O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) adotou critério mais político do que republicano para definir o índice do rateio do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) entre os 79 municípios sul-mato-grossenses. Campo Grande perdeu participação no ano passado e pode ser penalizada, mais uma vez, com nova redução neste ano, tornando o índice o menor em 28 anos, apesar do crescimento econômico registrado nas últimas três décadas.
O prejuízo pode ser de R$ 54 milhões só com o cálculo feito neste ano, visando 2018. Na prática, o governador dará um “presente de grego” à Cidade Morena, que completa 118 anos neste sábado, já que as perdas podem superar R$ 130 milhões.
Governo fez milagre para beneficiar algumas cidades
Para tentar decifrar o “critério técnico”, adotado pelo secretário estadual de Fazenda e presidente regional do PSDB, Márcio Monteiro, O Jacaré vai mostrar a evolução do valor adicionado, que define 75% do índice final do rateio, dos municípios de Corumbá e Campo Grande.
Antes da definição dos candidatos, a expectativa dos tucanos era perder em Corumbá para o prefeito Paulo Duarte (PDT), que liderava as pesquisas, e ganhar em Campo Grande, com a oscilação positiva nas pesquisas da vice-governadora Rose Modesto (PSDB).
Na Cidade Branca, a primeira previsão, publicada em julho do ano passado, era de que o valor adicionado teve queda, de 8,3460% para 5,4913%.
No entanto, sem qualquer milagre econômico ou movimento recorde na economia local, tudo mudou com a vitória do tucano Ruiter Cunha na disputa pela prefeitura. O índice explodiu, literalmente, para 11,0888%. O movimento da economia corumbaense passou de R$ 3,973 bilhões para R$ 9,705 bilhões.
O contrário ocorreu em Campo Grande. Com a perspectiva dos tucanos assumirem a prefeitura pela primeira vez, depois de serem coadjuvantes do PMDB por 16 anos, o Governo calculou que o valor adicionado seria de 25,510%.
Bastou pesquisas apontarem a derrota de Rose Modesto, para que o secretário de Fazenda passasse a enxergar com pessimismo a economia campo-grandense. Na caneta tucana, para punir a eventual vitória de Marquinhos Trad, a cidade teve o valor adicionado reduzido para 22,2363%.
A mudança de humor do governador tucano com a eleição causou prejuízos para a cidade, apesar do prefeito Alcides Bernal (PP) ter contratado um esperto no assunto, o ex-secretário adjunto de Fazenda e ex-auditor-geral do Estado, advogado e fiscal de rendas Gilberto Cavalcante.
Neste ano, com o objetivo de fechar a torneira para o prefeito, que apesar das aparências é um potencial adversário nas eleições de 2018, o tucano reduziu ainda mais o valor adicionado deste ano, para 18,320%. Ou seja, nas contas da administração estadual, a Capital do Estado está ficando menor.
De acordo com reportagem do Campo Grande News, a previsão é de que o índice do rateio para a Capital fique em 18,6150% em 2018 – só inferior aos 15,9224% registrados em 1989, na gestão de Lúdio Coelho.
Para tentar reverter a queda, a prefeitura apurou que houve “erro” de R$ 5 bilhões no cálculo do rateio para 2018. Ou seja, para prejudicar Marquinhos, o governador “sumiu” com esta quantia absurda do valor adicionado, o que poderá prejudicar mais ainda a cidade, já castigada por golpes, boicotes e vinganças com fins políticos.
Para completar o “presente” para Campo Grande, nesta sexta-feira, a secretária estadual de Educação, Maria Cecília Amendola da Motta, anunciou que o centro de línguas está com as atividades suspensas desde ontem. Cerca de 1,5 mil estudantes carentes da Capital ficam sem a oportunidade de aprender inglês, espanhol, francês e alemão e se preparem para o futuro.
Para amenizar o desgaste, o governador “firmou” pacto com os vereadores para garantir investimentos de R$ 60 milhões na cidade. No desespero, até obra com recurso federal, como é o caso da revitalização da Avenida Ernesto Geisel, com recurso em caixa desde 2012, foi incluída como obra da gestão Azambuja.
Os vereadores foram convocados a produzir duas faixas cada para enaltecer o empenho do governador em “salvar” Campo Grande.
Entra uma festa e outra, teremos ainda as denúncias de corrupção para assustar os ocupantes do Parque dos Poderes.
Campo Grande passa a viver a sina dos idosos no Brasil. Depois que completou 100 anos, a Cidade Morena não tem mais seus direitos respeitados pelos cidadãos de bem.