Há exatamente um mês, a Prefeitura de Campo Grande prometeu resolver o atraso do uniforme nas férias de julho. No entanto, os estudantes retornaram às aulas no segundo semestre e ainda não foram entregues 40 mil camisetas, ou seja, 40% das crianças não receberam o uniforme apesar do contrato milionário, sem licitação e 81% mais caro.
O negócio começou mal e não deve acabar bem. Marquinhos Trad (PSD) acertou contratar a Reverson Ferraz da Silva, da pequena cidade de Cerquilho (SP),que tinha capital social de R$ 150 mil em março deste ano.
Contratada a preço de ouro, empresa atrasa entrega de uniformes
É um mistério como a secretária municipal de Educação, Ilza Mateus, encontrou a empresa no interior paulista. O pior é que a licitação foi feita pela Prefeitura da Estância Turística de Embu das Artes (SP), cujo prefeito, Ney Santos (PRB), foi preso pela Polícia Federal por ter ligação com o PCC.
O contrato foi firmado em 20 de março deste ano a peso de ouro. Trad propôs pagar R$ 7,876 milhões. O valor é 81% maior que o desembolsado por Alcides Bernal (PP) no ano passado.
No entanto, a Reverson não deu conta do recado. Em quatro meses, a empresa ainda não entregou 40 mil das 110 mil camisetas para os estudantes de 8 a 14 anos. Na quinta-feira, em entrevista ao Campo Grande News, Marquinhos admitiu o atraso.
No dia 26 de junho, O Jacaré revelou que os uniformes não tinham sido entregues. A Semed prometeu que o lote restante chegaria nos próximos dias. É a mesma desculpa dada na quinta-feira pelo prefeito, que não puniu a empresa. Limitou-se a suspender o pagamento.
De acordo com o secretário municipal de Finanças, Pedro Pedrossian Neto, já foram pagos 71% dos R$ 7,786 milhões. Com os R$ 5,3 milhões embolsados do município, a Reverson já elevou o capital social para R$ 1,2 milhão e até mudou de cidade, agora está instalada em outra cidade pequena, Boituva.
Também mudou de nome, não é mais Reverson. De acordo com o Campo Grande News, agora, a empresa é Revemtex Indústria e Comércio. Ou seja, o contrato com Marquinhos ajudou a empresa a crescer e mudar de nome, mas as crianças continuam sem o uniforme.
A única certeza nesta história, é que, enquanto uns ficam ricos com a verba milionária da educação sem qualquer punição, os estudantes continuam sendo prejudicados.