Embora não tenha dinheiro para garantir serviços essenciais, como o policiamento na fronteira e a emissão de passaportes, o presidente da República Michel Temer (PMDB) torrou uma fortuna para ganhar o apoio dos deputados federais . Antes mesmo da denúncia ser analisada pelo plenário, ele já começou a apresentar a conta para a sociedade brasileira. A primeira medida foi o aumento nos tributos sobre os combustíveis.
As contas do Governo federal deveriam fechar com déficit de R$ 139 bilhões neste ano. No entanto, como a prioridade é outra no momento, impedir que o Supremo Tribunal Federal investigue o presidente por corrupção e cobrança de propina (R$ 500 mil por semana durante 25 anos), os brasileiros ficaram sem os serviços e ainda vão pagar a conta.
O peemedebista nem se importa mais com o discurso de que não aumentaria impostos. O importante é manter o seu grupo de investigados com foro privilegiado e com o poder total em Brasília.
Um dos deputados sul-mato-grossenses que “venderam” o apoio foi o evangélico e fiel da Assembleia de Deus Missões, Elizeu Dionizio (PSDB). Ele chegou a assinar o pedido de impeachment de Temer, que definiu como integrante de quadrilha em vídeo gravado logo após a divulgação da delação da JBS.
Dionizio mudou de opinião em troca da liberação de R$ 2,6 milhões em emendas. O valor é irrisório diante de os R$ 15 bilhões gastos por Temer para comprar apoio no Congresso Nacional e evitar a investigação.
Nesta sexta-feira, o Diário Oficial trouxe o decreto de Temer dobrando o valor do PIS/Cofins cobrado sobre a gasolina. O impacto será de R$ 0,41 por litro.
A alegria do campo-grandense, que fez fila para abastecer a R$ 2,99 ou a R$ 2,80, não durou uma frente fria. Antes mesmo de chegar às refinarias, o aumento já fez o preço da gasolina disparar na Capital. Em alguns postos, o litro já custa R$ 3,799.
Nos próximos dias, o preço médio da gasolina na Capital deve subir mais de 10% considerando-se o levantamento da ANP (Agência Nacional de Petróleo), de R$ 3,27 para R$ 3,68.
O preço deve subir mais, porque os empresários sempre aproveitam os aumentos para por fim às promoções e fazer o cálculo do aumento em cima dos valores “reais”. Ou seja, o menor valor pode chegar a R$ 3,70 na cidade, enquanto o maior ficar próximo de R$ 4.
A situação ficará mais dramática para os donos de postos na fronteira com o Paraguai. Em Ponta Porã, o litro da gasolina custa R$ 3,60, enquanto do outro lado da linha internacional sai por R$ 2,61.
Com o aumento promovido por Temer, o litro na fronteira custará até R$ 4,26 no lado brasileiro, enquanto em Pedro Juan Caballero sairá por R$ 2,61. Ou seja, para abastecer um tanque de 50 litros, o consumidor vai economizar R$ 82.
O alto preço no Brasil e o dólar baixo no Paraguai deverá causar uma onda de falência de postos de gasolina nos municípios de fronteira.
Não é a toa que a economia paraguaia cresce 6% e a brasileira enfrenta recessão.