A Justiça aceitou mais uma denúncia contra o empresário Breno Fernando Solon Borges, 37 anos, filho da desembargadora Tânia Garcia de Freitas Garcia, presidente do Tribunal Regional Eleitoral. Internado em uma clínica de luxo no interior de São Paulo após ser “salvo” pela mãe, ele se tornou réu por lavagem de capitais e integrar organização criminosa transnacional com a finalidade de tráfico de drogas e de armas.
Publicada nesta semana, a decisão, do dia 14 deste mês, é do juiz da 2ª Vara Criminal de Três Lagoas, Ronaldo Gonçalves Onofri. Ele aceitou a denúncia contra Breno, o chefe da facção criminosa, Tiago Vinicius Vieira, e os demais membros – Dario Aparecido Cunha de Almeida Júnior, Thais Camila Gimenes Alves, Mayara Alves de Souza e Matheus da Silva Alves.
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Onofri aceitou a denúncia feita com base na Operação Cérberus, da Polícia Federal, que prendeu os criminosos envolvidos na orquestração da fuga de Tiago, um bandido de alta periculosidade e considerado um dos chefes do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Breno é acusado de ter participado de duas tentativas de fuga do criminoso. Em 27 de março deste ano, conforme a PF, o filho do magistrada se deslocou até Três Lagoas para ajudar na fuga de dentro do Presídio de Segurança Média da cidade.
No entanto, eles desistiram porque houve reforço na segurança em decorrência da transferência de outro preso. Contudo, conforme observa o juiz, o grupo estava pronto para resgatar o líder em qualquer situação.
Por telefone, Tiago avisou Breno que a operação estava cancelada. O serralheiro insistiu em manter a fuga, apesar dos riscos. “Você que manda, calçado nós tá”, aconselhou Breno, conforme interceptação telefônica autorizada pela Justiça.
A segunda tentativa de fuga, no dia 28 de março, acabou frustrada porque os agentes apreenderam a arma e o telefone celular em poder de Tiago. No entanto, a policia não descobriu como os produto entraram na penitenciária.
A estratégia era fuga cinematográfica. Tiago receberia uma “encomenda”, que seria um fuzil, quando renderia os agentes junto com outros presos e sairia pela porta da frente do presídio. Breno e Dário estariam o esperando em dois veículos e armados.
A terceira tentativa de fuga seria em Campo Grande, quando Tiago deixaria o Presídio de Segurança Máxima para ir ao médico, mas o grupo foi preso pela PF no dia anterior ao plano, 13 de junho deste ano.
Breno não participou da terceira tentativa porque foi preso antes, em 8 dª te abril deste ano, na BR-262, junto com a namorada e o funcionário, com 130 quilos de maconha, 199 munições de fuzil calibre 762 e uma pistola nove milímetros.
O filho da presidente do TRE teve duas prisões preventivas decretadas pela Justiça, mas conseguiu deixar a cadeia após a mãe o interditar judicialmente. Tânia Garcia alegou que o filho é usuário de drogas e sofre do transtorno de Bordeline.
Em uma decisão polêmica, o Tribunal de Justiça concedeu habeas corpus e autorizou a internação de Breno na Clínica Maxwell, em Atibaia (SP).
Acompanhada por um policial civil, a desembargadora foi pessoalmente a Três Lagoas para retirar o filho do presídio e encaminhá-lo para a clínica de tratamento.
O caso se tornou escândalo nacional e será investigado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Aliás respingou até no irmão de Breno, o advogado Bruno Edson Garcia, que apareceu no Fantástico, da TV Globo, porque foi preso por um assalto em 2005 e acabou sendo internado em um julgamento relâmpago.
Na segunda-feira, ele irá a São Paulo para ser submetido à perícia judicial para confirmar se sofre do transtorno de personalidade.
O juiz Idail De Toni Filho, da Vara Única de Água Clara, quer saber se o empresário não tem condições de discernir o certo do errado, ou seja, de que não tinha noção de que estava praticando os crimes de tráfico de drogas e de armas.
Polêmico sem limites, Breno terá o destino julgado por três juízes
A situação da desembargadora Tânia Garcia de Freitas Borges não é fácil. Acusado de vários crimes, o seu filho está sendo julgado por três juízes. Quatro magistrados já analisaram o caso até o momento.
O primeiro juiz é Wilson Leite Corrêa, da 4ª Vara Criminal de Campo Grande, que analisa a denúncia de porte ilegal de arma. Em fevereiro, Breno foi preso com uma pistola nove milímetros.
O segundo é Idail De Toni Filho, de Água Clara, onde começou a polêmica após o empresário ser preso com drogas e armas. Neste momento, o processo está suspenso até a conclusão da perícia médica para decidir se mantém ou suspende a interdição judiciail.
Na 2ª Vara Criminal de Três Lagoas, o juiz Ronaldo Gonçalves Onofri, aceitou a denúncia por organização criminosa transnacional e lavagem de dinheiro.
A segunda prisão preventiva foi decretada pelo juiz da 1ª Vara Criminal de Três Lagoas, Rodrigo Pedrine Marcos.