Nunca a classe política brasileira se desligou dos interesses e debochou tanto dos brasileiros como no atual momento. No entanto, o movimento a favor da corrupção e da impunidade não acabou com os votos dos senadores Pedro Chaves (PSC), Waldemir Moka e Simone Tebet, ambos do PMDB. Agora será a vez dos deputados aderirem ao acordão da vergonha e cantar o hit “não tô nem aí” para salvar o presidente da República, Michel Temer (PMDB), acusado de corrupção passiva, obstrução da Justiça e chefiar uma organização criminosa.
Da bancada de Mato Grosso do Sul, ele já foi salvo uma vez pelo evangélico Elizeu Dionizio (PSDB), acostumado a citar Deus em praticamente todas as ações; Tereza Cristina Corrêa da Costa (PSB), acusada de integrar a bancada do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB); Geraldo Resende (PSDB), acusado de corrupção na Operação Uragano e acostumado a trocar de partido como de roupa; e Carlos Marun (PMDB), notório defensor de “inocentes” como Cunha, Temer e André Puccinelli (PMDB).
Para contar com o apoio de Tereza Cristina, oficialmente com um patrimônio de R$ 10 mil apesar de ser proprietária de fazenda em Terenos, Temer baixou a polêmica portaria que inviabiliza o combate ao trabalho escravo no País. Só para se entender a maldade da medida, até uma ministra do peemedebista classificou a medida como “revogação da Lei Áurea”, assinada pela Princesa Isabel no século XVIII.
Temer articulou pessoalmente para salvar o senador Aécio Neves – com nove inquéritos no STF, gravado pedindo R$ 2 milhões e ainda defendendo a designação de uma pessoa que possa matar para evitar a delação – para ter os votos tucanos de Dionízio e Resende. O senador tucano integra o grupo político do governador Reinaldo Azambuja.
Marun só recebeu “estofo” para ser fiel a Cunha, a quem acredita piamente ser inocente. Agora, em troca da fidelidade canina a Temer, o peemedebista ganhou, após dez meses, o cargo de coordenador da Funai, um órgão sem dinheiro, sem funcionário e estrutura, para garantir a boquinha a um ex-assessor.
Espera-se que os demais deputados mantenham a coerência e votem pela investigação de Temer, considerando-se que os crimes são mais graves do que a primeira denúncia: Luiz Henrique Mandetta (DEM),Dagoberto Nogueira (PDT), Zeca do PT e Vander Loubet (PT).
O acordão para salvar Temer não vai nos custar apenas vergonha mundial e internacional. Os votos favoráveis de Tereza, Elizeu, Marun e Resende vai custar muitas vidas, porque a manutenção da corrupção tira dinheiro da saúde, da segurança, da educação, da assistência social, entre outros.
Enquanto um dos integrantes do suposto grupo criminoso de Temer, como o ex-ministro Geddel Vieira Lima se locupletava com R$ 51 milhões em malas de dinheiro, muitos empresários fazem jornada exaustiva de até 14 horas e inclusive aos finais de semana para garantir o pagamento dos impostos e manter o próprio negócio.
Enquanto os deputados debocham da boa fé do brasileiro, o trabalhador junta as moedas para abastecer o carro com a gasolina custando quase R$ 4 o litro.
Após livrar o presidente de julgamento – porque o voto será só para permitir a continuidade da investigação – os deputados vão começar a discutir meios para dar a Temer condições de melhorar o caixa do Governo e uma das medidas será elevar o tempo de trabalho para concessão de aposentadoria. Servidores públicos vão ficar mais pobres, porque a alíquota previdenciária vai subir de 11% para 14%.
O esforço em Brasília, que conta até com o aval da presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Carmem Lúcia, é recuar no tempo, quando todas as denúncias de corrupção eram arquivadas e a sociedade brasileira era mais feliz, porque não havia tanta roubalheira.
Não custa ter esperança de que as coisas podem ser diferentes na quarta-feira, quando os deputados vão votar se rejeitam ou mantém a investigação contra Temer.
Se você ainda falar com um dos oito deputados sul-mato-grossenses, deixe claro a ele de que lado você está e peça que vote contra a corrupção, que além de custar vidas, deixa o brasileiro 30% mais pobre, segundo estimativa do FMI.
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