A reviravolta na delação premiada da JBS, que pode ter pontos revistos pelo Ministério Público Federal, deu razão aos argumentos do governador Reinaldo Azambuja (PSDB),de que os empresários são líderes de uma organização criminosa. No entanto, a revisão não deve livrar o tucano de ser investigado pela suposta propina de R$ 38,4 milhões em troca de isenções fiscais à multinacional.
Conforme o procurador geral da República, Rodrigo Janot, novas gravações revelam que o procurador Marcelo Paranhos Muller, que atuava como um dos auxiliares da Força Tarefa da Lava Jato no MPF, orientou os donos e executivos da JBS na formalização da delação premiada.
Novas gravações de conversas entre Joesley Batista e Ricardo Saud revelam que eles planejavam gravar o ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para implodir o Supremo Tribunal Federal. No entanto, a empreitada fracassou porque o ex-ministro de Dilma Rousseff (PT) se esquivou da proposta dos empresários e não entregou nenhum ministro.
No entanto, nas novas gravações comprometem quatro ministros do STF. Conforme a Revista Veja, um ministro ficaria em situação complicada com a revelação dos áudios e poderia responder criminalmente.
Janot pediu ao STF a divulgação dos áudios no trecho denominado Piauí. A decisão caberá ao ministro Edson Fachin, relator do caso no Supremo e responsável pela homologação da delação premiada da JBS.
As novas revelações reforçam a tese do governador sul-mato-grossense de que os irmãos Batista agiram como chefes de uma organização criminosa. Com o apoio de Muller, eles estavam definindo a abrangência da delação, quem deveria ser punido ou salvo. Pelo acordo firmado com o MPF, a empresa deveria entregar todos os crimes.
Agora, Joesley, Ricardo Saud e Francisco da Silva, advogado da empresa, podem perder o benefício do perdão judicial e ser presos pelos crimes praticados.
Além de levar os executivos à cadeia, o avanço da investigação não deve livrar os demais acusados de corrupção dos crimes praticados. Seria uma vergonha para a política, para a sociedade, para a nação e para a Justiça brasileira.
Neste caso, Reinaldo não deve conseguir anular a delação e deixar 1.829 políticos acusados de corrupção impunes.
Inclusive o tucano deverá continuar sendo investigado pelo Superior Tribunal de Justiça. Além dos depoimentos de Joesley, Wesley Batista e Valdir Boni, há notas fiscais frias, que totalizam R$ 28,4 milhões, que foram anexadas ao processo como provas do pagamento de propina.
Além disso, segundo Wesley, foram pagos R$ 10 milhões em espécie na Governadoria diretamente ao Governador. Graças ao pagamento da propina de R$ 38,4 milhões, a empresa obteve isenção fiscal de aproximadamente R$ 1 bilhão do governo em dezembro de 2015.
Para complicar a situação de Reinaldo, outras empresas acusam ele e integrantes da equipe de cobrar vantagens indevidas para manter os incentivos. No mês passado, o juiz Carlos Alberto Garcete enviou o caso para o STJ, onde só o empresário José Alberto Berger, revela que pagou R$ 500 mil para reativar os incentivo ao curtume Braz Peli.
Agora, surge o escândalo de corrupção no Detran. Uma empresa sem equipamentos e funcionários de informática ganha contrato de R$ 7,4 milhões, sem participar de licitação porque seria “especializada”. O mais grave, a Pirâmide Central Informática só ampliou o capital social em 9.900%, de R$ 5 mil para R$ 500 mil, um mês antes de ser contratada.
A Digix, mesma empresa que repassou R$ 2 milhões à Pirâmide, e mantém contratos milionários com o Governo, repassou R$ 865 mil à produtora CasaBrasil, que fez a campanha de Reinaldo em 2014.
De acordo com o Gaeco, o repasse ocorreu entre 8 de agosto e 17 de outubro daquele ano e deve ser investigado, porque não havia qualquer relação entre as empresas antes dos repasses.
O secretário de Fazenda, Márcio Monteiro, é réu em uma ação por isentar do pagamento do Fundersul e reduzir o pagamento de ICMS de uma empresa de Dourados. Ele continua no cargo.
As suspeitas continuam sobre o Governo, apesar dos esforços de Reinaldo em elevar a popularidade com os investimentos em propaganda.Ele diz que é inocente e vítimas de bandidos, que reagiram atacando porque perderam benefícios com as medidas de austeridade tomadas pela atual gestão.
Ontem à noite, o governador recorreu ao prefeito Marquinhos Trad (PSD) e aos vereadores para tentar reconquistar o campo-grandense. Obras federais prometidas desde a gestão de Nelsinho Trad (PTB) foram reembaladas e lançadas como “novidade”.
O hilário é que a propaganda ganhou um valor em cada veículo de comunicação: R$ 180 milhões, R$ 300 milhões e até R$ 480 milhões.
Agora, o eleitor vai decidir qual futuro deseja para o nosso Estado. Ele pode optar pelo desenhado pela propaganda, de que tudo está maravilhoso.
Ou enxergar o real, que precisa ser melhorado. E muito!