Depois de hibernar por alguns meses, o TCE (Tribunal de Contas do Estado) deu sinais de que retomou a fiscalização dos gastos públicos em Campo Grande e suspendeu, liminarmente, o gasto milionário do prefeito Marquinhos Trad (PSD) com a locação de máquinas pesadas e caminhões. Duas empresas seriam contratadas por R$ 50,1 milhões para a manutenção de vias sem pavimentação.
O gasto milionário é superior ao previsto com a polêmica operação tapa-buracos, que prevê gasto de R$ 47 milhões por ano. Destaca-se que este valor é o máximo e a escolha das empresas só deve começar em setembro, apesar da buraqueira que voltou a tomar conta das ruas e avenidas pavimentadas da cidade nos últimos dias.
A locação de máquinas foi lançada por Alcides Bernal (PP) e uma das poucas mantidas por Marquinhos. As demais, ele suspendeu, inclusive a compra dos uniformes.
Após não se manifestar diante de outros contratos “estranhos”, como a compra sem licitação de uniformes caríssimos de uma pequena empresa no interior de São Paulo, que não conseguiu dar conta da demanda e deixou os estudantes frequentarem as aulas por mais da metade do ano sem o vestuário – o TCE decidiu ressurgir.
Na sexta-feira, o conselheiro Jerson Domingos acatou recomendação da 3ª Inspetoria do Controle Externo do TCE, que apontou uma série de irregularidades.
O Correio do Estado denunciou uma série de irregularidades, como o fato de uma das empresas vencedoras da licitação estar proibida de participar de certames públicos.
Apesar das denúncias, Marquinhos manteve a licitação, firmou o contrato e até começou a pagar os contratos.
Inicialmente, a assessoria informou que não será gasto o montante previsto no contrato, R$ 50,1 milhões. Depois, que as máquinas seriam usadas na manutenção e recuperação de vias sem pavimentação.
Com a decisão, o TCE sinalizou que poderá retomar o espírito combativo, que marcou e deu trabalho a Bernal.
Já a Câmara Municipal, que também já foi mais atuante, segue em silêncio diante dos atos do prefeito.
Nenhum vereador achou estranho a contratação de sete empresas por R$ 19,5 milhões sem licitação para realizar a operação tapa-buraco no início do ano. Também não ficaram curiosos com o termo aditivo nos sete contratos, que elevou o gasto para R$ 25 milhões, quatro meses após a assinatura.
Enquanto a cidade sofre com os buracos, a crise financeira, a falta de médicos e remédios nos postos, os vereadores vivem como se todos os cidadãos ganhassem R$ 15 mil por mês e ainda tivessem ajuda de custo de R$ 16,8 mil.
Infelizmente, a regalia é restrita aos parlamentares municipais.