Os principais partidos de Mato Grosso do Sul não estão preocupados com a indignação da população com as denúncias de desvios de dinheiro público. Na crença de que as coisas não vão mudar tão cedo ou adotando o espírito de deboche mesmo, as siglas colocaram condenados ou investigados por corrupção como presidente regional, que vão comandar o processo eleitoral de 2018.
O último a ascender ao cargo máximo foi o ex-governador André Puccinelli, que substitiu o presidente da Assembleia Legislativa, Junior Mochi, no comando regional do PMDB.
Principal nome do partido e favorito a vencer eventual embate com o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), o peemedebista é réu na Operação Lama Asfáltica, conduzida pela Polícia Federal, que apura desvio de mais de R$ 200 milhões dos cofres estaduais. Em decorrência desta investigação, Puccinelli se viu obrigado a usar tornozeleira eletrônica por uma semana.
O presidente regional do PMDB ainda é citado nas delações premiadas da Odebrecht, por receber propina de R$ 2,3 milhões em 2010, e da JBS, por receber R$ 112 milhões.
Ainda foi denunciado na Operação Coffee Break, de ter articulado o suposto golpe para cassar Alcides Bernal, em 2014. Na esfera cível, o juiz aceitou a denúncia por improbidade, enquanto na criminal não houve análise da denúncia pelo juiz Márcio Alexandre Wust.
O PSDB está sob o comando do deputado licenciado Márcio Monteiro, atual secretário estadual de Fazenda. Ele é investigado no STJ (Superior Tribunal de Justiça) pelo suposto esquema de cobrança de propina em troca de manutenção dos incentivos fiscais para indústrias no Estado.
Delação da JBS, em que apura o pagamento de R$ 38,4 milhões em propina ao governador, ele é suspeito de emitir R$ 333 mil em notas fiscais frias. Monteiro ainda é réu em ação por conceder benefícios fiscais ilegais para uma cerealista de Dourados.
O PT, em declínio, mas com dinheiro no fundo partidário e tempo no horário eleitoral, está sob o comando de Zeca do PT desde junho deste ano. O ex-governador está inelegível porque foi condenado em segunda instância pelo Tribunal de Justiça em uma das 17 ações no escândalo da publicidade.
O petista ainda é acusado de ser o pioneiro no sistema de propina em troca de incentivos, segundo delação da JBS, e de ter cobrado R$ 400 mil para a campanha de Delcídio do Amaral pela Odebrecht.
Zeca ainda responde a dez ações por peculato no Supremo Tribunal Federal em decorrência dos supostos desvios ocorridos na farra da publicidade.
Com os bens bloqueados pela Justiça, o presidente regional do PTB, Nelsinho Trad, sonha em disputar o Senado com o apoio do irmão, o prefeito da Capital, Marquinhos Trad (PSD). Ele foi denunciado por uma força-tarefa do MPE por suposta fraude na operação tapa-buracos. Duas ações já resultaram no bloqueio dos bens e somam R$ 92 milhões. O pedido de bloqueio soma R$ 1,2 bilhão.
Nelsinho ainda cumpre medida cautelar, em que é proibido de frequentar bares à noite. Ele também foi denunciado na Operação Coffee Break.
O presidente regional do PP, Alcides Bernal, teve revés no mês passado, ao ter os bens bloqueados em ação por improbidade administrativa por causa da compra do apartamento de R$ 2 milhões. Para o juiz, ele não tinha condições de dar entrada de R$ 642 mil no apartamento, que teve os R$ 858 mil financiados junto à Caixa Econômica Federal.
O presidente regional do DEM, Luiz Henrique Mandetta, ainda responde no STF pelas supostas irregularidades apontadas pela CPI da Saúde, como o desvio de R$ 14 milhões na implantação do polêmico Gisa, que pretendia modernizar o atendimento de saúde da Capital, mas só rendeu ao consórcio vencedor.
O deputado estadual Lídio Lopes, do PEN, chegou a ter parte dos bens bloqueados por ter contratado uma funcionária fantasma na Assembleia Legislativa. Ela morava em Três Lagoas e postava viagens no Facebook, enquanto deveria cumprir expediente no legislativo estadual.
Os exemplos mostram que o PSDB não é o único a dar uma banana para a sociedade ao manter o senador Aécio Neves, acusado de uma dezena crimes e afastado do mandato pelo Supremo, na presidência do partido, apesar de estar afastado.
As eleições de 2018 vão nos tirar a dúvida e mostrar quem está certo.
Os políticos acreditam que ainda vale, com nova interpretação, a famosa frase: “rouba, mas faz”.
Ou seja, o cidadão esbraveja, xinga e se revolta, mas acaba mantendo o atual sistema de corrupção instalado no País. Será?
Todos garantem que são inocentes e vão provar que as denúncias não procedem.
Neste caso, a Justiça poderia dar uma ajuda e agilizar os julgamentos, para que gestores públicos não sejam punidos injustamente por carregar uma denúncia improcedente, simples assim.
1 comentário
Como não podia ser ao contrário???? Essa malta só legisla em proveito próprio. É a raposa cuidando do galinheiro.