Faltando um ano para as eleições, as pesquisas divulgadas nesta terça-feira começam a definir os principais personagens em 2018. Sem partido e aposentado há 12 dias, o juiz federal Odilon de Oliveira começa a despontar com favorito na disputa do Governo do Estado. Apesar da tornozeleira eletrônica e das denúncias, o ex-governador André Puccinelli (PMDB) segue forte.
Já as suspeitas de corrupção enfraqueceram o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que terá dificuldades em obter a reeleição, apesar dos R$ 165,4 milhões gastos com propaganda.
O levantamento mostra o cenário atual, mas uma série de fatores, ou seriam investigações, vão definir os rumos das eleições em Mato Grosso do Sul. Reinaldo é alvo de dois inquéritos no STJ (Superior Tribunal de Justiça) por corrupção. Apesar do tucano negar as denúncias e até chorar por ter a honra enlameada na delação da JBS, que o acusa de ter recebido R$ 38,4 milhões em propinas, o seu futuro é incerto.
Pela legislação brasileira, se o STJ aceitar a denúncia, ele pode ser afastado do cargo e assume a vice-governadora, Rose Modesto (PSDB), favorita para uma vaga na Câmara dos Deputados.
Principal nome do PMDB, Puccinelli depende do humor da Polícia Federal, que já o indiciou na Operação Lama Asfáltica, na qual apura desvio de R$ 230 milhões, e ainda deverá investigá-lo pelas delações da JBS, R$ 112 milhões em propinas, e da Odebrecht, R$ 2,3 milhões.
No entanto, se nada acontecer até lá, porque a Justiça brasileira e a sul-mato-grossense, em especial, são lentas e morosas, o atual cenário é que está valendo.
Conforme a sondagem do Ipems, divulgada pelo Correio do Estado e feita só em Campo Grande, maior colégio eleitoral do Estado, Odilon lidera com 36,67%, em empate técnica com Puccinelli, com 33,34%. A margem de erro da pesquisa é de 4,9% – um número para não correr nenhum risco.
Reinaldo não conseguiu dar o Novo Tempo e ficou em terceiro, com 14,82%, seguido pelo presidente da Cassems, o médico Ricardo Ayache (PSB), com 4,78%, e pelo prefeito de Costa Rica, Waldeli Rosa, que deve trocar o PR pelo PMDB, com 3,67%.
Todos os governadores eleitos ganharam na Capital, que dita a tendência da maior parte do Estado.
O levantamento do Ranking Comunicação, feita em 17 municípios com 3 mil eleitores, mostra cenário semelhante, mas com o ex-governador na dianteira.
No cenário principal, o mais factível, Puccinelli tem 21,66%, seguido por Odilon (20,16%), Reinaldo (15,63%), Ayache (5,20%), o deputado estadual Coronel David (PSC), com 4,43%, e ex-prefeito da Capital, Alcides Bernal (PP), com 3,70%.
Nos últimos dias, um movimento especulou o lançamento da candidatura de Marquinhos Trad (PSD), que poderia imitar o fanfarrão prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), e deixar o mandato após um e pouco para disputar outro cargo.
Ouvidor geral do município e responsável pelo instituto, Tony Ueno, encomendou a sondagem para verificar o humor do eleitorado com o chefe. Na simulação com Marquinhos, ele ficaria em 4º lugar, com 12,20%.
Neste cenário, não haveria certeza de quem iria para o segundo turno. Puccinelli ficaria com 17,6%, seguido por Odilon (14,03%), Reinaldo (12,83%), Marquinhos (12,2%) e o ex-governador Zeca do PT (4,56%).
Zeca sonha em disputar um cargo majoritário, uma das duas vagas de senador ou a sucessão do tucano. No entanto, o petista está inelegível porque foi condenado em segunda instância na farra da publicidade e dependerá de liminar do Poder Judiciário.
O Ranking sondou Odilon em vários cenários, como candidato a senador (líder absoluto) e deputado federal (também na liderança).
O juiz federal se aposentou no dia 5 e ainda está em tratativas para se filiar ao PDT. Ele deve impor condições, como assumir o comando do partido, para decidir o seu futuro.
O magistrado colhe os frutos de décadas ocupando espaços na mídia regional e nacional como o protagonista das ações de combate ao crime organizado, inclusive por ter confiscado e condenado poderosos narcotraficantes, como Fernandinho Beira-mar e Juan Carlos Abadia. Este último foi preso em 2007 e acusado de enviar 70 toneladas de cocaína para os Estados Unidos.
Além da figura mítica de herói, o juiz é um dos poucos candidatos com a ficha limpa e tem o menor índice de rejeição, de 2,63%.
Por outro, a pesquisa mostra que a rejeição dos integrantes da velha guarda não é alta. Fora do poder há quase três anos e apesar da chuva de denúncias, Puccinelli não só está em primeiro no Estado, como possui baixa rejeição, de 10,46%.
Reinaldo também possui rejeição pequena, de 9,3%, segundo o Ranking. O problema do tucano talvez seja mais a gestão fraca e sem grandes resultados, do que as suspeitas de corrupção. Nem os investimentos pesados em marketing estão conseguindo reverter a queda do governador nas pesquisas.
Líder venceu pleitos em 2002, 2006 e 2010. Zebra só em 1998
Para quem gosta de criticar pesquisa, pode citar os levantamentos de 1998, quando Pedro Pedrossian começou liderando e acabou fora do segundo turno. Na época, o espírito da sociedade era de renovação e venceu Zeca do PT.
Em 1996, o pleito começou com Levi Dias na liderança, mas acabou com a vitória de Puccinelli por 411 votos.
Em 2002, 2006 e 2010 venceu quem liderou o processo desde o começo. Zeca levou um susto, mas venceu Marisa Serrano (PSDB) no segundo turno.
Puccinelli levou no primeiro turno contra Delcídio do Amaral em 2006. Ele também liderou do início ao fim em 2010, quando derrotou Zeca pela segunda vez.
Nelsinho Trad, na época no PMDB, liderou a corrida desde o início e venceu as disputas da prefeitura em 2000 e 2004.
Em 2012, Bernal liderou a disputa para prefeito do começou ao fim e atropelou o mega esquema político e eleitoral montado por Edson Giroto.
Em 2014, como todos se lembram, Delcídio liderou do começo até o primeiro turno e perdeu de virada para Reinaldo no segundo turno.
Odilon assume o processo com perspectivas de vencer, principalmente, com a sociedade indignada com a corrupção e boa parte da cúpula política sul-mato-grossense dando as costas para a indignação popular.
2 Comentários
Dúvido que o Odilon, amigo do Gilmar Olarte, ganhe pra governo e senado.rsrs
o juiz Odilon é do PDT. tem partido sim!