Os advogados contratados pelo ex-governador André Puccinelli (PMDB) e pelo empresário João Alberto Krampe Amorim dos Santos para defendê-los em instâncias superiores na Operação Lama Asfáltica cobram de até R$ 10 milhões por causa, segundo reportagem da revista Veja deste fim de semana. Cada petição em instância superior fica em R$ 1 milhão.
Defensor de Puccinelli e amigo do presidente da República, Michel Temer (PMDB), Antônio Cláudio Mariz de Oliveira negou o valor e se disse estarrecido com a notícia. A mesma reação teve Alberto Zacharias Toron, advogado de Amorim e sua sócia, Elza Cristina Araújo dos Santos, que se disse “consternado” com a revelação.
Conforme reportagem de capa da Veja, que chega às bancas neste domingo, a Operação Lava Jato dobrou o número de grandes bancas de criminalistas de 40, antes restrita ao eixo Rio – São Paulo, para 80. Cerca de 1,2 mil profissionais trabalham nos grandes escritórios de advocacia do País.
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Os honorários dos novos advogados milionários variam entre R$ 5 milhões e R$ 8 milhões. Só o advogado Adriano Bretas, que atua na delação premiada do ex-ministro da Fazenda, Antônio Pallocci, teria faturado R$ 20 milhões.
A revista cita a velha guarda, colocada no topo e classificada como “realeza”, que cobra até R$ 10 milhões por causa. Só para fazer uma petição em segunda instância, como o Tribunal Regional Federal da 3ª Região, ou no STJ (Superior Tribunal de Justiça) e Supremo Tribunal Federal, eles cobram R$ 1 milhão por petição, de acordo com a tabela divulgada pela revista.
Neste grupo estão os advogados contratados pelos investigados na Operação Lama Asfáltica.
Com os bens e contas bancárias bloqueadas desde julho do ano passado, o ex-governador contratou o criminalista Antônio Mariz. A primeira foi em maio deste ano, depois de permanecer com tornozeleira eletrônica por seis dias.
Mariz gastou oito horas para liberar o peemedebista, considerando-se o tempo entre o protocolo do habeas corpus e a concessão da liminar pelo desembargador Paulo Fontes, do TRF3.
Preso na Operação Papiros de Lama na manhã do dia 14 deste mês, Puccinelli não perdeu tempo em contratar os serviços do conceituado advogado. Mariz protocolou o pedido de revogação da prisão preventiva às 18h21 e conseguiu obter a liminar de Fontes, com críticas à operação, ainda na manhã do feriado da Proclamação da República.
A mesma situação ocorreu com João Amorim, que contratou Alberto Zacharias Toron. Só no TRF3, o advogado peticionou cinco mandados de segurança e habeas corpus em favor do dono da Proteco.
Toron foi o advogado responsável pelo habeas corpus, concedido pelo ministro Marco Aurélio, do STF, em 20 de junho do ano passado. Preso na Operação Fazendas de Lama em 11 de maio, ele ficou preso por 40 dias.
A segunda prisão, na Operação Aviões de Lama, em julho do ano passado, levou menos de uma semana. Toron já atuava na defesa de Amorim e conseguiu reverter a medida junto ao desembargador Paulo Fontes.
Puccinelli e João Amorim estão com todos os bens bloqueados. Além de Mariz, o peemedebista contratou o escritório de Renê Siufi considerado um dos mais caros no Estado. Amorim ainda conta com o escritório de Benedicto de Figueiredo.
O peemedebista tem como renda a aposentadoria de R$ 11 mil como deputado estadual. Na semana passada, o juiz Ney Gustavo Paes de Andrade, da 3ª Vara Federal, suspendeu a retirada mensal de R$ 18 mil, que ele tinha direito a sacar do dinheiro bloqueado.
Amorim além das ações de bloqueio na Lama Asfáltica, está com R$ 50 milhões penhorados a pedido do fisco para garantir o pagamento dos tributos sonegados e multas aplicadas pela Receita Federal.
Advogados divulgam cartas para desmentir honorários divulgados por Veja
Os advogados Alberto Zacharias Toron e Antônio Cláudio Mariz de Oliveira divulgaram cartas para desmentir os números divulgados pela revista Veja. Eles destacam que não foram entrevistados sobre o assunto.
Mariz destacou que ficou “estarrecido”, segundo o site Consultor Jurídico. “Fiquei estarrecido com a matéria estampada na edição de hoje desta conceituada revista, na qual o meu nome é relacionado a cobrança de verba honorária que constitui incompreensível invencionice. Jamais em toda minha vida profissional cobrei valores que nem de longe se aproximam daquele mencionado na referida matéria. Lamento que uma revista da importância da Veja recorra a um jornalismo de baixa envergadura, pois baseado em mera ficção completamente afastada da realidade dos fatos”, diz Mariz, em carta enviada à revista.
Na mesma linha, Toron se disse “consternado”. “Esclareço que não fui entrevistado, aliás, sequer procurado, por nenhum repórter da revista para falar sobre o tema. Assim, mais que surpreendente, foi verdadeiramente repugnante ver meu nome colocado em matéria puramente especulativa e irresponsável por apregoar dados sem qualquer verificação e, o que é pior, inverídicos”, afirmou, também em missiva encaminhada a Veja.
1 comentário
NA ONDE ESSE BANDIDO EX GOVERNADOR ANDRE TEM DINHEIRO PARA PAGAR ESSES ADVOGADO.