Em meio à guerra de facções pelo comando do narcotráfico, aumento da violência contra a mulher e crescimento no número de roubos e de latrocínio, Mato Grosso do Sul reduziu as prisões por tráfico de drogas e os efetivos das polícias civil e militar. As conclusões constam do levantamento divulgado nesta segunda-feira pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O diagnóstico é preocupante, principalmente, sobre a redução no efetivo das polícias no Estado. No ano passado, o efetivo ideal da PM era de 9,3 mil militares. No entanto, houve redução no número de policiais na ativa em relação a 2015, de 5.766 para 5.690. O déficit teve alta de 7%, de 3.376 para 4.610.
O mesmo problema se repetiu na Policia Civil, com aumento de 35% na defasagem de agentes, de 1.316 para 1.785. O efetivo recomendado é de 4.125 policiais, mas as delegacias só contam com 2.340 na ativa.
Além disso, justamente quando o narcotráfico mostra a crueldade e violência – com a decapitação de jovens na luta de espaço entre o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o Comando Vermelho) – e o poder de fogo – como a utilização de metralhadora .50 para executar o empresário Jorge Rafat na fronteira e roubar um carro forte em Amambai – houve queda de 5,58% nas prisões por tráfico, de 3.312 para 3.127.
Mais expressiva ainda foi redução, de 16%, nas prisões de usuários por posse e uso de drogas, de 3.147 para 2.643. A queda ocorre justamente quando alguns políticos, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), defende a legalização do consumo da maconha. A descriminalização das drogas deve entrar na pauta do Supremo Tribunal Federal.
Com menos policiais nas ruas, houve aumento de 9,3% no número de roubos no Estado, de 10.356 para 11.327. Em média, no ano passado, 31 pessoas foram vítimas de assaltantes no ano passado. O furto e roubo de veículos cresceu 1,64%, de 4.688 para 4.765 ocorrências.
No entanto, a violência contra as mulheres ainda é pior em Mato Grosso do Sul, campeão nacional em estupros. Houve crescimento de no número de casos, de 1.429, em 2015, para 1.458 ano passado.
A taxa sul-mato-grossense é de 54,4 estupros para cada grupo de 100 mil mulheres. Além de ser a líder no ranking, a taxa é mais que o dobro da média nacional, de 24, e distante do segundo lugar, de 48,8 (Mato Grosso) e do terceiro, 47 (Espírito Santo).
Houve aumento de 112% no número de feminincídio, de 16 para 34. No geral, o assassinato de mulheres cresceu 22,8%, de 83 homicídios em 2015 para 102 no ano passado.
Outro destaque é a crescente quantidade de pessoas desaparecidas. Em nove anos, entre 2007 e 2016, o salto foi de 48,2%, de 1.049 para 1.555. Mato Grosso do Sul tem a 5ª maior taxa no País, de 58 para 100 mil habitantes, atrás do DF (106), RS (86,7), RO (65,2) e AP (59,7).
Outros números
Polícia mata menos
– número de mortos por policiais militares e civis, de folga ou em serviço, de 40 para 26
Redução de 7,5% na quantidade de suicídios
Os meios de comunicação passaram a dar mais destaque para os casos de suicídios nos últimos anos. Esta pode ser a principal causa no número de mortes, de 159 para 147.
Menos homicídios culposos no trânsito
O número de homicídios culposos no trânsito passou de 356 para 322, apesar da falta de campanha educativa por parte do poder público. Um dos motivos pode ser menos acidentes na BR-163, que teve trechos duplicados e ganhou terceiro faixa nos pontos mais críticos.
Porte de armas cresce, mas apreensões caem
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que houve aumento de 41% nas ocorrências de porte ilegal de arma de fogo, de 1.113 para 1.573. No entanto, o número de armas apreendidas caiu, de 1.512 para 1.130.