O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) não cumpriu as promessas feitas aos policiais militares em 2014, quando contou com o apoio de parte da tropa para derrotar o senador Delcídio do Amaral. Para tentar calar quem denuncia o descaso com a Polícia Militar, que está com déficit de 5,5 mil policiais e defasagem salarial de 11%, ele determinou a abertura de sindicâncias para punir os líderes da categoria. O objetivo é calar por meio de ameaças.
A última sindicância foi aberta ontem contra o soldado Edmar Soares da Silva, presidente da Associação dos Cabos e Soldados da PM e Bombeiros de Mato Grosso do Sul. O motivo do processo administrativo é o protesto publicado em outdoors, com a frase: “Governador que não cumpre a palavra não merece o meu voto! Policiais e Bombeiros Militares merecem ser valorizados”.
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A entidade começou a fazer o protesto na semana passada. No dia 17, o corregedor geral da PM, coronel Marcelo Gomes Lopes, determinou a instauração de sindicância contra Edmar para apurar se houve indícios de transgressão disciplinar ou a prática de crime.
Não é a primeira em 30 dias. O Governo já abriu outra sindicância para apurar a participação do dirigente classista no aquartelamento de 24 horas promovido neste ano.
“Fiquei surpreso porque é a segunda sindicância em 30 dias”, admitiu Edmar, que, por ironia do destino, apoiou a eleição do tucano para o Governo há três anos. “Eu achei que era o melhor, mas agora, estou vendo que não é o melhor”, diz, arrependido.
Reinaldo cativou parte dos militares ao prometer melhores condições de trabalho e pagar os melhores salários do País. Ele fazia discursos inflamados prometendo realizar todos os investimentos necessários.
No cargo há três anos, transformou-se em pesadelo para os policiais militares. Em dezembro de 2014, o soldado da PM tinha o 7º melhor salário do País. Agora, graças à administração tucana, o valor é o 7º pior entre as 27 unidades da federação, conforme Edmar Soares.
Como não fez concurso nem realizou a contratação de novos policiais, outras promessas de campanha, Reinaldo ampliou o déficit na corporação. Mato Grosso do Sul precisa, com urgência, da contratação de 5,5 mil novos policiais militares. A cada ano, 600 deixam a PM no Estado.
Reinaldo vem se mostrando mais autoritário do que os antecessores ao tentar impor a lei da mordaça aos dirigentes sindicais. Ele repete o então governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, que mandou prender os bombeiros que fizeram protesto.
O antecessor, André Puccinelli (PMDB), enfrentou aquartelamento por três dias e não puniu nenhum líder da categoria. Ao contrário, a gestão do peemedebista deixou saudades, já que conseguiu garantir reajuste de 30% a 42% para a tropa.
Zeca do PT e Wilson Barbosa Martins (PMDB) também enfrentaram a paralisação da PM, mas não puniram os dirigentes.
Reinaldo segue a risca as aulas de Maquiavel. Prometeu o céu para ganhar a eleição. No cargo, tenta calar para chegar forte à reeleição, como única opção, já que ninguém pode lhe cobrar coerência.