Faltando pouco menos de um ano para as eleições de 2018, o cenário eleitoral começa a ser definido em Mato Grosso do Sul. Os principais candidatos definem as armas que vão tentar conquistar o eleitor para assumir o comando do Estado, uma máquina tocada por 75 mil servidores estaduais e orçamento anual de aproximadamente R$ 15 bilhões.
O ex-governador André Puccinelli, que troca a vida de motorista dos netos pelo cargo de presidente regional do PMDB neste mês, aposta na fama de bom gestor, que alia controle das finanças públicas com tocador de obras.
Novato na política, o juiz federal Odilon de Oliveira, que faz festa para oficializar a filiação no PDT no dia 11 deste mês, terá a luta contra a corrupção como pilar da campanha para o Governo. O magistrado tem a atuação de 30 anos contra o narcotráfico na fronteira, que lhe rendeu a ameaça de morte e a proteção ininterrupta da Polícia Federal há 19 anos e até inspirou um filme, onde é interpretado pelo ator Mateus Solano.
O governador Reinaldo Azambuja (PSDB), apesar do déficit nas contas públicas, vai se escorar na fama de gestor responsável e usará, para espanto dos servidores estaduais, até a polêmica reforma da previdência como ponto a favor, a de que não se inibe diante de medidas duras para garantir o equilíbrio fiscal.
O prefeito de Costa Rica, Waldeli dos Santos Rosa, que planeja trocar o PR pelo PMDB, vai repetir a exaustão a fama de bom gestor com a de que paga o melhor salário para professor do País, inclusive com 14º e 15º salário.
Presidente da Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores), o médico Ricado Ayache terá o órgão como vitrine de que poderá solucionar o grave problema de saúde pública no Estado.
Telhado de vidro
Só que a campanha não vai ficar restrita ao horário eleitoral e propaganda dos candidatos. Eles serão alvos de pesadas campanhas dos adversários, de fakes e até de ataques nas redes sociais e nos aplicativos.
Puccinelli tem as denúncias de corrupção e a polêmica tornozeleira eletrônica, adereço que usou por uma semana. O peemedebista é um dos alvos da Operação Lama Asfáltica, que apura suposto desvio de R$ 230 milhões e pode ter novos desdobramentos até a eleição.
Além disso, ele é acusado de receber propinas milionárias nas delações da Odebrecht (R$ 2,3 milhões) e JBS (R$ 112 milhões). Puccinelli nega, veementemente, as acusações e conta a seu favor a lentidão da Justiça federal em apurar os casos.
Odilon vai precisar convencer o eleitor de que tem competência, apesar da falta de experiência em cargos eletivos e executivos. O magistrado passou a ser atacado por ser filiado ao PDT, um partido de esquerda.
Até o candidato a senador pelo PSD na última eleição e dono do Correio do Estado, Antônio João Hugo Rodrigues, já fez ataques ao magistrado por se aliar aos comunistas. O jornal já atacou o PDT também por ser supostamente ligado a contravenção, indireta ao jogo do bicho.
Reinaldo vai ser bombardeado por ter sido acusado, em delação da JBS, de ter recebido R$ 38,4 milhões em propinas. O caso é investigado no Superior Tribunal de Justiça, onde corre outro, de suposta cobrança de propina para manter incentivos fiscais de curtume e frigoríficos.
O governador também vai precisar de tempo para explicar o fracasso da reforma administrativa e da modernidade implementada com o apoio do MBC (Movimento Brasil Competitivo), que não conseguiram acabar com o déficit fiscal. Faltarão obras de grande porte para serem apresentadas na campanha.
Ayache poderá ser atacado pela dobradinha com Delcídio na última eleição, quando disputou o Senado pelo PT e ficou em segundo lugar no pleito.
Waldeli não tem muito além do salário pago aos professores. E ainda pode ser o candidato do grupo político de Puccinelli, que não esconde de ninguém o fato do prefeito ser o plano B para 2018.
Ainda faltam 11 meses para a votação, mas o eleitor já começa a se acostumar com os nomes e discutir a viabilidade.
Há uma parte significativa do eleitorado disposta a ir às urnas para dar uma sentença com base nas denúncias e suspeitas. Neste caso, a demora da Justiça em concluir o julgamento, é ruim para quem for inocente, porque pode ser punido por um crime que não cometeu.
Pesquisa põe Odilon e André como favoritos
Levantamento feito pelo Ipems, entre os dias 18 e 25 de outubro deste ano e divulgado pelo Correio do Estado, mostra que o ex-governador e o juiz federal aposentado são favoritos na sucessão estadual de 2018. Reinaldo aparece em terceiro.
Conforme a pesquisa feita em 50 cidades, André está com 26,91% e Odilon, com 25,29%. Há empate técnico, considerando-se uma proeza para o magistrado, que acabou de entrar na política, enquanto o ex-governador já é bem conhecido do eleitorado.
O investimento milionário em publicidade não fez efeito, por enquanto, já que Reinaldo fica em terceiro lugar, distante do 2º lugar, com 16,92%. O levantamento é completado com Waldeli (6,26%) e Ayache (3,21%). Os indecisos e dispostos a anular ou votar em branco somam 21%.
André lidera em 22 cidades, principalmente nos pequenos municípios. Odilon lidera em 11, inclusive na Capital (31,17% a 27,22% de Puccinelli) e Dourados (36,12% a 21,51% do peemedebista).
Reinaldo vai bem em Três Lagoas, onde empate com André, mas fica atrás. O peemedebista está com 28,6%, contra 28,32% do tucano.
Nas simulações de segundo turno, André vence os principais adversários. Contra Odilon, seria de 36,84% a 29,72%, e contra Reinaldo, de 35,94% a 22,38%.
O tucano e o juiz empatariam em eventual confronto, com 33,06% a 32%, respectivamente.
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2 malandro delcidio e Azambuja