A Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) demorou dez meses para lançar o edital de licitação dos equipamentos de fiscalização eletrônica, desligados desde dezembro do ano passado. Além de prever o religamento dos radares e lombadas eletrônicas da Perkons, a proposta prevê ofensiva sem precedentes contra irregularidades no trânsito. As inovações vão desde câmeras, que vão flagrar qualquer deslize, até a instalação de cerca eletrônica, que visa flagrar e monitorar todos os carros com algum tipo de irregularidade.
Será um choque para o campo-grandense, acostumado a dar jeitinho no trânsito. Os equipamentos serão mais avançados do que os atuais, porque vão dedurar todos os veículos com restrições, como atraso no pagamento do IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor).
O prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), prevê o desembolso máximo de R$ 38,4 milhões com a reativação dos equipamentos eletrônicos. O edital é amplamente favorável à Perkons, empresa que administrou o sistema desde a gestão de André Puccinelli (PMDB) e detém o contrato milionário com o Departamento Estadual de Trânsito.
Esta conclusão é possível porque os 49 radares serão instalados nos locais onde já funcionam hoje, como a Rua Ceará, perto do viaduto da Afonso Pena, na Avenida Duque de Caxias; as 20 lombadas eletrônicas atuais serão reativadas, como a instalada na Avenida Manoel da Costa Lima, em frente a Escola Amando de Oliveira, ou na Avenida Gury Marques, em frente a Anhanguera.
O mesmo ocorreu com os equipamentos misto, radar e avanço de sinal, que serão 37, como o instalado na Avenida Afonso Pena, em frente ao Shopping Campo Grande. A Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) não ampliou o número de locais sob fiscalização, como na Avenida Guaicurus, que vem ganhando fama de perigosa.
O prazo para a instalação dos equipamentos é apertado para quem for enfrentar a Perkons. Os equipamentos “novos” deverão estar funcionando nos locais, onde já existem, em até cinco meses. Apenas os novos equipamentos, como câmeras e a cerca eletrônica ganham prazo maior, como a partir do 5º mês ou até o 7º mês após a ordem de serviço.
Há um indicio de que Marquinhos pretende retomar a famosa indústria multa, porque traz no edital o número previsto de multas que deverão ser aplicadas pelos equipamentos: 102.440 por mês. Ou seja, a meta do município é multar 1,2 milhão de veículos por ano.
Pelo contrato, a Agetran prevê que os equipamentos instalados em novos locais deverão ser alvo de campanha educativa por 15 dias. Como os radares e lombadas já estão instalados e o motorista está acostumado a reduzir a velocidade, mesmo não multando desde dezembro, não deixa claro se a campanha vai atingir esses locais, ou seja, todos os previstos no novo contrato.
A novidade é que os equipamentos vão ser utilizados para flagrar veículos irregulares. Além de multar quem exceder na velocidade ou atravessar no sinal vermelho, os equipamentos fixos deverão registrar todo veículo com alguma restrição. Pelo menos 30% dos equipamentos deverão ter esta nova função.
Os dados serão encaminhados para o órgão de trânsito, que vai definir os locais de blitz com base nos dados.
Serão instaladas 20 câmeras, que vão ser utilizadas no videomonitoramento. Os locais de instalação ainda não foram definidos, mas as imagens vão ser usadas para multar os motoristas que cometerem irregularidades, como parar na faixa de pedestre, desrespeitar a sinalização, fazer conversão indevida, falar ao telefone celular, não usar o cinto de segurança.
A última novidade será o sistema de análise e inteligência de imagens veiculares – cerca eletrônica, que vai rastrear todos os veículos que trafegarem em determinada área.
Em tempo real, o sistema vai informar quais veículos com restrições cadastrais estão trafegando naquela determinada região, que pode ser o perímetro central. O agente de trânsito será informado da placa, horário e local em que o carro estiver trafegando.
O sistema também deverá informar os veículos regulares que trafegam pelo local em tempo real, com as 12 últimas imagens. Será igual aquela câmera da Polícia Rodoviária Federal, que vem circulando nos grupos de Whatsapp, em que é possível ampliar a imagem e verificar quem está dentro do carro.
Ao mesmo tempo que acaba com a privacidade do cidadão e aperta o cerco aos irregulares – como devedores de IPVA e documentação atrasada – o sistema será fundamental para ajudar na segurança pública. Neste caso, um veículo roubado poderá ser rastreado no perímetro da cerca eletrônica e localizado em questão de segundos.
Os indícios apontam que a Perkons deverá vencer a licitação a ser aberta em 6 de novembro deste ano.
O processo deverá levar, no mínimo, três meses, e os aparelhos só deverão ser reativados no primeiro semestre de 2018.
Trânsito matou 215 pessoas em 30 meses
A Agetran será mais rigorosa para reduzir os acidentes de trânsito em Campo Grande. Nos últimos dois anos e seis meses, acidentes mataram 215 pessoas no perímetro urbano da Capital.
Só neste ano, de janeiro a junho, foram 36 óbitos, dos quais 22 foram de mototiciclistas.
As principais causas de acidentes, conforme o Gabinete de Gestão Integrada, são:
- 26,8% – excesso de velocidade
- 19,5% – falta de habilitação do condutor
- 12,4% – abuso de bebida alcoólica
- 12,2% – avanço de sinal