O novo sorteio manteve o ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, como responsável pela investigação de denúncia do pagamento de suposta propina de R$ 400 mil ao deputado federal Zeca do PT e de R$ 12 milhões ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi.
Com a redistribuição do processo pela ministra Carmem Lúcia, presidente do STF, Fachin encaminhou, na segunda-feira, o processo para a Polícia Federal retomar a investigação para apurar se procede a acusação feita pelos executivos da Odebrecht.
Veja mais:
Fachin abre mão e pede novo relator para denúncia contra Zeca
“Pescador” e “Caldo” pediram propina de R$ 12,4 milhões, diz delação
Conforme delação dos executivos João Antônio Pacífico Ferreira e Pedro Augusto Carneiro Neto, a empreiteira tinha uma dívida para receber de MS e do MT, na época, administrados, respectivamente, por Zeca e Maggi. Eles criaram uma comissão para apurar o valor real do débito, mas só iniciaram o pagamento mediante o pagamento de propina.
O petista, que sonhava em ser candidato a senador, pediu R$ 400 mil. No setor de operações estruturadas da empresa, como o setor da propina era conhecido, o deputado federal tinha o apelido de “Pescador”. Como Zeca acabou concluindo o mandato, o dinheiro foi repassado ao então senador Delcídio do Amaral, que disputou o Governo.
A delação da Odebrecht foi homologada no início do ano e Fachin determinou a abertura de investigação em abril deste ano. No mês passado, após o processo ser devolvido pela PF, que pediu mais prazo, o ministro abriu mão da relatoria porque não viu nexo com a Operação Lava Jato, que apura fraudes e desvio de recursos na Petrobras.
No entanto, ele acabou sorteado na redistribuição e reassumiu o processo contra Zeca e Blairo.
Já o processo contra Vander, acusado de receber R$ 50 mil, foi redistribuído para o ministro Celso de Mello.
Até o momento, sete meses depois, a Justiça Federal de Campo Grande não abriu a investigação contra o ex-governador André Puccinelli (PMDB), que foi acusado, na mesma delação, de ter recebido R$ 2,3 milhões para quitar o débito com a empreiteira. Além da propina, o peemedebista só pagou graças ao desconto de 80% no montante total da dívida.
Nem o ex-deputado federal Edson Giroto, acusado de ter cobrado R$ 300 mil, tornou-se alvo de investigação. Os R$ 2,6 milhões, repassados a Puccinelli e Giroto, conforme a denúncia, foram pagos ao empresário João Amorim, operador financeiro da dupla, em um hotel em São Paulo. Ele também não foi alvo de abertura de processo neste caso apesar da determinação de Fachin.
Todos negam ter cometido qualquer irregularidade. Zeca frisa que não pediu dinheiro porque não disputou a eleição naquele ano.
Puccinelli disse que a verdade irá aparecer no momento oportuno.
Para o cidadão, fica a impressão de que o discurso de vítima dos petistas procede, já que somente os filiados à sigla foram investigados, até o momento em Mato Grosso do Sul, após serem citados na delação da Odebrecht.