O cargo de delegado da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul não é um sonho apenas dos meros mortais. Na acirrada disputa por uma das 30 vagas, estão inscritos um deputado federal, ex-secretário municipal de Campo Grande e a filha de um ex-governador de Estado.
A aprovação garante estabilidade no emprego e subsídio inicial de R$ 14.978,26 por mês, o que significa 15 salários mínimos por mês. Contudo, o valor pode chegar a R$ 40,7 mil, no caso de atingir a classe especial e estar no topo da carreira. Só para se ter dimensão, o valor é 34% superior ao subsídio do governador, de R$ 30,4 mil.
Estes são os principais fatores da concorrência de 325 candidatos por vaga neste ano. De acordo com a Secretaria Estadual de Administração e Desburocratização, são 9.760 inscritos para as 30 vagas.
A advogada Denise Puccinelli, funcionária do Ministério Público Estadual e filha do ex-governador André Puccinelli (PMDB), está inscrita para fazer a prova no domingo. Ela até tentou obter a isenção da taxa de inscrição, mas teve o pedido negado porque não preencheu o campos obrigatórios.
Por lei, o candidato tem direito a isenção se for doador de sangue e medula óssea ou estiver desempregado. Muitos foram obrigados a entrar na Justiça para não pagar a taxa de inscrição, porque a lei não estava sendo obedecida pela comissão organizadora do concurso.
Graças a reabertura do prazo de inscrição e da liminar concedida ao Ministério Público Estadual, que ampliou o limite de idade, o advogado Wilton Edgar Acosta, 46 anos, conseguiu fazer a inscrição. Ele foi candidato a vereador pelo PP no ano passado em Campo Grande, onde obteve 1,6 mil votos, assessor da prefeitura e secretário municipal da Juventude na gestão de Alcides Bernal (PP).
Outro que chegou a sonhar com a carreira de delegado foi o deputado federal Elizeu Dionizio (PSDB). Ele foi vereador de Campo Grande e ficou como primeiro suplente na Câmara dos Deputados, já que conseguiu 39 mil votos na eleição de 2014.
Como pode perder a vaga se o titular, o atual secretário estadual de Fazenda, Márcio Monteiro, voltar ao cargo, Dionizio está apostando em um cargo estável e efetivo. Ele até poderia continuar na política, como é o caso do prefeito de Bataguassu, Pedro Caravina, que obteve 58% dos votos no ano passado.
Dionizio explica que se inscreveu para o cargo como qualquer cidadão, já que tem formação (Direito) e queria participar da seleção. No entanto, devido a compromissos oficiais, ele não fará a prova no domingo. O deputado participará da reunião do Mercosul, segunda-feira de manhã em Montevidéu, Uruguai, onde discutirá a entrada da Bolívia e a saída da Venezuela no grupo comercial.
Muitos candidatos de outros estados vão disputar as vagas, como é o caso do petista e pregoeiro da Prefeitura de Colorado, Pedro Serafim Espasso.
No total, as 210 vagas do concurso da Polícia Civil tiveram 38.262 inscritos – 182 por vaga.