A crise política brasileira parece longe do fim. De oito delações que podem abalar ainda mais a política brasileira, pelo menos três devem atingir políticos de Mato Grosso do Sul. As novas bombas devem colocar novos personagens da política estadual no lamaçal dos escândalos e implodir de vez a última esperança dos enrolados em disputar as eleições de 2018.
Até o momento, a Operação Lava Jato e a delação da JBS chamuscaram a imagem de três grandes lideranças políticas: o ex-governador André Puccinelli (PMDB), o deputado federal Zeca do PT e o governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
Uma das grandes promessas da política estadual, Delcídio do Amaral, que chegou a ser líder do Governo Dilma Rousseff (PT) e sempre era nome certo entre os cotados para o ministério, virou pó ao ser preso em flagrante tentando comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró.
Puccinelli e Zeca do PT ainda são citados na delação da Odebrecht. O peemedebista é acusado de cobrar propina de R$ 2,3 milhões para pagar R$ 23 milhões à empreiteira. O petista é acusado de cobrar propina de R$ 400 mil para a campanha de Delcídio.
A Operação Lama Asfáltica esfarelou o prestígio político de Edson Giroto, que de secretário de Obras de Campo Grande chegou ao cargo de secretário executivo do Ministério dos Transportes, o segundo na hierarquia da pasta. Até a 4ª fase da operação, a Policia Federal chegou a apontar o desvio de R$ 200 milhões e conseguiu colocar tornozeleira em Puccinelli por uma semana.
A Lava Jato ameaça surrupiar o mandato de deputado federal de Vander Loubet (PT), que se tornou réu por suposta propina de R$ 1,028 milhão desviados da BR Distribuidora. Ele ainda é citado na delação da Odebrecht por R$ 50 mil.
Reinaldo e André são citados na delação da JBS. O tucano teria cobrado R$ 38,4 milhões em propinas. O ex-governador é acusado de levar R$ 112,4 milhões. Eles serão investigados em inquérito aberto pelo Superior Tribunal de Justiça, apesar dos esforços do governador em evitar a abertura do inquérito.
Zeca será alvo de novo inquérito no STF por receber R$ 3 milhões em 2010, quando disputou o Governo.
No entanto, esses políticos vão levar mais um tempo para dormir o sono dos justos. O empresário Eike Batista, que circulava com desenvoltura pela cúpula política no Estado, acerta os últimos detalhes da delação premiada.
Ele deve citar políticos sul-mato-grossenses se for honesto na delação.O ex-bilionário sempre foi citado como porto seguro de alguns cabeças coroadas e ex-poderosos da política pantaneira.
Lúcio Funaro, o doleiro do PMDB e do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), já antecipou dois nomes sul-mato-grossenses no cardápio da delação: Delcídio e Reinaldo Azambuja.
Eduardo Cunha, amigo de Carlos Marun (PMDB), ficou chateado com o fim do mensalão de R$ 500 mil da JBS e decidiu abrir o bico. Ele não se conforma de ter sido abandonado pelo presidente Michel Temer (PMDB) e decidiu delatar todo mundo, numa lista que deve começar com 70 parlamentares.
As outras delações devem abalar Brasília, mas, a princípio, não devem envolver políticos do Estado, como a de Leo Pinheiro, da OAS, de Marcos Valério, condenado a 37 anos no Mensalão do PT, de Fernando Cavendish, da Delta Engenharia, de Renato Duque, ex-diretor da Petrobras, e do ex-ministro Antônio Palocci.
Novas revelações de supostos esquemas de corrupção prometem enterrar de vez o prestígio de quem ainda sonhava em chegar com ares de favorito nas eleições de 2018.
Na política regional, o ditado pode ser traduzido para o seguinte: antes da abertura das urnas em 2018, muita denúncia de corrupção vai ser jogada no ventilador.
O resultado do pleito vai seguir a risco de que a urna é uma caixinha de surpresas, que voltará a desafiar as modernas “pesquisas do Ibope”.