Dos oito deputados federais de Mato Grosso do Sul, só três condenam de forma veemente e defendem a investigação das denúncias de cobrança de propina e corrupção praticadas pelo presidente da República, Michel Temer (PMDB). Além do notório Carlos Marun (PMDB), que fecha os olhos para as evidências quando o caso envolve os amigos, quatro deputados acabam sendo coniventes com o escândalo.
A batalha de Temer na Câmara dos Deputados é para impedir o julgamento da denúncia feita pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot. Ao contrário da tese divulgada pelos governistas, a peça encaminhada ao Supremo tem 60 páginas e se baseia em provas produzidas na delação da JBS, em gravações ambientais feitas pelos delatores, em interceptações telefônicas e ações controladas feitas pela Polícia Federal.
Temer ainda é citado nas delações da Odebrecht, como a cobrança de R$ 10 milhões em jantar realizado no Palácio Jaburu, residência oficial da vice-presidência. Há o pagamento de reforma da casa da filha do presidente por um coronel amigo.
Contudo, a gravidade das denúncias só causa indignação nos deputados de oposição do Estado: Dagoberto Nogueira (PDT), Zeca do PT e Vander Loubet (PT). Segundo levantamento do jornal Folha de S.Paulo, divulgado neste domingo, eles integram o grupo de 130 deputados que vão votar a favor da investigação do presidente.
Após defender Eduardo Cunha (PMDB) como uma mãe o filho bandido, Marun faz parte dos 45 deputados contra a denúncia. Eles acham que foi armação de Joesley Batista, o empresário que tinha acesso direto ao presidente pela garagem na calada da noite, apesar de ser reconhecido como bandido pelos aliados do peemedebista.
Geraldo Resende (PSDB) faz parte do grupo de 112 deputados indecisos. É daquela turma a espera de boquinha e dinheiro para decidir o voto. Ou seja, dependendo do que Temer oferecer, vão votar sem ficar vermelho pela rejeição da denúncia.
Acusado de desviar recursos na saúde de Campo Grande, Luiz Henrique Mandetta (DEM) e outros 56 deputados não vão se pronunciar. O democrata aposta que a histeria coletiva contra a corrupção não chega a campanha eleitoral de 2018, na qual almeja sonhos mais altos, como a vaga de senador ou até mesmo governador.
Outros 168 parlamentares, segundo o jornal paulista, não responderam. Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias (PSB) já sinalizou ser favorável ao rejeitar manobra do partido para aprovar o pedido contra Temer na Comissão de Constituição e Justiça.
Elizeu Dionizio (PSDB) assinou um dos 25 pedidos de impeachment contra Temer, mas o seu partido mantém apoio ao presidente em troca de cargos no governo. Parece que a indignação do tucano foi perdendo força com o andar da carruagem.
A postura da bancada sul-mato-grossense é lamentável, porque a corrupção é o grande mal do País. O Rio de Janeiro afundou-se em dívidas e ficou sem dinheiro até para pagar salários dos funcionários após ser comandado por uma quadrilha. Os cariocas enfrentam hoje o que os brasileiros podem viver amanhã se Temer obtiver o aval para manter os esquemas.
Enquanto avalizam as práticas nada republicanas do presidente, os deputados federais acabam aceitando as propostas de colocar a conta nas costas do povo, como é o caso da proposta de congelar os gastos públicos por 20 anos.
O déficit na previdência também vai sobrar para os trabalhadores mais pobres e para a famosa classe média. Homens e mulheres, que não fazem parte da casta privilegiada, vão contribuir com a previdência por 40 anos para ter direito à aposentadoria integral.
E esta proposta é a do momento, porque se a atual equipe continuar no poder, a conta vai ficar mais salgada no futuro, é só anotar e esperar.
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