Além da cúpula do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) e do ex-deputado estadual Ary Rigo (PSDB), a Operação Antivírus levou a prisão dos donos da Pirâmide Central Informática, José do Patrocínio Filho e Anderson da Silva Campos e do ex-sócio, Fernando Roger Daga. Em setembro do ano passado, a empresa “ganhou” contrato de R$ 7,4 milhões do órgão, sem licitação.
Todos os promotores e policiais do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) participaram da operação, que investiga, desde 2015, a existência de organização criminosa voltada à prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, fraude em licitação, peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Fundada em 2008, a Pirâmide tem capital social de R$ 500 mil e funcionava em um escritório de contabilidade, segundo denúncia já publicada pelo portal Midiamax.
Em dezembro do ano passado, o presidente do Tribunal de Contas do Estado, conselheiro Waldir Neves, homologou a contratação da Pirâmide por R$ 9,4 milhões. No entanto, apesar de ser ligado aos tucanos, ele formalizou o contrato após licitação.
Em decorrência de irregularidades nos contratos de informática, o Gaeco cumpriu três mandados de prisão temporária e nove preventivas e 29 de busca e apreensão, que foram autorizados pelo juiz da 2ª Vara de Execução Penal de Campo Grande, Mário José Esbalqueiro Júnior.
Além de prender 12 pessoas, a operação apreendeu R$ 95 mil em dinheiro em poder de um dos detidos, documentos, notebooks, tabletes e telefones celulares.
O presidente do Detran, Gerson Claro Dino, foi encaminhado ao Centro de Triagem. Ele chegou a falar com a imprensa antes de ser preso e tentou se eximir de culpa ao espalhar que a investigação mirava a gestão anterior.
Apesar dele estar preso, ele continua dirigindo o órgão. O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) cumpre agenda em São Paulo, onde foi surpreendido com a prisão do amigo. Durante posse de Gerson Claro no cargo, em 1º de janeiro de 2015, o tucano fez questão de deixar claro que a indicação dele era da sua cota pessoal e confiava na idoneidade do presidente do órgão de trânsito.
Em nota, ele destacou que o caso será acompanhado pela Procuradoria Geral do Estado e Controladoria Geral do Estado. “O governador manifestou apoio às investigações e aguarda esclarecimentos dos órgãos de controle para definir as medidas legais cabíveis no âmbito da Administração Pública”, destacou.
Confira a relação dos presos:
Prisão temporária:
- Ary Rigo – suspeito da prática dos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção face a sua ligação com a empresa DIGITHOBRASIL (nome fantasia DIGIX)
- Jonas Schimidt das Neves, sócio da empresa DigithoBrasil
- Claudinei Mastins Rômulo, funcionário da DigithoBras
Prisão Preventiva
- José do Patrocínio Filho (sócio Pirâmide Informática)
- Fernando Roger Daga (ex-sócio Pirâmide Informática)
- Anderson da Silva Campos (sócio Pirâmide Informática)
- Luiz Alberto de Oliveira Azevedo, servidor público estadual lotado na Secretaria de Governo do Estado de Mato Grosso do Sul
- Gerson Claro Dino (diretor presidente do Detran)
- Donizete Aparecido da Silva (diretor presidente adjunto Detran)
- Erico Mendonça (chefe de orçamento e finanças do Detran)
- Celso Braz de Oliveira Santos (diretor de administração e finanças do Detran)
- Gerson Tomi (diretor de tecnologia do Detran)
Foram alvo de busca e apreensão:
1) os gabinetes dos diretores do DETRAN presos nesta data;
2) a residência e o gabinete de trabalho de Luiz Alberto de Azevedo, lotado na Secretaria de Governo de Mato Grosso do Sul;
3) a residência e o gabinete de Parajara Moraes Alves Júnior, lotado no Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul,
4) as empresas DIGITHOBRASIL, A3A (nome fantasia Digitec) e M3M (nome fantasia Digitho), todas localizadas no mesmo endereço em Campo Grande;
5) a residência de Suely Aparecida Carrilhões de Almoas Ferreira, sócia da DIGITHO;
6) a residência de Claudinei Martins Rômulo;
7) a residência, propriedade rural e escritório de Jonas Schimidt das Neves;
8) a residência e no escritório de Ary Rigo;
9) a empresa M2 Comunicações LTDA. (nome fantasia PRODUTORA CASABRASIL);
10) PIRÂMIDE CENTRAL INFORMÁTICA e PIRÂMIDE DE CONTABILIDADE;
12) a residência de José do Patrocínio Filho,
13) a residência de Anderson da Silva Campos;
14) a residência de Fernando Roger Daga;
15) a residência e a empresa North Consult, ambas de propriedade de José Sérgio de Paiva Júnior;
16) a residência de Gerson Claro Dino;
17) a residência de Celso Braz de Oliveira Santos;
18) a residência de Gerson Tomi;
20) na empresa Master Case Digital Business LTDA.