O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) fez visita de cortesia à presidente do TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região), desembargadora Cecília Marcondes, uma semana antes da Operação Papiros de Lama, denominação da 5ª fase da Lama Asfáltica. A corte julga os processos federais dos estados de Mato Grosso do Sul e São Paulo.
O tucano cumpriu agenda na Justiça Federal em São Paulo uma semana antes da Polícia Federal cumprir mandado de prisão preventiva contra o ex-governador André Puccinelli (PMDB), favorito na disputa do Governo e principal adversário na sucessão estadual.
A prisão ocorreu no dia 14 de novembro, na semana em que o PMDB realizaria convenção para empossar o ex-governador como presidente regional e lançá-lo para a sucessão de Azambuja.
A ida do governador a São Paulo no dia 6 de novembro deste ano foi publicada no site do Tribunal Regional Federal (clique aqui), inclusive com fotografia. Ele estava acompanhado pelo secretário estadual de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel, e foram recebidos por Cecília Marcondes, o juiz federal Fabiano Carraro, auxiliar da presidência, e o diretor-geral do tribunal, Gilberto Almeida Nunes.
Conforme matéria publicada pela assessoria do TRF3, a visita foi de “cortesia” e não teve nenhum motivo oficial divulgado.
Na semana seguinte, no dia 14 de novembro, a Polícia Federal desencadeou a Operação Papiros de Lama e cumpriu os mandados de prisão preventiva do ex-governador e do seu filho, o professor universitário e advogado, André Puccinelli Júnior.
A prisão foi determinada pelo juiz substituto Ney Gustavo Paes de Andrade, nomeado pela desembargadora no início de outubro para ficar na 3ª Vara Federal de Campo Grande até o início de janeiro.
A vara está sem juiz titular desde a aposentadoria de Odilon de Oliveira, que se aposentou no dia 5 de outubro. O juiz substituto Fábio Luparelli emendou as férias com licença para fazer um curso de aperfeiçoamento.
Puccinelli é acusado de chefiar uma organização criminosa que desviou R$ 85 milhões dos cofres públicos, conforme a Operação Papiros de Lama. Ele foi solto no dia seguinte pelo desembargador Paulo Fontes, que concedeu o habeas corpus mesmo não estando de plantão no dia 15 de novembro, feriado da Proclamação da República.
Os aliados do ex-governador suspeitaram da prisão ter sido decretada no dia 31 de outubro e só ter sido cumprida na semana da convenção do PMDB. O deputado federal Carlos Marun (PMDB) foi mais explícito ao ver ligação entre os dois fatos, a prisão e a convenção.
O presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Júnior Mochi (PMDB), foi menos incisivo, mas não deixou de classificar a operação como “estranha”.
Nas redes sociais e nos grupos de whatsapp, os aliados do peemedebista insinuaram que ele poderia ter sido vítima de uma estratégia para beneficiar Odilon.
No entanto, o magistrado já explicou que se colocou sob suspeição para não comandar a Operação Lama Asfáltica exatamente porque conhece Puccinelli desde quando começou na carreira, ainda como juiz estadual, há mais de 30 anos, em Ivinhema.
A prisão do ex-governador deverá ter reflexo nas eleições de 2018. Bastante abalado, o ex-governador repassou aos dirigentes do partido a decisão de lhe manter como presidente regional.
Contudo, segundo o Correio do Estado, Puccinelli estava disposto a assumir o comando do PMDB no sábado passado. No entanto, os caciques decidiram adiar a convenção devido ao sofrimento da família do peemedebista, bastante abalada pelas prisões.
Agora, a convenção do PMDB acontecerá no dia 2 de dezembro na Associação Nipo Brasileira. O PMDB prepara uma grande festa para mostrar força. A estratégia é transformar o ex-governador em vítima e passar a imagem de que saiu mais forte ainda para a disputa de 2018.
Ou seja, o partido aposta que o eleitor não deverá ir às urnas para se vingar dos políticos envolvidos em esquemas de corrupção. Lideranças apostam que a fama de bom gestor do peemedebista vai falar mais alto do que as operações Lama Asfáltica, Fazendas de Lama, Máquinas de Lama, Papiros de Lama, Coffee Break, Vintém, …
Desembargador não decretou sigilo em investigação
O TRF3 divulgou nota para contestar a informação de alguns sites de que o desembargador Paulo Fontes decretou sigilo na Operação Papiros de Lama. Ele só manteve em sigilo documentos fiscais, como manda a lei.
Confira a nota na íntegra:
“Ao contrário do que foi noticiado em alguns sites, o desembargador federal Paulo Fontes, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), NÃO decretou o sigilo da Operação Lama Asfáltica.
Alguns procedimentos em trâmite na 3ª Vara Federal de Campo Grande/MS tiveram seu sigilo decretado pelo próprio juiz federal da respectiva Vara. Contra essa decisão, o Ministério Público Federal entrou com os mandados de segurança de números 0004143-17.2017.4.03.0000 e 0003513-58.2017.4.03.0000, que estão sob a relatoria do desembargador federal Paulo Fontes e que deverão ser julgados na sessão ordinária da 5ª Turma do dia 27 de novembro ou 04 de dezembro do corrente ano. Não houve pedido de liminar por parte do Ministério Público Federal nestes mandados de segurança.
O desembargador federal Paulo Fontes somente decretou, no habeas corpus impetrado por Jodascil Gonçalves Lopes e João Paulo Calves, o sigilo de documentos fiscais, como determinado por lei. Mesmo em relação a este processo, o desembargador determinou desde o início que as decisões fossem publicadas na imprensa oficial, bem como autorizou o acesso das partes a todos os documentos, inclusive do Ministério Público Federal. “
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GOVERNADOR TA COM MEDO DE SER PRESO KKK