Ter uma arma de fogo ou munições irregular e sem registro se transformou em mais um motivo de dor de cabeça para os alvos de operação de combate à corrupção. O último a ser preso por armazenar um revólver calibre 38 da marca Rossi sem registro foi o advogado e empresário Altair Perondi, 56 anos, dono da Oxinal. Alvo da Operação Asfixia, da Polícia Federal do Acre, ele é acusado de integrar esquema que desviou R$ 1,5 milhão da saúde.
Perondi é o quinto alvo de alvo de operação a ser preso por porte ilegal de arma. O revólver estava no cofre da empresa, no Jardim Paulista, e lhe custou a prisão em flagrante. Ele pagou fiança de R$ 1,5 mil, mas só não foi liberado porque teve a prisão temporária decretada pelo juiz federal Herley da Luz Brasil, da 2ª Vara Federal do Rio Branco.
Famoso nos anos 90 por ser dono da Matosul, concessionária da Fiat na Capital, ele é dono da Oxinal Oxigênio Nacional, fundada em junho de 1991, para fornecer cilindros de oxigênio para hospitais.
Em 2011, a empresa investiu na ampliação da atividade e passou a coletar lixo hospitalar. A Prefeitura de Campo Grande, na gestão de Nelsinho Trad (PTB), concedeu incentivo fiscal para a unidade de instalar no polo empresarial.
Em depoimento à delegada Elaine Arócha Laurentino Bianchini, da Polícia Federal, ele contou que a arma pertencia a José Hailer Neto, falecido em 2001, e estava guardada no cofre do escritório há muito tempo. Ele tinha pegado o revólver porque o funcionário arrumava muita confusão.
Ele revelou a existência do revólver no escritório da empresa, mas não conseguiu abrir o cofre. Um chaveiro foi chamado para arrombá-lo.
Ele não é o primeiro a ser preso por arma guardada em casa ou no escritório durante as operações de combate à corrupção. O milionário Rodolfo Pinheiro Holsback, dono das empresas H2L e HRB Medical, que possuem contratos milionários com o Governo, foi preso em flagrante por ter munições em seu apartamento na Operação Máquinas de Lama, a 4ª fase da Lama Asfáltica, em 11 de maio deste ano. Ele pagou R$ 4,6 mil de fiança e foi liberado.
Ter munições em casa também custou a liberdade por algumas horas para o procurador jurídico da Câmara Municipal de Campo Grande, André Luiz Scaff. Durante cumprimento de mandado de busca e apreensão, o Gaeco encontro 16 munições na sua residência e o prendeu em flagrante em maio do ano passado.
Em 2015, na Operação Lama Asfáltica, João Amorim, poderoso por duas décadas nos bastidores da política estadual, foi preso por manter dois revólveres guardados em sua residência.
Ele foi liberado após pagar fiança, mas acabou condenado neste ano a prestar serviços comunitários por 12 meses por manter uma das armas sem registro. O empresário alegou que uma visita esqueceu o revólver em sua casa.
O primeiro a ser preso em março de 2013, na Operação Sangue Frio, foi o diretor geral do Hospital do Câncer, Adalberto Siufi, que tinha praticamente um arsenal, quatro armas de fogo, entre revólveres e espingardas. Ele também foi conduzido a uma delegacia, pagou fiança e foi liberado.
Operação prendeu cinco e afastou dois funcionários no Acre
A Operação Asfixia, da Polícia Federal, cumpriu cinco mandados de prisão, sendo quatro preventivos e um temporário. A Justiça ainda afastou dois funcionários da Secretaria Estadual de Saúde do Acre.
Os seis mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Campo Grande, Rio Branco e no estado do Ceará.
Segundo a CGU (Controladoria Geral da União), o grupo apurou fraudes em licitações e contratos firmados pela Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e pela Fundação Hospitalar do Acre (Fundhacre). Há, ainda, suspeita de esquema de pagamento de propina a servidores estaduais. Até o momento, o prejuízo ao Erário é da ordem de R$ 1.573.301,195.
“Entre as fraudes constatadas, estão: adulteração de cilindros de oxigênio, mediante transvase (quando o produto é transferido para outros cilindros em quantidade menor); sobrepreço em atas de registro de preços; possível favorecimento a empresas suspeitas; e deficiência nos controles de entrega dos cilindros contratados”, diz nota do órgão fiscalizador federal.