Cinco meses após assumir o comando da Operação Lama Asfáltica, a maior ação de combate à corrupção e que envolve poderosos personagens da política estadual, o juiz substituto da 3ª Vara Federal de Campo Grande, Fábio Luparelli Magajewski, entrou de férias e pediu licença para realizar um curso. Agora, a operação que já detectou indícios de desvio de R$ 230 milhões dos cofres públicos em Mato Grosso do Sul vai ser comandada pelo substituto do substituto.
Especializada no combate aos crimes de lavagem de capitais, a 3ª Vara Federal está vaga desde o dia 5 deste mês, quando foi concedida a aposentadoria ao juiz federal Odilon de Oliveira. O magistrado vai trocar os tribunais pela urna, já que deve ser candidato a governador pelo PDT em 2018.
O órgão, sob o comando de Odilon, condenou os maiores narcotraficantes da fronteira com o Paraguai e levou ao confisco de aproximadamente R$ 2 bilhões em bens do tráfico de drogas. O Tribunal Regional Federal da 3ª Região deve começar o concurso interno de promoção para definir o novo titular da 3ª Vara Federal.
No entanto, a sociedade sul-mato-grossense acompanha com atenção o desdobramento da Lama Asfáltica, que envolve o ex-governador André Puccinelli (PMDB), o ex-deputado federal Edson Giroto e o empresário João Alberto Krampe Amorim, que dominaram os bastidores da política estadual nas últimas duas décadas.
Além deles, a operação, que já teve quatro fases e segue com vários inquéritos novos abertos, envolve outros grupos poderosos, como o empresário Rodolfo Pinheiro Holsback, dono de contratos milionários com o Governo estadual e responsável pelo projeto para construir o edifício mais alto de Campo Grande. Outro alvo da operação, João Roberto Baird, o “Bil Gates Pantaneiro”.
Contudo, a Lama Asfáltica estava sob o comando do juiz substituto Fábio Luparelli Magajewski desde maio deste ano.
Embora esteja na Justiça Federal há pouco mais de um ano, o magistrado entrou de férias no mês passado e só deve retornar em janeiro de 2018, segundo reportagem do Campo Grande News. Ele emendou as férias com licença para fazer um curso.
O TRF3 informou que o juiz substituto Ney Gustavo Paes de Andrade deve assumir o posto de Magajewski. Ou seja, a maior operação de combate à corrupção no Estado vai ficar sob o comando do substituto do substituto até janeiro.
Andrade integra a nova geração de magistrados, que assim como o antecessor, é da safra jovem. Ele se formou em direito no Centro Universitário Positivo em 2006 e tem especializações pela Fundação Getúlio Vargas e pelo Instituto de Direito Romeu Felipe Bacellar. Antes de ser aprovado para o cargo de juiz federal, ele passou nos concursos da Caixa Econômica Federal no Paraná e de procurador da Fazenda Nacional.
Juiz titular negou prisões e operação só andou com substituta
O primeiro juiz a analisar a Operação Lama Asfáltica, Dalton Kita Conrado, da 5ª Vara Federal, negou os pedidos de prisões feitos pelo MPF, inclusive contra o ex-governador André Puccinelli, em 9 de julho de 2015.
A operação deu um salto dez meses depois, em 10 de maio de 2016, quando a juíza substituta da 3ª Vara Federal, Monique Marchioli Leite, decretou a prisão de 15 suspeitos, inclusive de Giroto e Amorim, e determinou o bloqueio de bens de 24 pessoas, até do ex-governador, que totalizavam R$ 43,169 milhões.
Em 7 de julho de 2016, novo despacho de Monique, decretou a apreensão dos aviões, que teriam sido vendidos apesar da indisponibilidade pela Justiça.
Dez meses depois, em 11 de maio deste ano, novamente por determinação da juíza Monique, nova fase da operação, a Máquinas de Lama. Desta vez, ela decretou a prisão de três pessoas e a colocação de tornozeira em Puccinelli.
No total, o suposto prejuízo foi de R$ 230,3 milhões:
Lama Asfáltica – R$ 11 milhões
Fazendas de Lama – R$ 67,343 milhões (valor atualizado pelo MPF)
Aviões de Lama – R$ 2 milhões
Máquinas de Lama – R$ 150 milhões.