Empresa de Maringá, criada há quatro anos e com capital social de apenas R$ 900 mil, ganhou a licitação e ficou com dois dos três contratos milionários da obra de revitalização da Avenida Ernesto Geisel, entre o Shopping Norte Sul e a Rua do Aquário. Encalhado há cinco anos, o projeto tem nova tentativa de sair do papel com a segunda licitação concluída.
A obra foi marcada por polêmicas desde o início. Em 2012, na esperança de eleger o então deputado federal Edson Giroto para a prefeitura, Nelsinho Trad (PTB), licitou a obra e a Natilus Engenharia colocou uma máquina no leito do rio Anhanduí para encenar o início da obra.
A obra seguiu parada nas gestões de Alcides Bernal (PP) e Gilmar Olarte (sem partido), que ensaiaram tirar a proposta do papel, mas, de concreto, só foram os desmoronamentos das margens do rio, colocando em risco a vida dos motoristas que transitam pela avenida, um dos principais acessos dos bairros situados na saída para Sidrolândia até o Centro.
Para tirar a obra do papel, Marquinhos elevou o seu custo total em 160%. Inicialmente, a revitalização, idealizada por Nelsinho, contemplaria toda a extensão do Anhanduí, entre a Rua Santa Adélia e a Avenida Campestre, e custaria R$ 48 milhões.
Agora, o prefeito só vai executar um terço da obra, que foi dividida em três lotes e com custo total de R$ 57,7 milhões. Com o desconto de 16%, dado pelas empresas vencedoras, o custo ficará em R$ 48,4 milhões, mas contemplará apenas a parte nobre do projeto, entre o shopping e o início da Vila Jacy.
A Dreno Construções Eireli EPP, de Maringá (PR), ficou com dois lotes, que totalizam R$ 41,6 milhões e representam 72% do valor total da obra. Pelo contrato, o dono da empresa, Luiz Antônio de Oliveira, será obrigado a depositar 10% do valor previsto no ato da assinatura do contrato, para garantir a execução do serviço, R$ 4,1 milhões. O montante é quase cinco vezes o capital social da empresa criada em 26 de junho de 2013, de R$ 900 mil.
A empreiteira paranaense ofereceu desconto de 18,5% para ficar com o principal contrato, reduzindo-o de R$ 26,976 milhões para R$ 21,975 milhões, para a revitalização da avenida entre as ruas Abolição e Bom Sucesso, o trecho que mais alaga nos períodos chuvosos.
O segundo lote foi mais fácil, com desconto de 8,75%, e reduzindo o custo total da obra de R$ 14,685 milhões para R$ 13,4 milhões.
O primeiro lote, no valor de R$ 13,1 milhões, ficou com a empresa Gimma Engenharia, de Carapicuíba (SP), que possui capital social de R$ 10,8 milhões e atua há cerca de duas décadas. Ela fará o trecho entre as Santa Adélia e Abolição.
A gestão de Marquinhos vem se tornando especialista em dar contratos milionários para empresas pequenas.
A Reverson Ferraz, de Cerquilho, no interior de São Paulo, tinha capital social de R$ 150 mil em março deste ano, quando foi contratada, sem licitação, para produzir os uniforme para os 95 mil estudantes da rede municipal. Inicialmente, o valor previsto era de R$ 7,876 milhões.
A empresa não deu conta da demanda e atrasou a entrega dos uniformes. No entanto, o prefeito não a puniu pelo atraso, já que os estudantes só foram receber as camisetas dois meses após o retorno das aulas no segundo semestre.
Marquinhos decidiu premiar a Reverson, que já tinha elevado o capital social para R$ 1,2 milhão, pelo atraso e elevou o contrato em R$ 692 mil, passando de R$ 7,8 milhões para R$ 8,5 milhões.
Agora, voltando as obras da Avenida Ernesto Geisel, se não tiver nenhuma impugnação, os contratos devem ser assinados até novembro e as obras poderão começar em dezembro, a tempo das enchentes do verão.
E aí, com o alagamento levando as frentes de obra, o risco é o poder público bancar os prejuízos pelo mal planejamento e o desconto de R$ 9,2 milhões, obtido no certame, serem levados pelas águas de março.
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