Os professores aceitaram a proposta de reajuste salarial de 7,64% em duas parcelas e vão encerrar a greve iniciada nesta terça-feira, no retorno das aulas. Com a decisão, o Governo enfraquece a mobilização dos demais servidores por greve geral e deve impor a correção de 2,94% aos demais servidores a partir de outubro deste ano.
A Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação) aprovou, há pouco, a proposta feita pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Ele propôs concede reajuste de 4,7% em setembro e de 2,94% em dezembro deste ano.
O tucano assumiu o compromisso de integralizar 72,16% do piso nacional para a jornada de 20 horas, como está prevista na lei estadual aprovada em 2015, em outubro de 2018. No último mês do atual mandato, repetindo a estratégia do antecessor, Andre Puccinelli (PMDB), ele prometeu elevar o salário para 82,53% do piso.
Para os administrativos, o Governo sinalizou com a criação de uma comissão para estudar as reivindicações.
Com a decisão, os professores encerram a paralisação iniciada ontem e que teve adesão de 100% nesta terça-feira, conforme balanço divulgado pela entidade durante a reunião dos dirigentes. Cerca de 300 mil estudantes ficaram sem aulas nesta quarta-feira.
A decisão do magistério, a categoria com 25 mil profissionais e mais mobilizada, enfraquece o Fórum dos Servidores Públicos Estaduais, que tentava deflagrar greve geral no funcionalismo. Eles são contra o reajuste de 2,94% em outubro.
Desde a posse de Azambuja, os 75 mil servidores não tiveram reajuste salarial e acumulam defasagem de 20% nos salários. Eles só tiveram abono de R$ 100 a R$ 250 no ano passado, que acabou sendo mantido até dezembro de 2018.
Acusado de cobrar propina de R$ 38,4 milhões, conforme delação da JBS,o tucano tem sentido o gosto amargo da impopularidade. Na manhã de hoje, ele foi vaiado durante a solenidade de abertura da loja do Fort Atacadista na Avenida Coronel Antonino, na saída para Cuiabá.
Durante o discurso, ele condenou a criminalização da política. Na sua avaliação, ele é o trigo e está sendo queimado junto com o joio, recorrendo a parábola bíblica de Jesus, em que só se separasse os bons dos maus na colheita.
A situação de Azambuja é complicadíssima. Além de não ter dinheiro para conceder reajuste, ele ainda pode ser citado em uma segunda delação premiada, a do doleiro Lúcio Funaro, operador do PMDB.
Nesta quarta-feira, ele oficializou o afastamento do secretário estadual de Fazenda, Márcio Monteiro, que sai de férias por 30 dias. Ele também negou que o afastamento para descanso tenha relação com a denúncia feita pelo MPE, de que Monteiro concedeu benefícios fiscais ilegais para uma empresa de Dourados.
No entanto, duas coincidências indicam que o presidente regional do PSDB pode não voltar ao cargo. As férias ocorreram logo após a publicação da denúncia pelo O Jacaré e pelo jornal Midiamax.
E, depois, geralmente o chefe do fisco, pela importância da pasta, dificilmente, tira férias de 30 dias ininterruptos.