Levantamento do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) revela que a juiz estadual teve salário médio de R$ 95.895, o maior no País e quase três vezes acima do suposto teto. Famoso por não punir a corrupção que assola e envergonha a sociedade sul-mato-grossense, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul se tornou em fábrica de milionários, considerando-se que o vencimento anual médio do magistrado ficou em R$ 1,2 milhão.
Enquanto muitos trabalhadores e empresários lutam anos para juntar dinheiro e ganhar R$ 1 milhão, os 198 juízes e desembargadores de Mato Grosso do Sul conseguiram essa façanha trabalhando no ano passado.
Em junho, salário chegou a R$ 143 mil
A pesquisa “A Justiça em Número 2017 – ano base 2016” foi divulgada ontem pela presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal, ministra Carmem Lúcia. A verdade é estarrecedora para quem já se espanta com a agilidade da Justiça estadual em alguns casos e a morosidade em outros. Uma coisa é certa: falta de dinheiro não é problema.
No ano passado, a Justiça Estadual teve orçamento de R$ 900 milhões, o maior entre os tribunais de sua categoria, de pequeno porte.
Trabalhador levaria uma vida para ter o pago em sete meses ao magistrado
O Tribunal de Justiça paga o maior salário médio do País: R$ 95.895. Um trabalhador levaria sete anos e 11 meses para ganhar o valor pago ao juiz em um único mês. Em sete meses, o magistrado recebe o que o simples mortal gastaria toda a vida para ganhar em salário.
De acordo com o CNJ, o segundo maior salário foi pago pelo Tribunal de Justiça de Goiás, R$ 70.573 – o sul-mato-grossense recebeu 35% a mais.
O valor gasto com salários e benefícios de juiz no Estado é o dobro da média nacional, de R$ 47.703.
São Paulo, uma das cidades mais caras no mundo, pagou R$ 42.951, menos da metade do desembolso feito com os juízes sul-mato-grossenses.
Em relação ao Piauí, que paga R$ 23.387, o TJMS paga 310% a mais.
Por outro lado, os 5,4 mil funcionários do Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul não receberam o maior salário do país. De acordo com o CNJ, o servidor do TJMS custou R$ 11.472 por mês, o 14º lugar no ranking nacional.
Os números revelam que o montante gasto com o Poder Judiciário sul-mato-grossense é expressivo, apesar de termos os mesmos problemas registrados em outras partes do País: falta de dinheiro para pagar salários mais justos para os professores, falta de médicos e remédios nos postos de saúde, ruas esburacadas, falta de estrutura e efetivo na segurança pública, entre outros problemas estruturais graves.
Ao permitir que parte significativa dos impostos custeie uma classe, a sociedade acaba arcando com o ônus de não ter dinheiro para solucionar outros conflitos.
Apesar de ser bem pago, o Poder Judiciário sul-mato-grossense protagonizou escândalo nacional neste ano.
A presidente do Tribunal Regional Eleitoral, desembargadora Tânia Garcia de Freitas Borges, conseguiu habeas corpus para internar o filho, o empresário Breno Fernando Solon Borges, apesar dele ter sido preso com 130 quilos de maconha, um pistola e 199 munições de fuzil calibre 762. Além disso, ele foi acusado pela Polícia Federal de comercializar armas de grosso calibre e ajudar na fuga de líder de facção criminosa.
Os escândalos de corrupção se sucedem no Estado sem que ninguém vá preso ou seja condenado.
E agora descobrimos que o problema não é salário, o maior pago a um juiz no País.
O que falta ao nosso Poder Judiciário para começar a faxina contra a corrupção em Mato Grosso do Sul?