Mato Grosso do Sul vive a mais grave crise da sua história, com atrasos nos repasses para a saúde, o que quase causou o fechamento de leitos de UTI Neonatal, e redução dos investimentos em educação, que levaram ao fechamento do centro de idiomas na Capital. Apesar do corte em serviços essenciais, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) mantém investimentos milionários em propaganda.
A crise não passa longe apenas do marketing para garantir a aprovação da administração estadual, com a imagem abalada pelas denúncias de corrupção. As empresas investigadas na Operação Máquinas de Lama, como ficou conhecida a 4ª fase da Operação Lama Asfáltica, continuam contempladas com repasses milionários.
O governador tucano decidiu repassar a crise integralmente aos 75 mil funcionários estaduais, sem reajuste desde janeiro de 2015, que só deverão ter reajuste de 2,94% em outubro deste ano.
Serviços essenciais estão na berlinda porque não fazem parte das prioridades. Só para a Capital, conforme o Correio do Estado, o Governo deixou de repassar R$ 19 milhões ao Fundo Municipal de Saúde, causando o agravamento do caos nos hospitais e no atendimento em geral da rede pública.
Na quarta-feira, a Maternidade Cândido Mariano ameaçou fechar os 10 leitos de UTI Neonatal por falta de repasse do Governo estadual. As unidades foram inauguradas há dois anos por Reinaldo Azambuja, que prometia nunca deixar o setor desamparado.
A situação é tão crítica, que mesmo com as 10 unidades funcionando, foi registrada a morte de um dos gêmeos prematuros por falta de vaga no setor de tratamento intensivo na Capital. Após a ameaça se tornar pública, o secretário estadual de Saúde, Nelson Tavares, correu para o hospital e prometeu normalizar o repasse nos próximos dias.
Em alguns casos, a chantagem não funciona. O Centro Estadual de Línguas, instalado no Bairro Amambaí, será desativado e deixará de oferecer cursos gratuitos de línguas estrangeiras, como inglês,francês, espanhol e alemão para aproximadamente mil estudantes.
Não se engane ao pensar que a crise é falta de dinheiro. De janeiro até hoje, o Governo destinou R$ 12,6 milhões em publicidade e propaganda. O objetivo é manter o apoio da opinião pública, enquanto serviços essenciais sofrem com a “crise”.
Nesta sexta-feira, o Governo encerrou os trabalhos do comitê criado para acompanhar a Lama Asfáltica, que funcionou por mais de um ano e não apresentou resultado.
Em maio deste ano, algumas empresas foram alvos de cumprimento de mandado de busca e apreensão da Polícia Federal. Apesar da suspeita, elas receberam R$ 69,1 milhões do Governo só neste ano e apenas contabilizando o dinheiro já liberado.
O maior pagamento foi feito a Digix (DigithoBrasil), que ficou com R$ 40,1 milhões. A H2L Soluções recebeu R$ 14,4 milhões e HBR Medical, R$ 14,5 milhões. Ou seja não faltou dinheiro para as três empresas, que recebera juntas três vezes o valor que não foi repassado para a saúde de Campo Grande.
Reinaldo Azambuja atualizou o ditado popular: “aos amigos tudo, aos inimigos, a lei”. Agora, ele pode ser traduzido da seguinte forma: “aos amigos a bonança, ao povo, a crise”.