Campo Grande ainda sofre com a falta de dinheiro para acabar com os buracos nas ruas, a falta de remédios e médicos nos postos de saúde, dar reajuste aos funcionários públicos, pagar o piso previsto em lei aos professores da rede municipal e retomar dezenas de obras paradas. Contudo, este não é o problema da Câmara Municipal, que já gastou R$ 3,033 milhões neste ano com publicidade.
A farra do legislativo, presidido pelo vereador João Rocha (PSDB), com comunicação está publicada no Portal da Transparência da Câmara Municipal.
De acordo com o órgão, foram firmados dois contratos neste ano, sendo R$ 1,761 milhão com a Ággil Publicidade e R$ 1,272 milhão com a M & V Comunição e Planejamento. Os empenhos foram feitos nos dias 8 de março e 24 de julho deste ano. As duas empresas já receberam R$ 1,946 milhão.
O gasto é vultoso e significativo, considerando-se que poderia ser utilizado paga pagar os salários dos terceirizados da Omep e Seleta, que foram demitidos após o rompimento dos contratos por determinação judicial. A maioria são trabalhadores que recebe pouco mais de um salário mínimo por mês.
No entanto, devido a falta de dinheiro por parte da prefeitura, eles só começaram a receber nesta semana, quase dois meses após serem demitidos pelo poder público. A rescisão deve somar R$ 25 milhões, mas a prefeitura só vai pagar R$ 2 milhões nesta semana.
Enquanto famílias sobrevivem de “migalhas” pagas pelo município, apesar do direito ao recebimento integral da rescisão, os vereadores torram o dinheiro em publicidade.
O gasto com comunicação não é ilegal, já que os vereadores precisam prestar contas do mandato.
Contudo, é vergonhoso o montante gasto, considerando-se, principalmente, que a Capital enfrenta grave crise financeira. Os cerca de 5 mil professores, por exemplo, teriam direito ao piso nacional para jornada de 20 horas, mas, desde 2015, eles não conseguem a correção prevista em lei aprovada pelos vereadores.
A prefeitura só vai normalizar em novembro o estoque de medicamentos nos postos de saúde. Com o desemprego em alta, muitos trabalhadores estão praticamente trocando a comida pelo tratamento médico, porque a rede pública não lhe garante o direito constitucional.
Em tempos de crise política, moral e econômica, a Câmara Municipal deveria ser mais comedida com os gastos supérfluos e limitar-se a campanhas de orientação e de caráter educativo.
No entanto, João Rocha, um dos 24 denunciados na Operação Coffee Break, não parece preocupado com os problemas da população.
O Correio do Estado apontou diversas irregularidades na locação de máquinas pesadas pela prefeitura, que previa gasto de R$ 50 milhões. Nenhum vereador se prontificou a cobrar transparência no processo e melhor gasto com o dinheiro público.
Dois casos mostram o absurdo do silêncio dos vereadores. Em março deste ano, Marquinhos contratou, sem licitação, a empresa Reverson Ferraz, no interior de São Paulo, para fornecer os uniformes para as escolas municipais.
O valor gasto, R$ 7,8 milhões, seria 81% maior que o gasto no ano anterior. E pior, a empresa não conseguiu atender a demanda e atrasou a entrega dos uniformes. Nenhum vereador se manifestou sobre o assunto. Neste mês, o prefeito elevou o contrato em R$ 692 mil, apesar do atraso na entrega do vestuário dos estudantes.
Além de não economizar, o contrato gerou empregos no interior de São Paulo. O reflexo do descaso é o alto índice de desemprego no Estado, de 8,9%, recorde desde que o índice começou a ser calculado pelo IBGE em Mato Grosso do Sul.
A Prefeitura fez contrato emergencial, novamente sem licitação, com sete empreiteiras para realizar a operação tapa-buracos no início do ano. Quatro meses depois, os contratos foram reajustados em 25% e as empresas vão receber R$ 24,3 milhões sem por fim à buraqueira nas ruas e avenidas da Capital.
A temporada de chuvas deve recomeçar em setembro e o município ainda não abriu a licitação para escolher as empresas que farão a operação tapa-buraco no período. Nenhum edil cobrou celeridade do município na contratação para evitar as contratações emergenciais e sem licitação para favorecer amigos em detrimento da lisura no gasto do dinheiro público.
O gasto exorbitante do legislativo com publicidade mostra que a renovação não fez bem à Câmara Municipal.
Na política brasileira, para desalento do eleitor, substituem-se os atores, mas não se mudam os costumes.
Câmara gasta R$ 202 mil com sessão solene de aniversário da Campo Grande
A Câmara gastou R$ 202 mil com a realização da Sessão Solene de Outorga do Título de Cidadão Campo-grandense 2017, que ocorreu ontem à noite no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo.
Para celebrar os 118 anos de Campo Grande, os vereadores fizeram homenagens a 84 personalidades da cidade com a entrega do Título de Cidadão, Mérito Legislativo e Cidadão Benemérito.Não teve crise para promover a solenidade, apesar dos problemas enfrentados no dia a dia pelo cidadão de Campo Grande.
Confira os gastos com o evento desta quarta-feira:
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R$ 77.600, 80 mil revistas com o balanço do primeiro semestre – Projesom Áudio e Imagem
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R$ 62.350, confecção de 860 medalhas com estojo de veludo – Rene Maia de Oliveira – ME
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R$ 22.800, placas de visitante ilustre e Título de Cidadão – Rene Maia de Oliveira – ME
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R$ 7.700 – estrutura operacional, com recepcionista, púlpito e marcadores de fila – Jorge Miguel da Silva Garcia
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R$ 7.500, decoração e mesa de autoridades
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R$ 5.000, apresentação cultural
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R$ 7.520, segurança
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R$ 7.550, locação de mesas
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R$ 4.100, estrutura de projeção