Com uma denúncia sem fim de denúncias de corrupção, os políticos brasileiros começam a definir a estratégia para conquistar a opinião pública nas eleições de 2018. A principal estratégia é excluir a palavra “partido” das novas legendas. A outra é apostar no dinheiro mesmo e na articulação política, mesmo que seja com encrencado em várias denúncias de corrupção.
O primeiro movimento começou com a ex-senadora Marina Silva. Após passar iniciar carreira no PT, disputar a presidência pelo PV e PSB, ela criou a Rede Sustentabilidade. Em Mato Grosso do Sul, o principal expoente é o vereador Eduardo Romero, que também já passou pelo PV e PTdoB.
Dois vereadores foram eleitos por partidos que aderiram a moda. A Enfermeira Cida Amaral se elegeu pelo PTN, que agora se chama Podemos. A sigla trocou de nome após 20 anos e aposta na tendência mundial.
O Podemos se tornou opção aos partidos tradicionais na Espanha, que enfrenta a mais grave econômica da sua história. O desemprego supera 20% em alguns segmentos. No Estado, Cláudio Sertão, empresário, assumiu a sigla de olho no Governo do Estado, principalmente, quando os principais nomes a disposição do eleitor estão na defensiva depois das operações de combate à corrupção.
Em nível nacional, o Podemos aposta no senador Álvaro Dias, que fez carreira no PSDB e depois se filiou ao PV. Romário, famoso como jogador e apagado politicamente, tenta ressuscitar como candidato a governador do estado do Rio de Janeiro, praticamente falido.
O Pastor Jeremias Flores é o principal representante do Avante, partido que surge no lugar do PTdoB. A sigla ainda está a caça de uma liderança nacional, feita nos velhos moldes, para ser apresentado ao eleitor.
A ex-prefeita de São Paulo, Luiza Erundina, depois de se firmar politicamente pelo PT, estava no PSB e articula o lançamento do Raiz, sigla inspirada no movimento grego.
Mas há os que apostam nos partidos tradicionais. A deputada Tereza Cristina Corrêa da Costa, líder do PSB, está de malas prontas para ingressar em novo partido até setembro, quando abre a janela partidária.
Ela está em dúvida entre o PMDB, do presidente Michel Temer, enrolado em um punhado de denúncias de corrupção, cobrança de propina e uso do cargo para obter vantagens, e o DEM, do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, outro investigado nas delações da Odebrecht.
Como ainda tem prazo, a pecuarista deverá esperar a primavera chegar para ver quem é o presidente para se decidir. Tereza aposta no esquema tradicional, poder político e dinheiro para se reeleger. Em 2014, com o apoio do então governador André Puccinelli (PMDB), ela fez a campanha mais cara do Estado para conquistar o primeiro mandato.
Definido e feliz está o deputado Carlos Marun (PMDB), que só ganhou fama e lidera as sondagens para a Câmara dos Deputados. É, para espanto da sociedade, ele só conquistou fãs ao ser o defender intransigente de Eduardo Cunha, condenado a 15 anos em uma das dezenas de ações por corrupção, e de Michel Temer, acusado de cobrar R$ 500 mil em propina semanal pelo período de 25 anos da JBS.
O PMDB só tem um problema na eleição estadual: o ex-governador André Puccinelli é ainda o principal nome, apesar das ações por corrupção.
O ex-governador Zeca do PT segue firme no projeto de disputar o Senado. Ontem, o presidente regional do PT comemorou uma boa notícia em meio ao inferno astral que vive ao ser acusado de ser pioneiro na cobrança de propina na delação da JBS.
O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, arquivou, em meados de junho, o pedido de investigação contra Zeca e o sobrinho, o deputado federal Vander Loubet (PT), com base nas delações do marqueteiro João Santana e sua esposa, Mônica Moura. Zeca já considera o prenuncia de novas decisões favoráveis, já que é citado nas delações da Odebrecht e da JBS.
O PSDB é outro que segue firme na proposta de ampliar o espaço em 2018, apesar do presidente licenciado da sigla, Aécio Neves, ter sido gravado cobrando propina e defendendo a obstrução da Operação Lava Jato.
Oficialmente, nem a denúncia da suposta propina de R$ 38,4 milhões pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) mudou os planos dos tucanos no Estado, que continuam sem plano B na disputa do Governo.
Com a crise nos principais nomes da esquerda, o PDT sonha em assumir o protagonismo que sempre deixou com o PT. Quieto, o partido sonha com nomes que são do PT e com a candidatura do juiz federal Odilon de Oliveira, que se aposenta em setembro.
A salada partidária e os argumentos vão deixar o eleitor ainda mais confuso sobre quem, de fato, ainda não se sujou com a sistêmica corrupção que surrupia a integridade dos políticos brasileiros.