A Prefeitura Municipal de Campo Grande registrou aumento no consumo de energia elétrica após a substituição de 4.267 luminárias em setembro do ano passado. Conforme documentos obtidos com exclusividade pelO Jacaré, o gasto com a iluminação pública não teve redução após o polêmico contrato entre o município e a empresa mineira Solar Distribuição e Transmissão.
Os documentos mostram que não houve a redução propagada pelo prefeito Marquinhos Trad (PSD), que defende o cumprimento do contrato firmado pelo antecessor, Alcides Bernal (PP), e a utilização das 16,2 mil luminárias estocadas no pátio da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos.
O MPE (Ministério Público Estadual) ingressou com ação para anular o contrato no valor de R$ 33 milhões, firmado por Bernal com a empresa em agosto do ano passado, no calor da campanha eleitoral. O progressista não realizou licitação e aderiu à ata do certame realizado pela Associação dos Municípios do Médio São Francisco, no norte de Minas Gerais.
Ele firmou o contrato de R$ 33 milhões, sendo que a prefeitura já pagou R$ 20,5 milhões por 20.367 lâmpadas de LED. No entanto, em guerra com o então prefeito, a Câmara dos Vereadores, presidida por João Rocha (PSDB), pediu e o Tribunal de Contas do Estado suspendeu a troca de lâmpadas.
No final do mês passado, a corte fiscal fez sessão reservada e aprovou, por unanimidade, o relatório do conselheiro Ronaldo Chadid, que recomendou a suspensão do contrato. O MPE pede o ressarcimento do dinheiro pago e a devolução das lâmpadas.
Marquinhos decidiu defender o cumprimento do contrato e chegou a divulgar que houve redução no consumo de energia.
No entanto, O Jacaré obteve a conta da iluminação pública de Campo Grande, o código 159, em que mostra aumento no consumo de luz. A Energisa apontou o gasto de 5,717 milhões de Kwh de luz em junho deste ano, contra 5,639 milhões de Kwh no mesmo mês de 2016.
Incluindo o reajuste da conta de luz em abril deste ano, o valor pago pela prefeitura subiu 14,7%, de R$ 1.850.814,20 para R$ 2.123.457,05. Se observar todos os últimos 12 meses, o gráfico mostra que não houve redução, mas aumento no consumo de energia pelos postes da iluminação pública.
Em geral, a média de consumo diário de luz na Capital passou de 181.906,52 para 184.448,52 kilowatts.
No ano passado, durante a guerra contra os vereadores, a empresa chegou a publicar informa publicitário de que era multinacional espanhola e investiria R$ 20 milhões na implantação de fábrica de LED na cidade.
No entanto, a companhia é de Montes Claros (MG) e foi criada em 21 de março de 2005 por Rodrigo José da Silva. Ele se prontificou a responder as perguntas na sexta-feira passada, mas não retornou até esta quarta-feira.
Bernal nega qualquer irregularidade e defende o contrato, porque representou economia aos cofres municipais e causará redução no consumo de energia elétrica.
Marquinhos também recorreu para manter o contrato. Ele alegou que os produtos podem se deteriorar ao ficarem estocados.
Nesta quarta-feira, a Justiça realiza audiência de conciliação sobre o pedido do MPE. Após as notícias de que a empresa deu calote na cidade, ao não pagar um advogado e a locação de um prédio, o promotor Marcos Alex pediu o bloqueio de R$ 20,5 milhões para garantir o ressarcimento do município, que desembolsou este valor em setembro do ano passado.
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