês para fevereiro, quando o titular da pasta, José Carlos Barbosa, o Barbosinha, retorna ao mandato de deputado estadual.
Lídio, que é marido da vice-prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PEN), votou pensando nas eleições de 2018. O deputado saiu fortalecido da disputa do ano passado e pode ganhar espaço se não acompanhar o desgaste do tucano.
Siufi é fiel ao ex-governador, a quem até agraciou com uma comenda legislativa, e também pensa no desgaste. Ele assumiu a vaga de Marquinhos Trad (PSD), trocando a certeza de quatro anos como vereador pela incerteza de dois como deputado estadual.
Dos 13 votos a favor do pacote, que acaba com o fundo criado em 2012 e eleva a alíquota dos funcionários estaduais de 11% para 14%, cinco foram de aliados de Puccinelli. Quatro são deputados do PMDB: Antonieta Amorim, Eduardo Rocha, Renato Câmara e Márcio Fernandes.
O deputado George Takemoto é do PDT, mas já anunciou que segue a linha do peemedebista e até cogita trocar de partido para sair, oficialmente, das asas do deputado federal Dagoberto Nogueira (PDT).
Da bancada tucana, Maurício Picarelli, que sonha em se perpetuar no legislativo, e Felipe Orro, que pretende disputar uma vaga na Câmara dos Deputados, se ausentaram para não ficar em maus lençóis junto aos servidores e ao governador.
Os tucanos a favor da reforma foram: Mara Caseiro, Beto Pereira, Onevan de Matos, Enelvo Felini e Rinaldo Modesto. Completam a lista os deputados Herculano Borges (SD), Paulo Corrêa (PR) e José Roberto Teixeira (DEM).
Líder do Governo na Casa, o Professor Rinaldo, como é mais conhecido, transformou-se no símbolo do desgaste do governador no legislativo. Ele deverá apostar todas as fichas no prestígio da irmã, a vice-governadora Rose Modesto (PSDB), que não se pronunciou sobre a reforma, para não amargar a maldição dos líderes no legislativo, de naufragar nas urnas.
Servidor de carreira da UFMS, Rinaldo poderá sentir os efeitos da reforma caso não consiga se reeleger deputado estadual em 2018 e volte para a universidade em 2019, quando já estarão valendo medidas semelhantes propostas por Michel Temer (PMDB) no âmbito federal.
Mochi é o atual presidente regional do PMDB, mas segue mais alinhado com o governador do que com o sucessor no comando da sigla. O ex-governador não engoliu a articulação que ele já fez para ser indicado a vice do tucano em eventual retomada a aliança entre os dois partidos, mas com o PSDB na cabeça da chapa.
A deputada estadual Grazielle Machado (PR), filha do presidente regional do partido, Londres Machado, foi a terceira ausência na sessão de hoje. Na quinta-feira, ela se manifestou contra a reforma e se solidarizou com os servidores.
Com a aprovação do projeto em segunda votação, o governador deve sancioná-lo ainda hoje para publicar a lei na edição de amanhã do Diário Oficial.
Cerca de 2,5 mil servidores protestaram na manhã de hoje contra a proposta. O Fórum do Servidores anunciou que ingressará na Justiça para tentar anular a reforma tucana. A judicialização poderá comprometer ainda mais os planos do governador, que só consegue impor a sua vontade usando a força policial.
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