A campanha ostensiva para combater a Aids refletiu na sífilis, que quase desapareceu do mapa do Brasil. No entanto, devido ao relapso da população, que abandonou o uso do preservativo nas relações sexuais, a doença voltou a assustar e o número de casos disparou em Mato Grosso do Sul. A Secretaria Estadual de Saúde já admite surto de sífilis.
A situação é gravíssima. Em 2010, o Estado registrou um caso da doença a cada 10 dias. No ano passado, um paciente foi notificado a cada três horas. Em números totais, o número de casos na população em geral saltou de 36, há sete anos, para 1.399, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Confira os números da doença em MS
2014 – 2.319
2015 – 2.632
2016 – 2.985
2017 – 1.052*
*parcial até o dia 16 de maio deste ano (SES)
O salto é expressivo também de sífilis congênita, transmitida da mãe para o filho na gravidez, que passou de 24, em 2003, para 425 no ano passado.
Até a notificação da doença em gestantes, que são monitoradas de perto por meio de exames pré-natais, cresceu expressivamente. Segundo levantamento da Secretaria Estadual de Saúde, em três anos, entre 2014 e 2016, houve aumento de 30%, de 890 para 1.161.
O Governo estadual admite que Mato Grosso do Sul está entre os primeiros no ranking nacional em casos de sífilis. Algumas cidades do interior têm até enfrentado pânico da população com o grande número de casos da doença neste ano.
Em maio deste ano, em entrevista ao jornal Correio do Estado, a gerente técnica do programa estadual de DTS/Aids e Hepatites Virais, Danielle Martins, já tratava o caso como surto – ou seja, a situação está fora de controle e o número de notificações está acima do previsto.
O problema não está restrito a Mato Grosso do Sul. Desde 2014, a sífilis vem causando uma corrida aos postos de saúde e hospitais em busca da penicilina benzatina, reconhecida como essencial no controle vertical da doença em maio do ano passado pela Assembleia Mundial de Saúde.
A principal causa da explosão no número de casos é a não utilização de preservativo, porque o principal meio de transmissão é a relação sexual.
O segundo motivo seria a disponibilização dos testes rápidos pelas autoridades de saúde, que permitem o diagnóstico mais rápido.
Onde fazer o teste rápido
Centro de Testagem e Aconselhamento
Rua: Anamdui, 299 Bairro Amabai
Telefone: 3314-3450
A outra preocupação é a notificação da doença em mulheres grávidas. Em Campo Grande, a Secretaria Municipal de Saúde lançará na terça-feira (18), o Comitê de Prevenção da Sífilis Congênita e de Investigação da Transmissão Vertical do HIV, HTLV (vírus linfotrópico da célula T humana), Sífilis e Hepatites Virais, para analisar as circunstâncias das ocorrências dos casos das doenças e quebrar a cadeia de transmissão em gestantes.
Neste ano, de acordo com o órgão, houve aumento de 17% no número de casos de sífilis em gestantes, que passou de 564 para 663 de janeiro a setembro, respectivamente de 2016 e 2017.
Saiba mais sobre a Sífilis
O que é?
A sífilis é uma doença sexualmente transmissível (DST), de natureza infectocontagiosa, podendo ser adquirida em qualquer fase da vida. É conhecida desde o século XV, quando se disseminou rapidamente pela Europa, e hoje em dia ainda é um problema de saúde importante em países subdesenvolvidos e desenvolvidos. Como a grande maioria das doenças infectocontagiosas, pode aumentar o risco de transmissão da AIDS.
O agente causador é uma bactéria conhecida como Treponema pallidum, que só acomete seres humanos. É conhecida há mais de cem anos, mas o seu cultivo em laboratório é muito difícil.
Transmissão
A transmissão ocorre pela relação sexual sem o uso de camisinha com indivíduo contaminado.
A mãe contaminada pode transmitir a doença durante a gestação ou na hora do parto (sífilis congênita). Por isso é importante que a mulher grávida faça o exame pré-natal.
Mais raramente, a sífilis pode ser transmitida pela transfusão sanguínea e objetos contaminados.
Sintomas
São conhecidos quatro estágios da doença: estágio primário, secundário, período latente e terciário.
- Estágio primário: as primeiras lesões aparecem em três semanas após a infecção, desaparecendo sozinha em algumas semanas. Essas lesões são chamadas de “cancro” ou úlceras e não são visíveis. Não existem sintomas neste estágio. O risco de contágio é grande.
- Estágio secundário: As lesões aparecem entre seis semanas e seis meses da infecção. As lesões, nesta fase, são visíveis e se localizam nas regiões palmar e plantar. Pode ocorrer também perda de cabelo, febre e mal estar.
- Período de latência: se caracteriza pela não exibição dos sintomas e dura de 2 a 4 anos. Ocorre somente a transmissão materno fetal (sífilis congênita). Esse período é interrompido quando há o aparecimento de sintomas dos estágios secundário e terciário.
- Estágio terciário: é caracterizado pela destruição dos tecidos infectados. Surge de dois a 40 anos após a infecção inicial. Os sinais apresentados são: lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas (demência, convulsões, perda de controle de movimentos, paralisia parcial), podendo levar à morte.
Diagnóstico
O diagnóstico sorológico é feito com o teste Teste Rápido, que está disponível no SUS.
Tratamento
O tratamento mais comumente utilizado é a benzatina (um tipo de penicilina). Outros antibióticos podem ser usados como a azitromicina, a doxiciclina e a tetraciclina.
(Dados da Infoescola)