O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) só contabilizou ganhos ao entrar na vida política. Em oito anos, conforme os dados disponibilizados pela Justiça Eleitoral, o patrimônio teve crescimento de 87,18%, o que representa aumento de R$ 17,629 milhões entre 2006 e 2014.
Atualmente, o tucano é considerado o segundo governador mais rico do Pais, com R$ 37,850 milhões, conforme a declaração de bens apresentada ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) em 2014.
Constam do patrimônio, três fazendas em Maracaju – Marabá, com 623 hectares, Taquarussu, 1.041 ha, e Barreirinho, 255 ha – casa, apartamento e benfeitorias nas propriedades rurais.
Na propaganda eleitoral daquele ano, ele destacou que acabou sendo obrigado a abandonar os estudos para assumir a administração dos bens da família após a morte do pai.
Em relação a 2006, quando ele disputou o cargo de deputado estadual e foi eleito, o patrimônio declarado à Justiça Eleitoral era de R$ 20,2 milhões.
Quatro anos depois, quando alçou voo maior e foi eleito deputado federal, houve a maior evolução, de 57,7%, para R$ 31,9 milhões.
Em 2012, quando concorreu à Prefeitura de Campo Grande e quase passou para o segundo turno, ele informou que tinha R$ 32,6 milhões.
Em dois anos, quando concorreu ao Governo estadual, houve outro salto significativo, de 15,7% (R$ 5,1 milhões).
Confira o valor declarado n o TRE por Reinaldo Azambuja
2006 – R$ 20.221.019,35
2010 – R$ 31.907.723,00
2012 – R$ 32.688.121,00
2014 – R$ 37.850.615,73
No entanto, o cálculo só incluiu os últimos oito anos, porque são os dados disponibilizados pela Justiça Eleitoral. O tucano começou a vida política como prefeito de Maracaju em 1996. Ele foi reeleito em 2000 e chegou a presidir a Assomasul (Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul).
O enorme patrimônio de Reinaldo chegou a ser apontado por parte dos eleitores em 2014 como motivo de confiança e voto. No entendimento da época, rico, ele não tinha motivos para se envolver em corrupção, mal que assombrava a campanha do adversário e favorito na disputa ao Governo na época, o então senador Delcídio do Amaral.
O tucano acabou sendo eleito governador no segundo turno. Delcídio acabou se enrolando nas denúncias da Operação Lava Jato, foi preso e acabou sendo cassado pelo Senado.
No entanto, a fama de milionário não livrou Reinaldo de ser acusado de corrupção. Em delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal, a JBS o acusou de receber R$ 38,4 milhões em propinas em troca de isenção fiscal de aproximadamente R$ 1 bilhão.
Ele rechaçou a denúncia e fez périplo por órgãos e entidades de classe para apresentar provas e acusar os irmãos Batista de líderes de uma organização criminosa. Joesley e Wesley Batista foram presos na semana passada e reafirmaram a acusação contra o tucano e outros 1.828 políticos.
Durante reunião com o governador, o procurador geral de Justiça adjunto, Humberto Brites, até citou o patrimônio do governador como motivo para corroborar com a sua defesa, de que não havia motivos para se envolver em atos ilícitos.
Contudo, nova denúncia feita pelo Fantástico, da TV Globo no domingo seguinte ao encontro, obrigou Brites a emitir nota de que o tucano seria investigado por corrupção. A denúncia foi feita por três empresários, incluindo a Assocarnes (Associação de Frigoríficos), de que havia cobrança de propina por integrantes do Governo para manter os incentivos fiscais.
Reinaldo negou as denúncias e acusou os empresários de vingança porque perderam benefícios concedidos de forma irregular.
Com a prisão dos donos da JBS, o tucano ganhou um fôlego na opinião pública. No entanto, os dois processos ainda estão no Superior Tribunal de Justiça, sob a análise do ministro Félix Fischer.
A situação pode ficar melhor ou pior nos próximos dias. O principal motivo da tensão é a delação do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, que citou o tucano na prévia do acordo de colaboração.
Como o caso tramita em segredo, ainda não se sabe se ele confirmou a denúncia contra Reinaldo. Se confirmar, será uma péssima notícia e pode tirar o governador do cenário de favorito na disputa em 2018.
No entanto, se excluir o tucano da delação, já que Funaro é um operador do PMDB, o tucano ganha fôlego para disputar a reeleição.