Com o mandato nas mãos do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), investigado por cobrar R$ 38,4 milhões em propinas para conceder incentivos a JBS, o deputado federal Elizeu Dionizio (PSDB) revelou que é novato na política, mas tem muitas semelhanças com os antigos. Suplente que ganhou o mandato como Pedro Chaves (PSC) e evangélico como o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB), preso e condenado a 15 anos por corrupção, ele decidiu ignorar o apelo popular e votar para salvar o presidente Michel Temer (PMDB).De acordo com o placar do Mapa Afasta Temer, o sul-mato-grossense se juntou ao boquirroto Carlos Marun (PMDB) para defender o presidente na Comissão de Constituição e Justiça. São 22 votos contra a abertura de investigação pelo Supremo Tribunal Federal.
Segundo o placar, 21 deputados vão votar a favor da investigação e 23 ainda estão indeciso.
Dionizio não pode alegar falta de evidências. Não é preciso ler uma das 60 páginas da denúncia de corrupção passiva feita pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot, para se ter certeza de que Temer ouviu o dono da JBS, Joesley Batista, contar como mantém o silêncio de Cunha, o mais corrupto dos políticos e só condenado agora, apesar de estar envolvido em denúncias desde 1992.
Além disso, a JBS paga R$ 500 mil em dinheiro vivo, levado em uma mala pelo assessor do presidente, o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB). O vídeo foi transmitido por todos os canais de televisão do mundo, não apenas pela odiada TV Globo, agora chamada de golpista por governistas e oposicionistas.
Não há evidências de que apenas existe um presidente acusado de corrupção no Planalto, mas denúncias e provas de que lá se instalou uma quadrilha. Dois assessores diretos de Temer foram presos pela Polícia Federal.
Dionízio está em situação pior que a de Pedro Chaves, que herdou o mandato com a cassação de Delcídio do Amaral. O senador ignorou o apelo popular e salvou Aécio Neves (PSDB), flagrado cobrando propina de R$ 2 milhões e denunciado ao STF quase dez vezes.
O deputado obteve votos para ser o primeiro suplente. O dono do mandato é Márcio Monteiro, que se licenciou para assumir a Secretaria Estadual de Fazenda. Ou seja, ele deve o mandato ao governador Reinaldo Azambuja, que se encontra na mesma situação de Temer.
O deputado tucano fez carreira meteórica graças ao voto evangélico. Ou seja, ele não está preocupado em combater a corrupção, porque considera que isso não deverá pesar na decisão dos pastores e líderes de igrejas evangélicas na hora de apoiá-lo. Outros valores deverão pesar nas eleições de 2018 a ponto da indignação atual da população não fazer nem poeira na consciência de Elizeu Dionízio.
O pai do deputado, o pastor Antônio Dionizio, uma das principais lideranças da Assembleia de Deus Missões, foi o principal cabo eleitoral do filho. Qual será o discurso do pastor diante dos fieis para justificar a defesa de corruptos pelo deputado, que agora se coloca na lama da corrupção que assola o Brasil.
O mais lamentável é que até o principal aliado de Temer, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), trata a queda do presidente como inevitável. O peemedebista pode se safar desta denúncia, mas deverá enfrentar mais duas.
A segunda será acusada de obstrução da Justiça com a compra do silêncio de Cunha e do doleiro Lúcio Funaro, presos por crimes identificados na Operação Lava Jato. Os dois já confirmaram a denúncia em prévia das delações que correm para fechar com o MPF.
A terceira será ainda mais grave, a de que Temer lidera uma organização criminosa.
Assim como Pedro Chaves e Carlos Marun, Dionízio e o pai, da Assembleia de Deus Missões, não estão preocupados em combater a roubalheira. Eles apostam que no frigir dos ovos, o povo brasileiro, sempre tão indignado com a corrupção, não vai se importar em reconduzir os corruptos e seus defensores de volta ao púlpito da política em 2019.
No plenário da Câmara, o placar na bancada federal sul-mato-grossense está quatro votos contra a corrupção e a favor da investigação de Temer: Dagoberto Nogueira (PDT), Tereza Cristina (PSB), Vander Loubet e Zeca do PT.
Três votam pela continuidade da organização criminosa de Temer no comando do Planalto: Dionizio, Marun e Geraldo Resende (PSDB).
O deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM) está em dúvida, entre ser contra ou conivente com a roubalheira que assola o País.
Acompanhe por aqui o voto dos deputados sobre o pedido para investigar Michel Temer