A esperada modernização do Centro de Campo Grande ainda não saiu do papel, mas a Prefeitura de Campo Grande já garantiu o desembolso de R$ 2,2 milhões com a contratação de consultoria. Este valor ainda não considera a contratação de mais duas empresas para supervisionar a obra, que terá financiamento de US$ 56 milhões do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Apesar de a prefeitura contar com profissionais em todas as áreas, a contratação de consultoria vem se tornando uma mina de ouro. Geralmente, o valor desembolsado é muito superior ao gasto com o salário de um profissional concursado no mesmo nível.
Embora a Capital enfrente uma das piores crises da sua história, com servidores sem reajuste e risco de atraso no pagamento do 13º salário, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) mantém a tradição dos municípios e oficializou a contratação dos consultores.
De acordo com a assessoria do município, o projeto de revitalização do Centro, conhecido como Viva Campo Grande II está concluído e só depende das licitações das obras para começar a sair do papel.
A previsão é de que a primeira licitação neste sentido ocorra no próximo mês. Devido à complexidade do projeto, que prevê intervenção na Rua 14 de Julho, o coração do comércio central, o município não poderá pegar carona em licitação de outra cidade para apressar o processo, considerando-se o histórico da atual equipe responsável pela Central Municipal de Compras.
Aliás, morosidade é a marca do projeto. Idealizado ainda na gestão de Juvêncio César da Fonseca (PMDB) para manter o comércio no Centro, o programa sempre empacou em polêmicas, como a retirada do estacionamento ou retirada dos veículos da via.
O primeiro a efetivamente a retirar o projeto do papel foi Nelsinho Trad (PTB), que adotou medidas para combater à poluição visual. Contudo, apenas os empresários fizeram a sua parte, com a mudança na fachada das lojas. Quem não cumpriu as mudanças, acabou sendo multado.
Entre o golpes e tramas no subterrâneo da política, que marcaram a gestão de Alcides Bernal (PP), a proposta ficou na geladeira.
Marquinhos conseguiu assinar o financiamento no BID, que aprovou, em maio, a liberação dos R$ 175,2 milhões na cotação do dólar desta quinta-feira.
E dinheiro no Brasil, nas mãos do poder público, segue os tramites dos bons costumes, digamos assim.
Para dar início à revitalização, Marquinhos autorizou a contratação de profissionais para dar consultoria, que vão custar R$ 2,220 milhões. Quatro contratos foram firmados pelo período de 60 meses para dar apoio à Unidade Gestora do Programa de Desenvolvimento Integrado do Município de Campo Grande – Viva Campo Grande II.
Serão gastos R$ 600 mil com a consultoria em engenharia por Roberta Katayama Negrissoli; R$ 480 mil em socioambiental por Juliana de Mendonça Casadei; R$ 480 mil em economia e finanças por Eliane Elena Vilalba Gonçalves; e de R$ 480 mil em assessoria técnica para monitoramento e avaliação de informações das atividades de planejamento, controle e gerenciamento de processos administrativos, entre outros, por Renata da Silva.
O secretário municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, Rudi Fiorese, contratou consultor na área de engenharia elétrica por 60 dias para a adequação do projeto elétrico, que será feito por Airton Faria Vargas.
A Prefeitura informou que todos os contratos foram licitados. Antes da obra, também, o município já publicou o edital de chamamento público para definir, no fim deste mês, as empresas que poderão fazer a supervisão das obras.
Agora, as obras só devem começar em 2018.
Os mais pessimistas poderão apostar que só vão começar em 2020, último ano da gestão de Marquinhos Trad, a tempo de serem usadas no programa eleitoral. Mas isso é coisa de brasileiro, desiludido com o mau uso das coisas boas feitas pela classe política.
Estamos na torcida para que Marquinhos seja diferente e realize o sonho de dar nova cara ao Centro ainda neste mandato, porque só se passaram nove meses e o dinheiro é do BID.