O drama dos funcionários demitidos pelo diretório regional do PT em Mato Grosso do Sul parece novela mexicana, a cada dia uma situação pior e mais inusitada. Além de ficar sem a rescisão, eles correm o risco de não receberem a restituição do Imposto de Renda neste ano. O partido recolheu o tributo, mas não repassou à Receita Federal.
O PT é um caso clássico de defender uma coisa e praticar outra. Mesmo inelegível após ser condenado pelo Tribunal de Justiça na farra da publicidade, o deputado federal Zeca do PT foi eleito presidente regional.
Demissão sem pagar rescisão causa polêmica
A primeira medida do parlamentar foi demitir todos os funcionários, inclusive seus ex-aliados, porque seriam ligados ao antecessor, Antonio Carlos Biffi. O inusitado é que a retaliação ocorreu mesmo Zeca contando com o apoio do grupo do ex-deputado federal.
Um dos principais defensores dos trabalhadores na Câmara dos Deputados e crítico da Reforma Trabalhista de Michel Temer (PMDB), porque tira direitos e reduz o acesso da população mais carente à Justiça do Trabalho, Zeca demitiu os funcionários, mas não pagou a rescisão.
Os trabalhadores foram obrigados a recorrer à Justiça para receber os direitos trabalhistas. Para se ter ideia da agonia, após a realização da primeira audiência no mês passado, a próxima só deve ocorrer no início de 2018.
Sem o dinheiro da rescisão, os demitidos descobriram que correm risco de ficar sem a restituição do IR. Eles estão sendo notificados pela Receita Federal para corrigir a pendência para não caírem na malha fina.
Desta vez, o PT deu calote no fisco federal – descontou dos funcionários o imposto, mas não repassou o dinheiro para a Receita. Para a situação ser regularizada, o PT deve pagar em torno de R$ 80 mil para o Leão.
Este é mais um problema a ser resolvido por Zeca do PT, já que o partido está sem fundo partidário, que era de R$ 70 mil por mês.
Até aliados de Zeca reconhecem o erro do dirigente da sigla: demitir os funcionários sem pagar as rescisões.
Biffi também enfrentou a falta de dinheiro, mas priorizava, pelo menos, o pagamento dos salários dos funcionários. Ele admite que deixou atrasar o recolhimento do FGTS e outras contribuições, mas priorizava o possível.
Na manhã de hoje, durante o tradicional protesto de 7 de Setembro, o Grito dos Excluídos, os demitidos fizeram manifestação contra Zeca, pelo calote nas rescisões. O inusitado é que a manifestação sempre teve o apoio do PT, como neste ano, em que protestou contra o arrocho imposto por Temer aos mais pobres.
A crise petista deve ter novo desfecho na próxima semana, quando cerca de 300, do grupo ligado ao ex-deputado Biffi, devem realizar ato para oficializar o desembarque do PT.