A Buriti Comércio de Carnes, de Anastácio, acusada de emitir R$ 12,9 milhões em notas frias para esquentar a propina paga pela JBS, doou R$ 946.890,00 para a campanha a governador de Reinaldo Azambuja em 2014. Os dados constam da prestação de contas entregues pelo tucano à Justiça Eleitoral.
Conforme o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a Buriti fez cinco repasses para Reinaldo, sendo que dois foram depósitos em espécie. De acordo com a informação da coordenação da campanha, o frigorífico fez o depósito de R$ 400 mil em espécie. O restante foi transferência eletrônica.
A empresa não é a única envolvida no escândalo que financiou a vitória do atual governador. A JBS, autora da denúncia de pagamento de propina em troca de incentivos fiscais de aproximadamente R$ 1 bilhão, repassou R$ 10,5 milhões.
Conforma a delação dos empresários Joesley e Wesley Batista, homologada pelo Supremo Tribunal Federal, dos R$ 38,4 milhões pagos em propinas, um terço, ou seja, R$ 12,9 milhões, foi pago por meio de notas falsas emitidas pela Buriti.
Levantamento feito pela Superintendência Regional de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, as notas apresentadas pela empresa são frias. Auditoria do órgão federal constatou que as 1,6 mil toneladas informadas nas notas pela empresa não foram entregues na unidade do grupo empresarial localizada em Campo Grande.
A informação foi veiculada ontem pelo jornal Midiamax e no sábado pelo Jornal Nacional, da TV Globo. Além do frigorífico de Anastácio, os auditores informaram que 140 os bois “vendidos” pelo secretário estadual de Fazenda, Márcio Monteiro, também não foram entregues. Ele tinha emitido R$ 333 mil em notas falsas.
A situação da Buriti é mais complexa, porque o diretor da empresa, Eduardo Chramosta, 37 anos, morreu em misterioso acidente automobilístico dois dias após a delação da JBS vir a público. A caminhonete saiu da pista e capotou na BR-262, em Terenos. Perícia teria constatado que não houve fratura no corpo e o condutor morreu de asfixia, ao inalar areia e água.
Em entrevista ao Midiamax, o dono do frigorífico, Paulo Chramosta, nega as irregularidades. “A JBS é a empresa mais nociva do país”, atacou. “Nossas notas fiscais são verdadeiras, não existe nota fria”, garantiu.
O caso será investigado pela Polícia Federal e julgado pelo Superior Tribunal de Justiça. Se aceitar a denúncia, o governador pode ser afastado por 180 dias do cargo. O maior risco é Reinaldo ser afastado às vésperas das eleições de 2018, quando pretende disputar a reeleição.
Contudo, ele tem a seu favor a “pressa” do Judiciário em apurar o mega escândalo. Desde a homologação da delação pelo ministro Edson Fachin, do STF, já se passaram dois meses, e não houve nem a designação do ministro para acompanhar o caso no STJ.
Assim caminha a ação contra a corrupção no Brasil, com a sensação de que uma tartaruga é que anda muito rápido.